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Mais de 80 são presos em protestos no Dia do Trabalhador em Paris

Uol | 01/05/19 - 11h17
Reprodução/Globo News

As manifestações de 1º de maio em Paris, geralmente pacíficas e dedicadas a reivindicações salariais, acontecem nesta quarta-feira (1º) sob tensão, após confrontos entre militantes radicais e a polícia. Oitenta e oito manifestantes já foram presos.

A polícia recorreu ao gás lacrimogêneo para dispersar centenas de "black blocs", militantes anticapitalistas e antifascistas vestidos de preto e com o rosto coberto. Um manifestante foi ferido na cabeça.

Os protestos acontecem apenas dias após o presidente Emmanuel Macron anunciar cortes de impostos na ordem de 5 bilhões de euros.

Os enfrentamentos começaram às 11h (8h de Brasília), perto do restaurante La Rotonde, região sudoeste da cidade, que foi protegido com tapumes.

Mais de 7.400 policiais foram mobilizados. Além disso, 190 motocicletas circularão perto das manifestações para permitir que as forças de segurança se movam rapidamente. 

Drones também serão usados para monitorar a situação, segundo o ministro do Interior, Christophe Castaner. Ele afirmou acreditar que haverá entre "1.000 e 2.000 militantes radicais".

Desde a madrugada, vários policiais começaram a revistar pessoas aleatoriamente nas proximidades da estação de Saint-Lazare, no centro de Paris.

O presidente Emmanuel Macron exigiu na terça-feira (30) que a resposta aos "black blocs" seja "extremamente firme" em caso de violência, após as chamadas nas redes sociais para transformar Paris na "capital dos distúrbios". As manifestações do ano passado registraram lojas vandalizadas e incendiadas, além de veículos queimados.

Embora estejam previstas manifestações em toda a França, a atenção está voltada para a capital, frequente palco de incidentes desde o início dos protestos dos "coletes amarelos".

Esse movimento, que desde meados de novembro tem saído às ruas todos os sábados para protestar contra a política fiscal e social do governo, também está presente nas manifestações do Dia do Trabalho.

Entre os "black blocs" e os "coletes amarelos", os sindicatos esperam recuperar a visibilidade através de vários comícios e uma grande manifestação, saindo de Montparnasse e indo em direção à Place d'Italie, no sul da capital.

"O 1º de maio tem que agrupar todos aqueles que vêm se manifestando há meses e meses, para dizer que a política social tem que ser mudada", disse Philippe Martinez, secretário-geral da CGT, um dos principais sindicatos franceses.

O cortejo vai passar em frente ao famoso restaurante La Rotonde, um "símbolo" do poder desde que Emmanuel Macron comemorou ali sua ida ao segundo turno das eleições presidenciais de 2017.

Os proprietários do estabelecimento admitiram na terça-feira estarem um pouco nervosos, considerando como terminou o famoso restaurante Fouquet's da avenida Champs-Élysées, saqueado e queimado, em 16 de março, durante uma manifestação dos "coletes amarelos".

"Não temos medo das passeatas sindicais, mas dos 'coletes amarelos' e dos 'black blocs'", disse Serge Tafanel, cujo restaurante permanecerá fechado a pedido da polícia, assim como todas as lojas localizadas na rota da marcha.