Medicamentos regulados serão reajustados; veja como economizar

Publicado em 26/03/2023, às 16h30
Foto: Reprodução/Pixabay
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Por Extra Online

A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed) anunciará, na sexta-feira (dia 31), o índice de reajuste de cerca de 28 mil remédios regulados pelo governo federal. A estimativa do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) é que seja autorizado um aumento de até 5,6%. O preço máximo estabelecido para os medicamentos, no entanto, está longe de refletir o valor de mercado.

Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) mostra que os preços praticados pelas farmácias chegam, em alguns casos, a estar 90% abaixo do teto. Na prática, isso pode resultar em aumento na cobrança ao cliente superior ao percentual determinado pela Cmed, diante da distância entre valor máximo e o de mercado. Por isso, pesquisar é fundamental. E não basta comparar entre farmácias.

Numa mesma rede, o valor de um medicamento pode variar 25%, de acordo com o meio escolhido para a compra, diz Ana Carolina Navarrete, coordenadora de Saúde do Idec:

— O preço inicial por telefone, por exemplo, é mais caro. Ao fazer o cadastro, a redução média é de 25%. O mesmo verificamos em algumas coletas feitas nos balcões. Mas encontramos desconto de 50% para um antibiótico. Porém, o abatimento está sempre vinculado à liberação de dados pelo consumidor.

A dona de casa Josefa da Silva tem asma crônica há 16 anos e usa um remédio inalatório que pode custar até R$ 155,43, de acordo com a tabela de preço máximo da Cmed. Mas ela consegue pagar um pouco menos.

— Nas farmácias, costumo encontrar a R$ 139, mas já achei a R$ 117, pesquisando em outros lugares — conta.

O presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo & Mercado de Consumo (Ibevar), Claudio Felisoni, explica ainda que nas farmácias o preço varia segundo o local, a data e até o horário da compra:

O Brasil é o terceiro país que mais usa redes sociais no mundo, atrás apenas da Índia e da Indonésia. Todo o tempo gasto por brasileiros nas plataformas de interação tem impactos econômicos e solidificou novas possibilidades profissionais no país. Mas o instrumento, que pode ser usado de forma saudável para ampliar a sociabilidade, também leva a prejuízos. Os danos são tanto psicológicos, se a imersão é excessiva, quanto financeiros, se não há cuidados num terreno que golpistas transformaram em um campo minado.

Segundo um levantamento feito pela Comscore, de janeiro de 2020 até o fim do ano passado, o tempo gasto pelos brasileiros nessas plataformas aumentou 31%, chegando a 356 bilhões de minutos. Ou seja, cada usuário passou 46 horas em redes sociais em dezembro. Isso é mais do que o investido em sites multicategoria, entretenimento, presença corporativa, varejo e serviços financeiros on-line.

— O brasileiro é naturalmente comunicativo e expansivo e tem essa tendência de se mostrar, compartilhar o seu dia a dia. A gente tem toda uma sinergia com a maneira de lidar com as redes sociais. Então é uma questão cultural a ser considerada — explica Roberto Kanter, professor de MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV): — E obviamente isso faz com que as principais redes sociais do mundo olhem para o Brasil de um jeito muito especial. Toda rede social que quer ser lançada coloca o Brasil em segundo lugar para validar mercado.

Professor do Ibmec RJ, Victor Azevedo exemplifica esse tipo de interesse pelo público brasileiro.

— O stories do Instagram foi testado aqui para avaliar o comportamento do público perante a nova ferramenta, numa época em que o Snapchat tomava uma fatia considerável do mercado nacional — relembra o especialista.

O uso intensivo das redes sociais no país não chama a atenção somente dessas empresas. O movimento tem diversos impactos na economia brasileira: companhias investem na publicidade dentro dessas plataformas, principalmente por meio de influenciadores digitais; bares têm surgido ou se adaptado para serem “instagramáveis”, ou seja, com ambientes e cardápios mais atrativos para fotografias; e profissionais comercializam cada dia mais por meio dessas ferramentas de interação.

— À noite, há menos desconto, pois há menos lojas abertas.

Além disso, o cadastro em fabricantes de medicamentos, a apresentação da carteirinhas do plano de saúde e a parceria entre empregadores e redes de drogarias são outras formas de reduzir o desembolso. Confira o guia a seguir.


Regulação precisa ter uma atualização


A diferença entre o teto de preço estabelecido pela Cmed e os valores praticados pelo mercado é alvo de críticas de especialistas. Eles defendem uma atualização da regulação de 2004.

— Em nenhum outro mercado a falta de referência de preço é tão flagrante. Hoje, a diferença entre o teto estabelecido pela Cmed e a média de mercado chega a 90%. É preciso que a regra permita ajustes no teto ao longo de ciclo de vida de um produto, inclusive negativos. É normal que o medicamento tenha um preço de lançamento mais alto, mas ao longo do tempo esse valor caia, até por concorrência. Hoje, a regra não acompanha essa evolução — diz Ana Carolina Navarrete, coordenadora de Saúde do Idec.

Na avaliação de Lia Hasenclever, pesquisadora associada do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um dos pontos que mereceria revisão é o referente aos medicamentos genéricos. Pela regra, eles devem entrar no mercado com um valor 35% menor do que os dos medicamentos de referência.

— Na prática, no entanto, muitas vezes isso não acontece, até pela distorça do preço máximo dos produtos de referência. Temos que discutir se esse percentual é suficientemente baixo. Há legislação em outros países que falam em até 70% abaixo — pondera.

Procurada, a Cmed destacou em nota que os preços de suas listas são diferentes dos praticados no varejo porque a regulação não consiste em tabelamento. O ajuste, explica, é feito com base numa fórmula que contém variáveis. Uma dessas variáveis é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo a Cmed é, sim, possível que haja um reajuste negativo. Isso aconteceu em 2012, com uma classe de medicamentos.

No balcão, preço é maior - Os preços iniciais por telefone e nos balcões da farmácia costumam ser mais altos do que os oferecidos em sites e aplicativos. A explicação é que, nos dois últimos casos, o consumidor já tem cadastro. É a cessão de dados pessoais às farmácias que garante o desconto, em média, de 25%. Alguns sites oferecem retirada na loja, o que gera economia em relação ao frete. E há redes que oferecem cashback (retorno de parte do valor da compra para ser gasto em novas aquisições). Nas lojas, pode haver diferença de preço, inclusive na mesma rede, já que fatores como local, perfil de público e custos da loja influenciam na precificação.

Desconto do gerente - Como explicado pelo presidente da Ibevar, a barganha tem poder. As drogarias reservam para os clientes mais sensíveis uma margem de negociação. Por isso, é importante solicitar o desconto. Segundo Felisoni, o método mais eficaz é solicitar as “deduções do gerente”, pois ele é quem pode garantir o maior percentual. A barganha na farmácia, aliás, não deve se restringir a medicamentos. Muitas vezes, é possível conseguir reduções em outros produtos tendo o conhecimento de preço de mercado desses itens. Há redes que cobrem ofertas da concorrência.

Atenção a dia e hora - A lei da oferta e da demanda também impera sobre as farmácias e pode influenciar nos preços. Durante a noite, quando há menos lojas abertas, o percentual de desconto tende a ser menor, diz Felisoni, já que há menor possibilidade de pesquisa e concorrência. Ele ressalta ainda que boa parte das pessoas costuma comprar seus medicamentos quando recebe salário, aposentadoria ou pensão, geralmente no início do mês. Dessa forma, há maior demanda e menor disponibilidade de redução nesse período, principalmente, avalia Felisoni, entre os remédios de uso contínuo.

Cadastro nas farmácias “Tem cadastro? - ”. É a primeira pergunta ao chegar ao balcão da drogaria. Para a maioria das pessoas, é impossível não ceder à pressão para informar dados pessoais diante do desconto. Pesquisadora do Laboratório de Tecnologias Livres da Universidade Federal do ABC, Joyce Souza alerta, no entanto, que é preciso questionar a finalidade das informações solicitadas pela farmácia: “Há redes pedindo nome do cônjuge? Para quê? Por que dar endereço, se não haverá entrega? É preciso saber como os dados são usados, com quem são compartilhados. E fornecer o mínimo de informações”.

Plano de saúde e indústria - Os planos de saúde podem ser usados para obter descontos na compra de medicamentos em algumas redes. O cadastro feito pelos laboratórios, em classes especiais de remédios, principalmente nos de uso contínuo. No caso da insulina, por exemplo, a redução é na casa dos 20%. A consulta e o cadastro aos remédios do Programa de Benefícios em Medicamentos podem ser feito pela internet. Na hora da compra, confira qual é o maior desconto no momento. Algumas vezes, o gerente tem possibilidade de dar um percentual maior do que o da indústria, por exemplo. É preciso conferir.

Genérico mais barato - Lia Hasenclever, pesquisadora associada do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), alerta ainda para o fato de que nem sempre os genéricos são mais baratos do que os medicamentos de referência. “Pela regra, os genéricos têm de entrar no mercado com preço 35% abaixo do teto do valor do medicamento de referência. Mas, como o limite estabelecido pela Cmed é bem mais alto do que a prática de mercado. Por isso, há casos em que o medicamento de referência é mais barato. É preciso sempre conferir”, orienta Lia.

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