Redação
LEIA TAMBÉM
Faça um teste: entre na sua conta do Instagram e procure pela hashtag gratidão (com e sem acento). O resultado ultrapassa a marca de 11 milhões de postagens com a legenda. Em inglês, #gratitude alcança pouco mais de 8 milhões de imagens. Tente efetuar a busca também em redes como o Facebook e Twitter para ter uma noção ainda maior da magnitude que o agradecimento do momento tomou.
Quase sempre seguida pelo emoji das mãozinhas unidas, a hashtag gratidão reúne uma legião de usuários e também haters, que de tanto verem a palavra ser usada de forma indiscriminada, acabam por ter uma verdadeira aversão por esse tipo de postagem – seria você um deles?
Agora, seja você um simpatizante ou não, o mais recente bordão do bem utilizado nas redes sociais mostra uma nova proposta de comunicação, direcionada a agradecer não a alguém específico como quando se diz “obrigado”, mas sim enaltecer que a vida vale a pena. No entanto, é preciso saber usá-lo para não cair no modismo e banalizar um termo tão profundo.
De acordo com a diretora de comunicação da Sociedade Budista do Brasil, Anna Azambuja, dizer somente “obrigado” pode sim denotar obrigação ou algo semelhante. “Gratidão se aproxima mais do sentido que ‘obrigado’ tem”, diz Anna.
No budismo, considera-se gratidão como uma qualidade saudável, e que deve ser cultivada na mente do indivíduo, assim como amizade amorosa, compaixão e mudita (o contrário da inveja).
Para o publicitário André Carvalhal, durante seus cursos de autoconhecimento descobriu muitas tribos que possuíam linguagens próprias. Dentre elas, observou que as pessoas que utilizavam a palavra “gratidão” eram as mais conectadas em termos de energia, transparecendo um sentido muito mais forte que simplesmente “obrigado”.
A lógica é simples: quanto mais você agradece, mais recebe para agradecer. Caso você esteja realmente expressando a sua gratidão de forma sincera, e não simplesmente como palavras ao vento.
Sempre que você for agraciado pelo universo com alguma conquista, perpetue essa boa vibração, levando o bem a outras pessoas e seres vivos. Não precisa ter nada a ver com dinheiro, basta tirar um tempo do seu dia para doar sangue, dar banho em animais de canil, visitar um lar de idosos ou até mesmo separar roupas e brinquedos para entregar para doação.
Se o tempo é curto, fazer elogios sinceros e ser uma pessoa melhor também será capaz de fortalecer a sua relação com o cosmos. Dessa forma, você deixa de ser apenas o beneficiado, para fazer parte de toda uma engrenagem de boas ações, doação e retorno.
É comprovado cientificamente que exercitar o agradecimento é também exercitar a área do cérebro responsável por promover sensações de bem-estar e prazer ao ser humano. Quando nosso cérebro identifica que algo realmente deu certo e que estamos nos sentindo gratos por isso, há a liberação de dopamina – neurotransmissor responsável pelo aumento da sensação de prazer e felicidade.
Como consequência, podemos concluir que as pessoas que sinceramente manifestam sua gratidão podem ter padrões mais elevados em termos de emoções positivas, vitalidade, satisfação e otimismo.
Ainda que ostentar férias paradisíacas, corpos cuidadosamente esculpidos – por exercícios ou bisturis – e banquetes de celebridade, usar a hashtag gratidão é uma forma que muitas pessoas encontram para expor suas conquistas de forma menos arrogante e vaidosa.
Com a palavra, há uma chance muito maior de você não ser alvo de críticas nos comentários ou ser invejado pelo outro. Seus efeitos promovem uma espécie de minimização da culpa por estar se sentindo bem.
No entanto, cuidado, pois as consequências benéficas fazem sentido até um certo ponto. Com a popularidade dessa hashtag, seu verdadeiro sentido pode ter sido banalizado. Então se você a utiliza por modismo e não adota a legenda para a sua vida, pode ter certeza que hora ou outra vai virar alvo de chacota.
LEIA MAIS