Um tipo de "ritual de bem-estar" tem chamado a atenção nas redes sociais. Apelidado por especialistas de "rituais de raiva", a nova tendência cobra para levar pessoas a uma floresta, onde podem gritar e quebrar coisas.
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Conheça os 'rituais de raiva'
Os chamados "rage rituals" ("rituais de raiva", na tradução livre) viralizaram nas redes sociais. Vídeos compartilhados no TikTok mostram mulheres no meio da floresta gritando e usando pedaços de madeira para atingir o chão.
Nesse tipo de ritual, os participantes são incentivados a pensar em experiências ruins e pessoas que já os prejudicaram para colocar o sentimento para fora. Depois de algumas respirações, os gritos primitivos e os movimentos agressivos começam.
Cerimônias como essa costumam ser realizadas em locais afastados, geralmente em florestas, para que os participantes possam fazer barulho sem medo de incomodar pessoas próximas.
O mais famoso desses "rituais de raiva" é promovido por Mia Banducci, autora e autodenominada "Fada Madrinha Espiritual", mais conhecida online como Mia Magik.
Banducci acumula 130 mil seguidores no seu Instagram, onde também compartilha vídeos dos rituais. Segundo o jornal USA Today, ela lidera esse tipo de cerimônia há anos e começou a praticá-los primeiro para si mesma.
Seus retiros de dias de duração, que incluem outras atividades além dos "rituais de raiva", podem variar entre US$ 2 mil e US$ 4 mil (R$ 7.345 e R$ 14.692). Ainda de acordo com a publicação norte-americana, a versão de um dia do ritual custa US$ 222 (R$ 815) por ingresso.
"Quando as pessoas fazem isso e se permitem liberar sua raiva, sua capacidade de alegria realmente se expande", disse Banducci ao USA Today. "Elas conseguem sentir mais felicidade e prazer e voltam para casa, para suas famílias, com mais gratidão, tranquilidade e paz", continuou.
Banducci, no entanto, não é a única pessoa que lidera eventos que prometem tratar a raiva. Segundo o The Independent, o grupo de bem-estar Secret Sanctuary está planejando uma "Cerimônia de Fúria Sagrada" em Alberta, Canadá, em julho. Já a autora e mística Jessica Ricchetti também está organizando um retiro "Fúria Secreta" para mulheres na Carolina do Norte, EUA, em junho.
De acordo com reportagem de 2020 do The Guardian, entre o número crescente de cursos e encontros que incentiva as pessoas a expressarem fúria está um chamado Dancing Eros, com sede em Melbourne, Austrália. O grupo encoraja pessoas a "se conectar com seus sentidos e permitir que as emoções aumentem e diminuam lentamente", mas afirma que estes não são acessos de raiva frenéticos — o que você expressa deve parecer saudável, não prejudicial.
Prática busca oferecer uma sensação de autoconexão e expressão de forma livre. Ainda assim, segundo a publicação britânica, especialistas observam que os "rituais de raiva" provavelmente não funcionarão para todos — e não substituem a terapia feita com psicólogos, por exemplo.
Apesar de dividir opiniões, esse tipo de ritual repercute especialmente entre mulheres. Nas redes sociais, é possível encontrar comentários sobre como é um alívio canalizar a raiva — especialmente em uma sociedade que desaprova as mulheres que abraçam as suas emoções.
Método é antigo -- e já foi adotado por famosos
Apesar de ter viralizado recentemente, prática é antiga. A terapia primal, que é uma das características dos "rituais de raiva", foi desenvolvida na década de 1970 pelo psicólogo Arthur Janov.
Pensada para liberar traumas reprimidos, a técnica foi adotada por celebridades como John Lennon, Yoko Ono, Kanye West e Steve Jobs. Todos gritaram a plenos pulmões para liberarem emoções negativas. Mas, apesar do sucesso entre os famosos, a terapia primal não chegou aos "meros mortais", talvez pela falta de evidências de que funciona.
Gritar realmente libera substâncias que aliviam o estresse, mas em excesso isso pode ser ruim. Se o recurso for empregado a todo instante, seu efeito será oposto. O excesso de neurotransmissores pode causar mais estresse, transtornos de ansiedade e depressão.
É importante lembrar também que o grito em si não é exatamente uma terapia, mas o alívio que algumas pessoas sentem ao berrar pode ser útil se unido a um programa de terapia mais amplo com um psicólogo.
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