'Nosso Mangue': manguezais são fonte de riquezas naturais, econômicas e sociais em Alagoas

Publicado em 05/03/2024, às 09h00
Welliton Soares/TV Pajuçara
Welliton Soares/TV Pajuçara

Por TNH1 com TV Pajuçara

Para além das praias do litoral alagoano que estão entre as mais procuradas do país e movimentam uma cadeia econômica essencial no estado, outra fonte de riqueza está enraizada no encontro da água salgada com a doce: o manguezal, um dos ecossistemas mais diversos do mundo. 

Na extensão dos 23 quilômetros da Lagoa Mundaú, o mangue toma conta do cenário do bairro do Pontal até Fernão Velho, e também às margens das cidades de Coqueiro Seco e Santa Luzia do Norte. 

Alexandre Oliveira, biólogo e coordenador do Laboratório de Pesquisas em Estuários e Manguezais, enfatiza sobre a importância desses ecossistemas. "O manguezal é um dos ambientes mais ricos em relação à biodiversidade e à quantidade de organismos. A gente tem várias espécies de peixes, várias espécies de crustáceos e de moluscos, que têm uma importância muito grande não só ecológica, mas uma importância econômica e social também", destaca o biólogo.

"O manguezal, como se localiza na costa dos países, consegue reter as ondas pesadas e mais fortes que acabam chegando no litoral e evita também a erosão, ou seja, a perda de território", continua Alexandre.  

O ecossistema do manguezal contribui para a contenção de carbono e influencia diretamente para evitar mudanças climáticas mais intensas, como o aumento da temperatura. Mas, segundo o projeto de Mapeamento Anual de Cobertura e Uso do Solo no Brasil, Alagoas perdeu, desde 2007, 14% da área de manguezal. Na cidade de Coqueiro Seco, por exemplo, há 10 anos uma área foi completamente devastada para a fabricação de carvão. 

Acabar com o mangue pode impactar uma série de problemas para o meio ambiente e para as pessoas. Relatos de pescadores da região contam que o manguezal de hoje já não é o mesmo de antes. "O caranguejo adentrava mesmo na lagoa, trocava de uma ilha para outra. Era muito caranguejo. E isso acabou. No passado também era muito peixe. A embarcação vinha lotada de peixe. Hoje a gente dá graças a Deus quando pega um, dois ou três para comer", diz o pescador Noel Filho. 

"Passando por fora, é um manguezal bonito, vistoso, mas quando você entra percebe realmente uma quantidade enorme de resíduos sólidos, de lixos, sacolas, isopor e isso afeta muito a parte ambiental em relação aos animais que precisam desse sedimento, precisam desse nutriente e acabam, muitas vezes, morrendo porque não têm um ambiente propício para que eles possam ter seu ciclo de vida, sobreviver e reproduzir", expõe o biólogo Alexandre Oliveira. 

Assista ao Episódio 1, da série de reportagens especiais "Nosso Mangue": 

A série de reportagens "Nosso Mangue" é um projeto inovador e multiplataforma, que reúne a TV Pajuçara, o TNH1 e a Rádio Pajuçara FM, e traz também um retrato do descaso e dos crimes ambientais na região de mangue no estado de Alagoas. A série conta com reportagem de Bruno Protasio, imagens de Welliton Soares, auxílio de José Santos, produção de Adriana Leite, edição de texto de Bruno Góes, edição de imagens de Luciano Aureliano e iniciativa do Pajuçara Social

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