Medina já foi criticado por Slater por 'trapaça' semelhante à desse ano

Publicado em 21/12/2019, às 12h13
Imagem Medina já foi criticado por Slater por 'trapaça' semelhante à desse ano

Por Folhapress

Quem acompanha a carreira de Gabriel Medina sabe que o brasileiro, quando em competição, costuma usar todos os artifícios possíveis -mesmo que sejam polêmicos ou até considerados antiéticos por alguns- para vencer uma bateria. Um exemplo disso aconteceu na última quinta-feira (19), quando ele entrou propositalmente na frente do compatriota Caio Ibelli, que tinha a prioridade na última onda, para evitar que seu adversário tivesse a chance de virar a bateria nos segundos finais. Com isso, Medina foi punido com uma interferência, teve 'apenas' a sua segunda maior onda retirada do somatório e, mesmo assim, avançou para as quartas de final da etapa de Pipeline (com 4.23 a 1.13 no placar), continuando na briga pelo título mundial.

Em uma entrevista ao canal da Liga Mundial de Surfe, Caio Ibelli comentou a manobra polêmica de Medina no Havaí e destacou que 'ele joga sujo se precisar e faz de tudo para vencer", reforçando a extrema competitividade do surfista de São Sebastião (SP). E não é a primeira vez que o brasileiro bicampeão mundial de surfe recebe críticas por conta de uma interferência. Em 2017, o onze vezes campeão Kelly Slater condenou Gabriel Medina por uma manobra semelhante. A diferença é que, neste caso, o brasileiro tinha a prioridade.

A etapa era a mesma: Pipeline, mas pelo quinto round. Na ocasião, Medina usou a prioridade para pegar uma onda que o norte-americano já estava surfando. Após a derrota na bateria, Kelly Slater usou as redes sociais para comentar a polêmica e citou um trecho de um capítulo do livro de regras da Liga Mundial de Surfe, referente a interferências antidesportivas: "Pode-se dizer que um surfista com prioridade cometeu interferência se na opinião do head judge [juiz] o surfista utiliza sua prioridade de forma antiesportiva ou não competitiva, para bloquear intencionalmente outro surfista com menor ou sem prioridade fora da zona primária do drop".

Slater ainda rebateu os comentários de que ele havia feito o mesmo que Medina em uma bateria contra Joel Parkinson, na final da etapa da Austrália, em 2013, lembrando que ele utilizou a onda para somar pontos, ao contrário de Medina, que só entrou para bloqueá-lo.

"Um surfista com prioridade tem todo o direito de pegar a onda de você? se ele quiser usar essa onda. Quando usa apenas para bloqueá-lo, aí já é outra história. Aos que dizem que fiz a mesma coisa com Joel Parkinson estão corretos, mas eu usei a onda e ganhei pontos por ela. Eu estava sentado exatamente no mesmo ponto onde já havia surfado minha onda boa naquele dia. Joel remou muito mais pra dentro do pico naquele dia tentando achar alguma coisa sem prioridade. Indiferente se ele estava lá ou não, eu queria essa onda, então é um cenário diferente".

Por fim, o norte-americano sugeriu que os juízes 'poderiam ter decidido por uma interferência de bloqueio' para Medina e negou que tivesse algum ressentimento com o brasileiro: "Gabriel Medina tinha direito de usar sua prioridade, mas seguiu reto e até para a esquerda em uma boa direita. Os juízes poderiam ter decidido por uma interferência de bloqueio. Eu entendo que ele estava indo para o título e tinha que fazer tudo o que era necessário para vencer cada bateria. Bom pra ele. Sem nenhum ressentimento. Eu achei engraçado mais do que qualquer coisa".

Em 2017, Gabriel Medina também brigava pelo título mundial. Porém, depois de passar por Kelly Slater na quinta etapa, ele acabou eliminado pelo francês Jeremy Flores nas quartas de final e assim abriu caminho para o título do havaiano John John Florence -que foi vice em Pipeline.

Caio Ibello

"Eu acho que nunca vi isso antes. E isso mostra o tipo de competidor que ele é. Ele joga duro, ele joga sujo se precisar e faz de tudo para vencer. É assim que deve ser a mente de um campeão. Eu estou motivado, vou treinar mais duro, estudar mais, e na próxima vez, quero vencê-lo".

Ibelli contou que depois da prova perguntou para Medina "o que tinha sido aquilo". "Ele pediu desculpa, e eu: 'Desculpa o quê?'", disse Caio, que contou ter ouvido o pai do rival "gritando 'rabeia ele, pode rabear'".

Medina disse que a decisão de entrar na frente de Ibelli foi consciente. "Às vezes se tem algo em jogo, você tem que jogar o jogo. Eu sabia o que estava fazendo. Todo mundo ficou 'o que você fez?' e eu disse, está tudo ok".

Mesmo após a punição, Medina ainda disputou a final com Ítalo Ferreira, que acabou campeão, vencendo seu primeiro título mundial.

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