Netanyahu recusa acordo de cessar-fogo que enfraqueça o país

Publicado em 17/03/2024, às 19h00
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense | Foto: Reprodução /RECORD
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense | Foto: Reprodução /RECORD

Por Agência Brasil

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse hoje (17) que recusará acordo de paz que torne Israel "fraco" perante os seus vizinhos do Oriente Médio. O premiê alemão, Olaf Scholz, pediu um “acordo sobre os reféns e um cessar-fogo duradouro" em Gaza.

"Se nos propuserem um acordo, uma via de paz que torne Israel fraco e incapaz de se defender, isso fará recuar a paz", declarou Netanyahu à imprensa, após encontro com Scholz.

O governante alemão defendeu a necessidade de “um acordo sobre os reféns e de um cessar-fogo duradouro". Ao afirmar que compreende "as famílias dos reféns, que dizem que chegou o momento de um acordo para salvar os cativos", o chanceler pediu maior flexibilidade do primeiro-ministro israelense para permitir a libertação dos 134 reféns que permanecem no enclave, muitos já mortos.

Scholz questionou o elevado número de vítimas civis e apelou a Netanyahu para que permita a entrada de mais ajuda no território. “Não podemos ficar parados vendo os palestinos correrem o risco de morrer de fome, não é isso que defendemos em conjunto", disse, depois de descrever como "legítimo" o objetivo de Israel de eliminar o Hamas para evitar um novo 7 de outubro, quando o movimento islâmico palestino lançou um ataque sem precedentes no Sul de Israel, matando cerca de 1.200 pessoas.

O chanceler alemão defendeu que Israel deve melhorar "urgente e maciçamente" a distribuição de alimentos e ajuda em Gaza, algo que os grupos humanitários têm afirmado há semanas e que só pode ser conseguido por terra se Israel concordar em abrir outros pontos de acesso à fronteira pelo Egito e a Jordânia.

"Mas, quanto mais tempo durar a guerra, quanto maior for o número de vítimas civis e quanto mais desesperadora for a situação da população de Gaza, mais se coloca a questão: por muito importante que seja o objetivo, será que justifica custos tão elevados ou será que existem outras soluções?”, perguntou.

Diante dos apelos, Netanyahu reafirmou que “Israel fará tudo o que estiver ao seu alcance para minimizar as vítimas civis e maximizar a entrega de ajuda".

Scholz reiterou também o apoio da Alemanha a uma solução de dois Estados para o período pós-guerra, uma solução recusada por Tel Aviv.

A guerra foi desencadeada pelo ataque do grupo islâmico Hamas em solo israelense, em 7 de outubro, que deixou cerca de 1.200 mortos e cerca de 250 reféns, segundo as autoridades de Israel. Em resposta, Israel lançou ofensiva militar contra a Faixa de Gaza que matou mais de 31.500 pessoas até hoje, segundo as autoridades do enclave governado pelo Hamas desde 2007.

Rafah - Na entrevista, Benjamin Netanyahu garantiu que Israel não lançará operação militar em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, enquanto a população estiver "encurralada".

"Não é algo que faremos deixando a população encurralada. Na verdade, faremos o contrário", afirmou o premiê, no momento em que a comunidade internacional tem advertido contra um ataque das forças israelenses na cidade, onde, segundo as Nações Unidas, estão deslocados quase 1,5 milhão de palestinos.

Após o encontro, no gabinete de Netanyahu em Jerusalém, Scholz opôs-se a uma invasão terrestre de Rafah, o último porto seguro na Faixa de Gaza. Segundo Israel, quatro batalhões do movimento islâmico Hamas ainda estão ativos na cidade, na fronteira com o Egito.

"Como se pode proteger mais de 1,5 milhão de pessoas? Para onde podem ir?", questionou o chanceler alemão, que manifestou relutância não só por uma questão de "lógica militar", mas sobretudo, como outras potências, incluindo os Estados Unidos, já alertaram, por uma questão humanitária.

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