Agentes da PRF ficaram desesperados após atirarem em carro de família no RJ, diz tia de vítima

Publicado em 26/12/2024, às 13h15
Agentes da PRF ficaram desesperados após atirarem em carro de família no RJ, diz tia de vítima - Reprodução / TV Globo

Yuri Eiras / Folhapress

Agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) envolvidos na ação que baleou Juliana Leite Rangel, 26, deixando-a em estado gravíssimo, no Rio de Janeiro, ficaram desesperados e demoraram a prestar socorro, afirmam familiares.

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Juliana estava dentro do carro com outros quatro familiares quando o automóvel foi atingido por disparos vindos, segundo relatos, de agentes da PRF. O caso aconteceu na noite de terça-feira (24), véspera de Natal, na BR-040, a rodovia Washington Luís, na altura de Duque de Caxias (24 km do Rio de Janeiro).

Juliana segue internada no CTI (Centro de Terapia Intensivo) do hospital municipal Adão Pereira Nunes, entubada e em quadro gravíssimo, segundo boletim divulgado na manhã desta quinta (26) pela prefeitura de Duque de Caxias.

Tia de Juliana, Valéria Rangel esteve no local momentos depois dos tiros. O irmão Alexandre, pai de Juliana, ligou pedindo ajuda.

Valéria afirma que o socorro da PRF só aconteceu depois que policiais militares pararam no local da ocorrência - achavam que era um roubo de carga, segundo testemunhas - e pediram que os agentes rodoviários federais levassem Juliana ao hospital mais próximo.

"Se não fossem esses PMs, ela teria falecido no local. Eles a colocaram dentro do carro, na contramão, e socorreram minha sobrinha. Um dos agentes começou a dar socos no chão, dizendo que fez besteira, uma mulher [agente da PRF] também. Eles não tomaram atitude", afirma Valéria.

O hospital Adão Pereira Nunes afirmou que Juliana deu entrada às 21h12, levada pelos policiais rodoviários federais. A PRF disse em nota divulgada na quarta-feira que presta assistência à família.

A Procuradoria do Rio de Janeiro abriu investigação criminal para apurar a conduta dos agentes. Procuradores pediram à PRF informações sobre a eventual assistência prestada pelos agentes. Querem saber, por exemplo, se os policiais rodoviários demoraram a socorrê-la.

Juliana estava no banco traseiro do carro, ao lado do irmão adolescente e da namorada dele. Na frente, o pai, Alexandre Rangel, 53, dirigia o veículo com a esposa no carona.

Ainda no local, Alexandre contou a jornalistas que viu a viatura da PRF e acionou a seta à direita para dar passagem. O carro foi atingido por trás. O vidro traseiro ficou com ao menos três furos aparentes. Juliana foi baleada no crânio e Alexandre na mão esquerda.

"Meu sobrinho adolescente e a namoradinha estão em estado de choque. Minha cunhada e meu irmão não conseguem comer."

Alexandre trabalha como mecânico e Juliana é agente municipal de saúde. A família mora em Belford Roxo, município da Baixada Fluminense, e estava a caminho de Itaipu, região de Niterói, para visitar uma das irmãs de Juliana.

"A gente chega no local e vê os policiais bem alinhados, com o uniforme bonito, mas sem preparo nenhum", afirma a tia da vítima.

A Polícia Federal investiga o caso. Os três agentes da PRF foram afastados temporariamente das atividades operacionais e tiveram as armas recolhidas. Eles prestaram depoimento à PF, assim como os familiares, ainda na quarta (25).

O Ministério Público Federal quer a identificação dos policiais rodoviários e o recolhimento das viaturas com total preservação do seu estado. Pede ainda acesso à apuração interna da PRF e ao estado de saúde de Juliana, independentemente dos boletins médicos divulgados publicamente.

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