'A vida dele valeu R$ 7', diz esposa de mototaxista morto por PM em PE

Publicado em 02/12/2024, às 17h26
'A vida dele valeu R$ 7', diz esposa de mototaxista morto por PM em PE - Reprodução / WhatsApp

Eduarda Esteves e Herculano Barreto Filho / Folhapress

A esposa do mototaxista Thiago Fernandes Bezerra, 23, morto por um policial militar à paisana neste domingo (1º) em Camaragibe (PE), no Grande Recife, afirmou que o marido foi morto por causa de R$ 7.

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"A vida dele valeu R$ 7", declarou Débora em entrevista à TV Guararapes, nesta segunda-feira (2). Ela relatou que Thiago foi baleado e morto pelo PM por causa de uma discussão sobre o valor da corrida, que teria custado R$ 7. ''Thiago era um menino sonhador, era um menino que tinha planos, não tinha maldade com ninguém. A vida dele valeu R$ 7", lamentou.

"Eu imaginava que ele pudesse perder a vida de diversas formas, mas por um policial, que é pago para proteger a gente? Como uma pessoa sem controle emocional a ponto de tirar a vida do outro por conta de R$ 7 passa na polícia?", questionou.

A esposa disse que tentou telefonar para Thiago após ele não voltar para casa. "Ele largava às 15h. Mas deu 15h50 e ele não chegou. Eu comecei a ligar perguntando 'tu tá onde?', mas como ele era Uber moto ele não mexia no celular, aí eu deduzi que ele estaria fazendo uma corrida, mas ele já estava morto e eu não sabia. Aí fui para a casa de uma amiga minha esperar ele lá, aí me ligaram e me deram a notícia. Não imaginei que a vida dele fosse ser tirada de uma forma tão cruel, tão medíocre".

CRIME FOI GRAVADO POR CÂMERAS - O crime foi registrado por câmeras de segurança. Discussão começa quando o PM desce da garupa da moto. Em seguida, o sargento Venilson Cândido da Silva, 50, abre a carteira, aparentando que faria o pagamento pelo transporte. Ele então fala algo ao mototaxista Thiago Fernandes Bezerra, que também desembarca do veículo. As imagens mostram que ambos começam a discutir.

PM saca a arma e atira. Instantes antes do disparo, ele pega o celular do bolso. Em meio à discussão, o mototaxista dá um tapa na mão do PM, que saca a arma e dá alguns passos para trás antes de abrir fogo contra a vítima, que cai.

PM coloca o revólver na cintura e se afasta. Em seguida, tira o capacete usado na corrida e o coloca próximo ao mototaxista antes de fugir.

Em fuga, o policial foi espancado por moradores e levado a um hospital após o crime, segundo a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco. O crime motivou um protesto organizado por moradores, que interditaram o trânsito e atearam fogo em pneus.

A Polícia Civil pernambucana prendeu o PM em flagrante pelo assassinato do mototaxista. A PM apreendeu o revólver calibre 38 usado no crime e abrirá processo administrativo que poderá resultar na sua expulsão da corporação.

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