Raquel Lopes / Folhapress
Ao menos 221 pessoas foram presas ou detidas por suspeita de envolvimento em incêndios criminosos. Os números se referem a ações das polícias ligadas aos governos estaduais de dez unidades da federação.
As queimadas têm se intensificado pelo país desde agosto. Governantes de diferentes esferas apontaram motivações criminosas para o fogo que atingiu grandes áreas verdes em várias localidades.
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A Folha de S.Paulo questionou todos os governos das unidades da federação e também colheu informações na Polícias Civil. Dez enviaram respostas: São Paulo, Distrito Federal, Rondônia, Pará, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Paraná.
O MapBiomas divulgou, em 12 de setembro, os dados mais recentes do Monitor do Fogo. Neste ano, a área queimada no país atingiu 11,39 milhões de hectares, um aumento de 116% em relação a 2023. Só o mês de agosto representou 49% da área queimada no Brasil, e a expectativa é de que em setembro os registros sejam ainda piores.
Os estados mais atingidos foram Mato Grosso (17.169 km²), Pará (9.194 km²) e Mato Grosso do Sul (6.282 km²), ainda de acordo com esse levantamento. No Mato Grosso houve 20 prisões, e no Pará, quatro. Mato Grosso do Sul não respondeu.
Outro destaque de incêndios foi São Paulo, de acordo com o Monitor do Fogo. Foram 3.704 km² queimados no estado no último mês.
Em São Paulo, 26 pessoas foram detidas sob suspeita de causarem incêndios, segundo informações oficiais. Desses, 16 permanecem presos, enquanto 9 passaram por audiência de custódia e deverão responder aos crimes em liberdade. O outro homem está sendo investigado.
O caso mais recente ocorreu na cidade de São José do Rio Pardo, no interior do estado, na quinta-feira (19). Um homem de 44 anos foi preso em flagrante após atear fogo em um terreno. Ele foi encaminhado à Cadeia Pública de Casa Branca (SP).
No Distrito Federal, um incêndio no Parque Nacional de Brasília devastou na última semana uma enorme área verde. O fogo no local também conhecido como parque da Água Mineral começou no dia 15 e se espalhou rapidamente. A capital federal ficou coberta de fumaça e aulas chegaram a ser suspensas.
Não há informações sobre prisões relacionadas ao incêndio. O governo do DF afirma que a atribuição é da Polícia Federal porque o parque é federal.
Segundo a Polícia Civil do DF, oito pessoas foram presas em diferentes ocorrências na capital federal. Foram apreendidos aparelhos celulares, um computador e garrafas com líquidos que passarão por perícia.
Em Goiás, um homem de 29 anos afirmou à polícia que teria recebido R$ 300 para incendiar a propriedade de um desafeto político de quem o contratou. Ele foi detido no mês passado ao tentar colocar fogo em uma fazenda.
O estado registrou 31 prisões de pessoas acusadas de provocar incêndios em áreas de mata ou floresta, segundo dados do Observatório da Secretaria de Segurança Pública de Goiás.
Minas Gerais teve o maior número de presos ou detidos entre aqueles que responderam à reportagem. A Polícia Militar mineira afirma que 76 pessoas foram levadas a delegacias por ocorrências relacionadas a incêndios em áreas florestais.
Na sequência, em número de registros, aparece Rondônia, com 42 presos ou detidos. A Folha de S.Paulo mostrou, no início do mês, que o ar na capital Porto Velho passa por níveis perigosos para se respirar por causa da fumaça de incêndios, e aviões zanzam no céu sem possibilidade de pouso seguro.
Já a Polícia Civil do Rio de Janeiro identificou 34 autores de incêndios criminosos no estado e prendeu cinco pessoas. Na quarta-feira (18), um homem de 61 anos foi flagrado em vídeo ateando fogo na área de proteção ambiental da Serra da Beleza, à margem da rodovia RJ-143.
Policiais também identificaram um adolescente que admitiu ter causado um incêndio que devastou grandes áreas de vegetação nos distritos de Pedro do Rio e Secretário. O Espírito Santo teve oito prisões.
No Paraná, a Polícia Civil prendeu no dia 11 um homem suspeito de atear fogo em vegetação em um terreno baldio em Cascavel, no oeste do estado. Foi o único registro neste estado do Sul.
Desde o início de agosto, o Brasil teve ao menos 10,1 milhões de pessoas diretamente afetadas pelos efeitos dos incêndios florestais, segundo estimativa da CNM (Confederação Nacional dos Municípios).
O presidente Lula (PT) afirmou, no dia 17, que o Brasil não estava preparado para enfrentar as queimadas que atingem diferentes regiões do país. O petista ainda sugeriu que os focos de incêndio podem ser decorrentes de ações orquestradas, embora não haja detalhes de investigações que apontem para isso. Lula disse sentir um oportunismo de alguns setores para tentar criar confusão no país.
Na noite de sexta (20), o governo publicou dois decretos para criar novas multas por incêndios florestais e flexibilizar repasses para prevenção e combate a queimadas em locais que estejam em situação de calamidade ou emergência.
PRESOS OU DETIDOS POR SUSPEITA DE INCÊNDIO EM ÁREA DE MATA
- Não responderam: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina e Tocantins.
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