A ilha das árvores perdidas

Publicado em 08/09/2023, às 07h45

Luan Paz

Imagem de WangXiNa no Freepik

Hoje a postagem vai sair um pouco das dicas e curiosidades sobre plantas e vamos explorar o livro “A Ilha das Árvores Perdidas” da renomada autora Elif Shafak, lançado no Brasil em 2022 pela TAG e, posteriormente pela Harper Collins Brasil, em 2023. Se você se lembra da postagem sobre a figueira detetive então vai amar esse livro. É um dos melhores livros que eu já li na minha vida, está no meu top-5! Então prepare-se para uma viagem literária que nos levará a um oásis de beleza, exuberância e reflexão sobre a relação entre homem e natureza.

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Elif Shafak nos presenteia com uma obra que é muito mais do que uma simples história, ela é um convite para mergulhar em um mundo onde a paisagem desempenha um papel fundamental. Se você é apaixonado por plantas e paisagens, vai se encantar com a forma como a autora descreve cada detalhe do misterioso Chipre, a ilha onde a trama se desenrola, e tem como uma das principais personagens uma figueira, isso mesmo, a árvore é um personagem central da história.

A história começa com Ada tentando entender suas origens logo após o funeral de sua mãe e acaba visitando a figueira sob a qual seus pais se encontraram. A árvore, que sobreviveu à guerra civil cipriota, é a única ligação de Ada com a sua ancestralidade. O livro se divide em duas narrativas. A primeira narrativa acompanha a história de Ada, enquanto ela tenta descobrir mais sobre seus pais e sua herança, enquanto a segunda é contada pela própria árvore, que narra a sua história e a história do Chipre.

A árvore é uma narradora perspicaz e nos oferece uma visão única da guerra civil do Chipre. Ela nos conta sobre a violência e a destruição, mas também sobre a esperança e a resistência. O livro é uma história de amor, perda, pertencimento e identidade. É também sobre a importância da memória e da preservação da história.

A Ilha das Árvores Perdidas nos leva a questionar nossa própria relação com o meio ambiente. Shafak nos faz lembrar que a natureza é mais do que um cenário pitoresco, ela é fundamental para nossa sobrevivência e bem-estar e a sua narrativa é uma celebração da natureza, do poder transformador da paisagem e da importância de preservar a beleza do mundo natural.

É uma leitura obrigatória para todos os amantes da literatura e das plantas. É uma obra que nos faz refletir sobre a nossa relação com a natureza, enquanto nos envolve em uma história cativante e nos presenteia com uma paisagem única. Nos lembra que, a conexão com a natureza é um tesouro que não podemos dar ao luxo de perder. Portanto, mergulhe nesta história e deixe-se levar pela magia da Ilha das Árvores Perdidas. Garanto que você não ficará desapontado! E não esqueça de mandar sua opinião sobre o livro, o que achou e o que mais te surpreendeu pelo instagram @primavera.paisagismo ou nos comentários.

Os imigrantes de primeira geração falam com as árvores deles o tempo todo — quando não há
outras pessoas por perto, é claro. Confiam em nós, descrevendo-nos os sonhos e aspirações,
incluindo os que deixaram para trás, como tufos de lã presos em arame farpado ao atravessar
cercas. Mas, na maioria das vezes, simplesmente desfrutam da nossa companhia, conversando
conosco como se fôssemos amigos de longa data que não viam há muito tempo. Eles são
cuidadosos e carinhosos com as plantas, em especial com aquelas que trouxeram consigo da terra
natal que abandonaram. Eles sabem, no fundo, que quando se salva uma figueira de uma tempestade,
é a memória de alguém que você está salvando.

Shafak, E. A ilha das árvores perdidas. Rio de Janeiro: HarperCollins Brasil, 2023.

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