Redação
As brasileiras Agatha Rippel e Bárbara Seixas conseguiram o que parecia impossível: derrotar a lenda americana Kerri Walsh Jennings e sua parceira April Ross para garantir mais uma medalha para o Brasil e uma vaga na final feminina do vôlei de praia ao vencer por 2 sets a 0. Walsh - tricampeã Olímpica em Atenas 2004, Pequim 2008 e Londres 2012 - nunca tinha perdido uma partida de torneio Olímpico até os Jogos Rio 2016.
LEIA TAMBÉM
Foi uma vitória da união entre estratégia e controle mental. Um dos pontos-chave foi não se deixar intimidar pelo histórico vitorioso de Walsh. “Se a gente entrasse nesse favoritismo já começava perdendo. Ia criar um monstro do outro lado", explicou Bárbara. “Pensamos: vamos focar no nosso, que é o mais importante. Só assim a gente teria uma chance de ganhar das meninas.” E assim aconteceu.
A serenidade e o foco, segundo a atleta, são resultados de um trabalho psicológico que vem sendo feito com profissionais desde 2013. Segundo Agatha, foi muito útil para encontrar maneiras de controlar a ansiedade ao longo do dia em uma competição com jogos no horário noturno.
O outro ponto-chave foi a atitude em quadra, a estratégia. “A gente planejou exatamente o que a gente fez que era sacar na Walsh. Aí colocamos em prática a nossa tática de jogo de acordo com cada saque”, revela Ágatha. “Fomos felizes porque dificultamos a vida dela (Walsh) várias vezes. Nosso saque entrou e em muitos momentos ela não conseguiu passar bem. Isso facilitou nosso sistema defensivo”, avaliou.
Walsh admitiu que não rendeu o necessário para sair com uma vitória. “Da minha parte tive um desempenho muito pobre nos momentos fundamentais do jogo e você não ganha uma partida contra um time incrível ou contra um time mediocre se você passa do jeito que passei. Isso nos colocou em um buraco desde o começo do jogo. Não desistimos, mas não tivemos espaço.”
Ross não quis deixar a responsabilidade pela derrota apenas para a companheira. “Também poderia fazer muito mais”, admitiu. Para a jogadora, a dupla em momento nenhum conseguiu controlar o jogo. "Não conseguimos tê-lo em nossas mãos e fazer o que queríamos. Isso é que é o difícil de engolir. E elas jogaram muito bem”, avaliou a americana.
No primeiro set, Ágatha e Bárbara mantiveram o jogo sempre equilibrado, com a liderança definida ponto a ponto. Chegaram a ter set point com 20 a 19, mas as americanas empataram. Depois veio um 21 a 20, e aí as brasileiras conseguiram fechar em 22 a 20.
No segundo set, as brasileiras entraram mais confiantes, e as americanas, mais pressionadas. O jogo continuou com certo equilíbrio, mas com as brasileiras conseguindo abrir vantagens de dois pontos em alguns momentos, o que fazia a torcida se incendiar.
Walsh, é verdade, não estava em seu dia mais inspirado, mas não o suficiente para tirar o mérito de Bárbara e Agatha, excepcionais no ataque e no bloqueio e conseguindo defesas em momentos importantes. Fecharam com o placar de 21 a 18 e estão na decisão Olímpica contra as alemãs Laura Ludwig e Kira Walkenhorst. Elas derrotaram as brasileiras Larissa e Talita, que vão disputar a medalha de bronze e podem, com uma vitória sobre as americanas, garantir ma dobradinha brasileira no pódio.
A disputa da medalha de ouro será nesta quarta-feira (17), às 23h59, na Arena de Vôlei de Praia, em Copacabana.
LEIA MAIS
Time Brasil na Paralimpíada bate recordes históricos em número de medalhas Alegria é a marca da cerimônia de encerramento da Paralimpíada do Rio Balanço dos jogos Brasil não atinge meta, mas conquista maior número de medalhas em Paralimpíadas Ciclista iraniano morre após sofrer grave acidente nos Jogos Paralímpicos