Redação EdiCase
Um levantamento realizado em conjunto pelo Mercado Livre e Mercado Pago, envolvendo mais de 27 mil entrevistados, revelou que 85% dos brasileiros vão aproveitar a Black Friday deste ano, que acontece no dia 29 de novembro. Cerca de 70% planejam as compras antes, enquanto 30% aproveitam as ofertas de última hora.
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Em relação aos gastos, 25% dos entrevistados pretendem desembolsar mais de R$ 2 mil. Já 27% devem gastar entre R$ 1 mil e R$ 2 mil. Segundo a pesquisa, 54% dos consumidores pretendem usar cartão de crédito para pagar suas compras, com 32% optando por parcelamentos em até 3 vezes.
Um estudo da Criteo revelou que, no primeiro trimestre de 2023, as ofertas levaram 84% dos brasileiros a fazerem compras online não planejadas. Já um levantamento da Serasa apontou que 7 em cada 10 brasileiros admitem comprar por impulso e se arrepender em seguida. “Promoções ‘imperdíveis’, como na Black Friday, criam um senso de urgência que pode anular nossos processos racionais de tomada de decisão”, afirma a psicóloga e psicanalista Deborah Klajnman.
Uma pesquisa conduzida pelo SPC Brasil/CNDL mostrou que 35% das compras parceladas são feitas por impulso e que, em geral, os brasileiros comprometem cerca de 7,3% de uma renda média mensal de R$ 2.701,35. “E, assim como as emoções podem impulsionar gastos excessivos e/ou impensados, as dívidas também podem afetar negativamente a saúde mental”, alerta a psiquiatra geral Danielle H. Admoni.
Conforme a pesquisa SPC Brasil/CNDL, dentre os brasileiros com contas em atraso há pelo menos três meses, 82% sofreram algum impacto na saúde mental. Destes, 66% relataram alterações no sono, 60% menos vontade de sair e socializar com outras pessoas e 51% alterações no apetite. Além disso, um percentual relevante admite que desconta a ansiedade no vício como cigarro, comida ou álcool (37%).
“Por isso, compreender os gatilhos psicológicos por trás dos gastos excessivos é fundamental para desenvolver hábitos financeiros saudáveis e, consequentemente, manter o equilíbrio emocional”, pontua o psicólogo e psicanalista Maico Costa.
O consumo desenfreado é uma realidade presente na vida de muitos, impulsionado por fatores que vão além da necessidade prática. Entender estas motivações é essencial para lidar com os impulsos de gastar mais do que o necessário:
Um dos motivos mais comuns para o consumo excessivo é o gasto emocional. Segundo Deborah Klajnmam, as compras tornam-se um mecanismo para lidar com estresse, ansiedade ou outras emoções negativas. “Por exemplo, após um dia estressante no trabalho, é fácil ser atraído pelas vitrines virtuais e, em poucos cliques, adquirir algo sem avaliar se é necessário ou financeiramente viável”, reflete.
A busca pela gratificação instantânea também contribui para esse comportamento. “Nosso cérebro prefere recompensas imediatas a benefícios futuros, o que dificulta resistir às compras impulsivas. Apesar de oferecer um alívio momentâneo, essa ‘terapia’ pode trazer consequências financeiras significativas no longo prazo”, avalia Danielle Admoni.
A comparação social, intensificada pelas redes sociais, é outro grande gatilho para gastar mais do que o necessário. Para Maico Costa, estamos constantemente expostos a imagens idealizadas de estilos de vida que podem gerar uma sensação de inadequação, o que nos leva a adquirir produtos não por necessidade, mas para manter uma imagem ou status.
“Por exemplo, o desejo de ter a versão mais nova do seu celular pode ser motivado por essa comparação, criando um ciclo de gastos excessivos na tentativa de igualar ou superar os outros. Essa busca por pertencimento frequentemente sacrifica tempo, saúde e conexão social em troca de uma satisfação efêmera”, completa.
O marketing é especialmente habilidoso em criar necessidades artificiais, explorando nossas inseguranças e aspirações. Somos levados a acreditar que determinados produtos são essenciais para alcançar felicidade, sucesso ou aceitação social.
Segundo Deborah Klajnmam, essa estratégia gera um ciclo de consumo contínuo, baseado na promessa de que a próxima compra irá melhorar nossas vidas. “Contudo, muitas vezes percebemos que a compra foi motivada pela oportunidade, e não por uma necessidade real”.
Confira estratégias práticas para superar os gastos excessivos e recuperar o controle financeiro:
Em vez de usar compras para lidar com o estresse, busque alternativas, como caminhar, meditar ou conversar com amigos. Isso ajuda a abordar a raiz das emoções sem recorrer ao consumo.
Maico Costa ensina: “Estabeleça um ‘período de espera’ de 24 a 48 horas antes de realizar compras não essenciais. Esse intervalo permite avaliar se o item realmente é necessário e está alinhado aos seus objetivos”.
A psiquiatra Danielle Admoni orienta: “Registre suas compras, juntamente com suas emoções antes, durante e após o ato. Essa autorreflexão ajuda a identificar padrões e gatilhos emocionais que levam ao consumo”.
De acordo com Deborah Klajnmam, ao invés de enxergar o orçamento como algo restritivo, use-o para alinhar seus gastos com suas prioridades, como viagens, educação ou segurança financeira. “Isso reduz a tentação de compras que não se ajustam às suas metas”.
Se o crédito é um gatilho para gastos excessivos, experimente usar apenas cartões de débito ou dinheiro por um tempo. Isso pode ajudar a controlar melhor suas despesas.
Objetivos concretos, como economizar para a compra de uma casa, criar um fundo de emergência ou planejar a aposentadoria, ajudam a colocar suas decisões financeiras em perspectiva.
“Superar os hábitos de consumo excessivo é um processo gradual que exige paciência e organização. Ao implementar essas estratégias e refletir sobre seus gatilhos emocionais, você pode transformar seu relacionamento com o dinheiro e construir um futuro financeiro mais estável e consciente”, finaliza Danielle Admoni.
Por Flávia Vargas
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