Alagoano que levou tiro de fuzil chora ao votar em Taboão da Serra; ele concorre à reeleição

Publicado em 27/10/2024, às 16h35
Divulgação -

TNH1 com Maurício Meirelles/Folhapress

O prefeito de Taboão da Serra, o alagoano José Aprígio da Silva (Podemos), que concorre à reeleição, votou na tarde deste domingo (27) na Escola Estadual Domingos Mignoni, menos de um dia depois de ter recebido alta do hospital.

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O candidato estava internado desde o dia 18, quando sofreu um atentado e foi atingido no ombro por um tiro de fuzil, que furou a blindagem do carro em que ele estava.

Chorando muito, Aprígio chegou ao local de votação às 12h46, escoltado por quatro carros da PM e, além dos aliados, foi recebido pelas quatro filhas, os genros e os netos. Ele foi colocado em uma cadeira de rodas para ir à seção eleitoral.

"É muito constrangedor, muito constrangedor", disse ele, num momento em que conseguiu se recompor e falar com a imprensa.

Aprígio relatou sentir dor no lado esquerdo da clavícula, região na qual foi operado na sexta-feira (25) para retirar fragmentos de projéteis que estavam alojados em seu corpo. O candidato afastou a camisa e mostrou os curativos aos jornalistas presentes.

"Não é fácil sofrer um tiro de fuzil. Pelo amor de Deus, gente, que brutalidade", falou ele, antes de começar a chorar outra vez.

Por pouco Aprígio não consegue comparecer para votar. O prefeito de Taboão recebeu alta só na noite deste sábado (27), um dia depois da última cirurgia.

"Exames de imagem indicaram a presença de fragmentos metálicos e um hematoma significativo na área do peito, sendo necessária a cirurgia para identificar e corrigir a fonte de sangramento, remover os fragmentos e drenar o hematoma", disse sua assessoria em nota enviada à imprensa.

De acordo com o comunicado, o procedimento foi realizado na mão esquerda e na região da clavícula esquerda e foi bem-sucedido, mas outros fragmentos que ainda estão em seu corpo não puderam ser retirados até o momento.

Aprígio enfrenta uma eleição difícil, depois de ter ficado com 25% dos votos no primeiro turno. O rival dele, candidato Engenheiro Daniel (União Brasil), teve o apoio de quase 49% dos eleitores —e ficou a cerca de 1.500 votos de vencer na primeira rodada.

Daniel também votou nesta manhã, na escola Antônio Inácio Maciel, que fica a menos de um quilômetro de onde o rival vota.

"Estou confiante na vitória. A votação expressiva que tivemos no primeiro turno nos leva a acreditar que o taboanense quer mudança", afirmou Daniel, descartando que o atentado possa influenciar de forma significativa a decisão dos eleitores. "A Justiça está trabalhando arduamente para solucionar o caso."

Não é a primeira vez que Aprígio e Daniel se enfrentam numa eleição. Em 2020, eles também disputaram o segundo turno —mas quem venceu foi o atual prefeito, com meros 1.700 votos a mais que o rival.

Um levantamento da Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) indica um recorde de casos de violência política nas eleições deste ano. De julho a setembro, foram pelo menos 338 casos.

Episódios assim não são novidade em Taboão, que já viu pelo menos três casos do tipo desde 2021, lista que inclui, além do ataque a Aprígio, o assassinato de um assessor da prefeitura.

Na quinta-feira, a Polícia Civil disse que identificou quatro suspeitos de participarem do atentado contra Aprígio, três deles diretamente envolvidos no ataque. Um deles, Gilmar de Jesus Santos, foi preso; os outros dois, Jefferson Ferreira de Souza e um não identificado, são procurados.

Há um mandado de prisão contra um quarto suspeito, sobre quem a polícia não divulgou detalhes.
 

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