O Ministério Público afirma que Daniela Cristina de Medeiros Andrade, mãe do empresário envolvido no acidente que causou a morte do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, 52, na madrugada do último domingo (31), tentou atrapalhar as investigações.
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De acordo com a Polícia Civil, o condutor do Porsche, Fernando Sastre de Oliveira Filho, foi levado do local do acidente no carro da mãe sob a alegação de que seria atendido no hospital São Luiz. Com isso, os policiais militares que atenderam a ocorrência não aplicaram o teste do bafômetro.
Ao chegarem à unidade Anália Franco do hospital, os PMs foram informados de que o condutor não havia dado entrada no pronto-socorro, nem em qualquer outro endereço da rede hospitalar. Os policiais disseram que então tentaram contato por telefone com a mãe e o investigado, que não atenderam as ligações.
Fernando só se apresentou à Polícia Civil mais de 30 horas após a batida "a fim de afastar indícios de embriaguez", segundo parecer da promotora Monique Ratton, da 6ª Promotoria de Justiça da Primeira Vara do Júri da Capital. "O que denota que os envolvidos agiram de forma a tentar se furtar da aplicação da lei penal já tendo desrespeitado solicitações policiais durante o momento do flagrante do crime, trazendo prejuízos à investigação, o que demonstra que não houve pedido arbitrário ou ilícito de prisão no caso", continua.
Quase 48 horas após o acidente, questionada na delegacia sobre o motivo de não ter ido ao hospital, conforme disse aos policiais, Daniela respondeu que levou o filho para casa porque ele estava muito sujo após ter caído no asfalto. E que ela também precisava de um banho porque havia se ajoelhado no chão.
Em depoimento, a mãe relatou que, assim que chegou ao local do acidente, perguntou ao policial se poderia levar o filho ao hospital porque ele reclamava de dor, mas não sabia dizer exatamente onde. Nesse momento, outro policial colheu o depoimento do empresário e anotou seu número de celular. Mãe e filho, então, deixaram o local sob anuência dos policiais.
Em relação às chamadas perdidas, Daniela disse que tomou um relaxante muscular e só depois percebeu que tinha deixado o celular no carro. Ao atender a uma das ligações dos policiais na madrugada, disse ao policial que levaria o filho ao pronto-socorro do hospital São Luiz, mas desistiu porque estava sob efeito do relaxante muscular e ficou com medo de causar outro acidente caso dirigisse até lá.
A mãe também relatou ter recebido ameaças por mensagens de texto e, com medo, decidiu não sair de casa nem na manhã seguinte quando acordou. Daniela disse ainda que tentou ligar para o policial e explicar a situação, mas ele não atendeu. Eles só foram à delegacia na tarde de segunda-feira (1º), quando o filho se apresentou com seus advogados.
A promotora afirmou se tratar de "justificativa pouco crível". "Os fatos acima inclusive, em tese, podem configurar crimes autônomos e deverão também ser apurados no bojo desta investigação por conexão probatória e teleológica com o crime principal", concluiu em parecer.
Procurados, os advogados da família não comentaram o parecer do Ministério Público.
Inquérito policial foi aberto pelo 30º DP (Tatuapé), responsável pelas investigações, para apurar a conduta dos policiais militares. A Corregedoria da Polícia Militar também foi acionada.
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