A sucção de sangue feita por sanguessugas e larvas para o tratamento de feridas não ficou no passado. A técnica, muito usada na Idade Média, está em alta no Reino Unido, onde, entre 2007 e 2019, o número de pacientes tratados com ela aumentou 47%. Em um momento em que a resistência a antibióticos cresce em pessoas ao redor do mundo, os especialistas se voltam para o passado, na tentativa de encontrar respostas mais eficazes. Para isso, os animais se mostram como uma forte alternativa à medicina moderna, pois, ao consumirem tecido morto e bactérias, ajudam a combater as infecções.
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Estudos recentes descobriram que as larvas reduzem a área de superfície de uma ferida e promovem a cicatrização mais rapidamente do que os curativos convencionais.
Os parasitas liberam substâncias químicas que diluem o sangue e inibem a coagulação, o que significa que podem prevenir a morte do tecido melhorando a circulação sanguínea em áreas onde ela diminuiu. Desta forma, eles podem inclusive evitar que membros sejam amputados após acidentes.
No Reino Unido, há uma fazenda que fornece 60 mil sanguessugas medicinais para o Serviço Nacional de Saúde (NHS, em sigla em inglês) e outros profissionais de saúde todos os anos, segundo informações do jornal britânico The Guardian. O NHS aprova o uso da terapia com larvas desde 2004.
— Existe um tabu que atrapalha as pessoas que usam a técnica. Mas, para muitos praticantes, uma vez que tentam seu primeiro caso ,mesmo que seja o último recurso, eles veem o que isso pode fazer — afirma o pioneiro em terapias com larvas Ronald Sherman, ao britânico.
Vicky Phillips, gerente de suporte clínico da BioMonde, empresa do ramo de "tratamento natural de feridas", educa os médicos ao redor do país sobre os benefícios da terapia com larvas.
— As larvas só comem tecido morto — explica ao The Guardian, tentando afastar preconceitos e possíveis "aversões" ao tratamento com os animais.
Apesar do 'fator nojento', aceitação da terapia com larvas é maior hoje em dia
Apesar de um estudo publicado em outubro do ano passado no Nursing Times ter descoberto que existia um “fator nojento” que impedia enfermeiras de usarem a terapia com larvas, Vicky garante que tem visto de perto a aceitação, tanto das profissionais quanto dos pacientes, aumentar.
Além da rapidez e dos benefícios para a saúde, a terapia com larvas também é mais barata se comparada à uma cirurgia invasiva, que poderia ser uma outra opção de tratamento. para os pacientes.
Mas como é, exatamente, essa terapia com larvas e sanguessugas? Uma paciente ouvida pelo The Guardian afirma que “para começar, não parece nada, realmente”. Outro, diz que inicialmente as larvas parecem grãos de arroz. No entanto, à medida que elas vão se alimentando da ferida, também crescem de tamanho, o que acaba provocando “um formigamento, como se a pele fosse arrepiada, mas sem arrepios”.
A terapia de sanguessuga pode durar de 10 minutos a uma hora e, no final do processo, elas são mortas e descartadas como lixo hospitalar.
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