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Pouso de emergência em Natal: quais os riscos das turbulências?

João Victor Souza* | 02/07/24 - 09h11
Pexels

A turbulência em um voo internacional com 325 passageiros provocou um pouso de emergência no Brasil e ao menos 30 pessoas ficaram feridas nessa segunda-feira (1º). O avião saiu de Madri, na Espanha, com destino a Montevidéu, no Uruguai, mas a viagem foi interrompida em Natal, capital do Rio Grande do Norte. 

Segundo a Zurich Airport, a maioria dos feridos foi levada para o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, informou a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Rio Grande do Norte. Cerca de 15 ambulâncias atenderam a ocorrência.

A Air Europa, que operou o voo, informou que passageiros sofreram lesões de diversos graus, mas não detalhou. Imagens mostram que a aeronave ficou danificada e chapas se soltaram do teto.

Um passageiro do avião foi parar entre o bagageiro e o teto da aeronave. O vídeo que mostra o homem sendo retirado do local foi postado na rede X (antigo Twitter).  

O que é turbulência?  A turbulência é o impacto no avião causado quando correntes de ar instáveis aparecem de forma imprevista. Embora geralmente sejam associadas a tempestades fortes, as turbulências em ar puro são as mais perigosas porque não deixam sinal visível no céu. Elas se formam devido à tesoura de vento, ou seja, quando duas massas de ar próximas se movimentam em velocidades e direções diferentes. Caso a discrepância seja grande, a atmosfera não consegue lidar com a pressão e cria até redemoinhos nas águas. Quantas pessoas foram feridas por turbulências? De acordo com o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB, sigla em inglês), as turbulências foram as causas de mais de um terço dos acidentes das companhias aéreas nos Estados Unidos, entre os períodos de 2009 e 2018.

A maioria teve uma ou mais vítimas com ferimentos graves. Mais de 160 passageiros e tripulantes feridos em voos com turbulência precisaram de tratamento hospitalar por pelo menos dois dias, de 2009 a 2022, ainda segundo dados do conselho. O grupo mais afetado foi o de comissárias de bordo, que precisam estar fora de seus assentos durante a viagem. "É comum turbulências que causam ferimentos leves, como um osso quebrado", afirma o cientista da Fundação Nacional de Ciências (NSF, sigla em inglês), Larry Cornman, que há muito tempo estuda esse assunto. "Mas as fatalidades são muito raras, especialmente em grandes aeronaves." Os pilotos podem evitar a turbulência? Para prevenir as turbulências, os pilotos podem usar diferentes métodos, como as informações do radar meteorológico e voar ao redor das tempestades.

Já naquelas situações que acontecem em céu limpo, os cuidados são diferentes. "O momento anterior à turbulência pode ser muito calmo e as pessoas são pegas de surpresa", diz o ex-piloto e consultor de segurança, Doug Moss. "Nessas situações, os controladores de tráfego aéreo avisam os pilotos depois que outro avião entra em turbulência no ar." As turbulências estão aumentando com as mudanças climáticas? Muitos especialistas observam um aumento no número de turbulências.

As mudanças climáticas são apontadas como umas das principais razões para a alta. "As alterações no clima podem afetar as correntes de ar e causar mais tesouras de vento, consequentemente trazendo mais turbulências," avalia o presidente do departamento de ciências da aviação aplicada da Universidade Aeronáutica Embry-Riddle em Daytona Beach (Erau, sigla em inglês), Thomas Guinn. Uma pesquisa feita pela equipe do professor da Universidade de Reading, Paul Williams, descobriu que houve um aumento de 55% na turbulência severa do ar livre do Atlântico Norte.

Em suas últimas projeções, os pesquisadores alertaram que a quantidade de turbulência severa pode triplicar nas próximas décadas, caso as condições climáticas continuem como estão. Para o cientista Larry Cornman, outro fator que explica o fenômeno é o aumento do tráfego aéreo global, especialmente em áreas com maior episódios de turbulência. Como os viajantes podem se manter seguros? O cinto de segurança é a maior prevenção contra as turbulências. A manutenção do cinto afivelado durante o voo é a primeira linha de defesa dos passageiros, especialmente nos casos em que a turbulência for imprevista.

*Com informações do Estadão Conteúdo