Os leitores que amam desvendar a história de Alagoas vão se render aos sete novos títulos que vão fazer parte da coleção Raízes das Alagoas – coletânea fruto de uma parceria editorial bem-sucedida entre a Imprensa Oficial Graciliano Ramos, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) e a Editora da Universidade Estadual de Alagoas (EdUneal) – que serão lançados nesta terça-feira (dia 20), às 19h, no Complexo do Teatro Deodoro. Durante o evento, gratuito e aberto ao público, também serão lançados mais dez livros de escritoras e escritores contemporâneos alagoanos.
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A coleção Raízes das Alagoas é uma antologia formada por obras clássicas, seminais, sobre a formação social, cultural e econômica do estado, escritas por autores alagoanos renomados. Seu objetivo é promover o resgate de títulos consagrados pelo tempo, há anos fora de catálogo, mas que continuam indispensáveis para os estudantes e pesquisadores. Nesta edição, a coletânea reúne obras de Abelardo Duarte, Craveiro Costa, Douglas Apratto, Luiz Sávio de Almeida, Manuel Diégues Júnior e Moreno Brandão.
"A Raízes da Alagoas reúne alguns dos maiores best sellers da Imprensa Oficial Graciliano Ramos. Desde de 2019, quando lançamos os primeiros títulos da coletânea, com obras de Dirceu Lindoso, Nicodemos Jobim, Douglas Apratto e Abelardo Duarte, pudemos confirmar como é consistente o interesse do público leitor alagoano por livros de história de Alagoas”, afirma Maurício Bugarim, diretor-presidente da Imprensa Oficial Graciliano Ramos. “São livros indispensáveis para a boa formação intelectual de todos os alagoanos”, frisa.
Em consonância, Fábio Guedes Gomes, diretor-presidente da Fapeal, destaca que os livros da Raízes das Alagoas contribuem para interpretar nossa realidade atual. “A coleção traz um seleto conjunto de livros que tem que ser revisitado sempre. Essas obras são capazes de ajudar na nossa compreensão como sociedade, contribuindo para avaliar criticamente onde chegamos e pensarmos a superação dos nossos problemas estruturais. Parabéns a sociedade alagoana que recebe de braços abertos as novas edições desses títulos magistrais, produzidos com muita qualidade e zelo”, afirma.
"A Raízes das Alagoas traz a essência da alagoanidade. Reúne o pensamento dos maiores intelectuais de todos os tempos e traduz Alagoas em sua multiplicidade. A Uneal, através da Eduneal, está muito satisfeita em fazer parte deste belíssimo projeto junto a Imprensa Oficial Graciliano Ramos, com apoio financeiro da Fundação de Amparo e Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) a quem agradecemos nas pessoas de Fábio Guedes e Rosaline Mota", diz Odilon Máximo, reitor da Uneal.
De acordo com o economista, escritor e professor Cícero Péricles de Carvalho, membro do Conselho Editorial da Imprensa Oficial Graciliano Ramos, o segredo do êxito editorial da coleção Raízes das Alagoas se deve ao fato de que a reedição dos livros clássicos sobre a formação alagoana, os bons estudos sobre a realidade estadual, atende uma demanda tanto dos pesquisadores universitários como dos leitores interessados em conhecer o passado regional. “A iniciativa conjunta da Imprensa Oficial Graciliano Ramos, Fapeal e Uneal é uma enorme contribuição para o ambiente cultural do estado, na medida em que coloca de volta à circulação, em formato moderno e com novas apresentações, estes livros clássicos, muitos deles obras raras e de pouca circulação, presenteando o mercado editorial com o que de melhor existe na produção intelectual sobre Alagoas”, afirma.
Obras antológicas
Aberlardo Duarte (1900-1992)
Em As Alagoas na guerra pela independência, Abelardo Duarte relembra como a então recém-emancipada Capitania das Alagoas entrou firme na luta pela soberania nacional. O autor relata como foi o combate popular contra a recolonização do Brasil em terras alagoanas, o entusiasmo nacionalista e a lusofobia que dominou a população local e o papel das mulheres na vanguarda pela defesa da pátria. Explica como se deu a passagem do general Pedro Labatut no estado e a participação alagoana no Exército Pacificador.
Já em Episódios do contrabando de africanos nas Alagoas, Duarte explica como o comércio ilegal de negros escravizados aumentou em terras alagoanas, mesmo depois da oficialização de acordos entre Brasil e Inglaterra. O autor denuncia a omissão das autoridades que deveriam combater o tráfico ilegal, bem como a ação das classes dominantes locais para mantê-lo. O autor aborda como a pressão inglesa pelo fim da escravidão repercutiu no estado.
Abelardo Duarte foi um dos principais estudiosos da influência do povo negro na formação cultural alagoana. Fundador da Faculdade de Medicina de Alagoas, foi pediatra, escritor, professor, jornalista, crítico, ensaísta, historiador e folclorista. Imortal da Academia Alagoana de Letras, secretário perpétuo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas e sócio honorário do Instituto Histórico de São Paulo. Também é autor de Negros muçulmanos nas Alagoas (os malês); Pedro II e Dona Teresa Cristina nas Alagoas; e Folclore Negro das Alagoas.
Craveiro Costa (1871-1934)
Em Maceió, Craveiro Costa remonta às origens da capital alagoana, desde o seu nascimento “espúrio”, no pátio de um engenho colonial, até meados dos anos 1930, quando se aproximava o centenário da sua ascensão à sede político-administrativa do Estado, oficializada em 1839. O autor aborda as principais transformações econômicas, geográficas e sociais de Maceió, mencionando os seus personagens e os seus fatos históricos mais importantes.
Craveiro Costa foi historiador, jornalista, político, contador, educador e um dos pioneiros dos estudos estatísticos de Alagoas. Autodidata, interrompeu seus estudos aos 10 anos de idade, após se tornar órfão de pai. Apesar disso, consagrou-se como um dos maiores intelectuais públicos de Alagoas. Migrou, em 1900, por questões políticas, seguindo para São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus, estabelecendo-se em Cruzeiro do Sul (AC), onde fundou o primeiro grupo escolar e o primeiro jornal da região. A convite do governador Fernandes Lima, retornou a sua terra natal, Maceió, em 1922, exercendo diversos cargos oficiais. Também é autor de Alagoas em 1931, O Visconde de Sinimbu e o Indicador Geral de Alagoas, em coautoria com Torquato Cabral.
Douglas Apratto
A tragédia do populismo: o impeachment de Muniz Falcão reflete sobre um dos episódios políticos mais violentos da nossa história: a votação pelo fim do mandato do então governador, em 1957, na Assembleia Legislativa, encerrado com tiroteio que deixou oito feridos e um morto: o deputado Humberto Mendes. Apratto aborda as incompatibilidades de Falcão com as oligarquias, desvendando as reais causas das tensões entre o Executivo e o Legislativo em função dos interesses das forças hegemônicas do estado.
Douglas Apratto é um dos maiores difusores do conhecimento histórico sobre Alagoas. Mesmo com uma obra vasta e profunda, amplamente reconhecida no meio intelectual e acadêmico, o historiador é responsável pela democratização do acesso às informações sobre o passado alagoano, disseminando boa parte de suas pesquisas em publicações direcionadas ao público não iniciado, numa linguagem simples e descomplicada. Formado em História pela Universidade Federal de Alagoas, com mestrado e doutorado na Universidade Federal de Pernambuco, o professor, vice-reitor do Centro Universitário Cesmac, é autor de Metamorfose das oligarquias e Capitalismo e ferrovias no Brasil, entre outros livros sobre os principais fatos históricos do estado.
Luiz Sávio de Almeida
Notas sobre poder, operários e comunistas em Alagoas versa sobre a trajetória dos principais movimentos políticos de esquerda em Alagoas. Discorre também sobre a expansão dos ideários comunistas e anarquistas em território alagoano; sobre o surgimento das primeiras organizações feministas locais; e sobre os primeiros movimentos grevistas da nascente classe operária alagoana e nordestina no começo do século 20.
Luiz Sávio de Almeida é um dos mais versáteis e fecundos intelectuais alagoanos. Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais pela UFAL, com mestrado em Educação pela Michigan State University e doutorado em História pela UFPE, sua vasta obra não ficcional é dedicada ao estudo histórico e cultural das comunidades negras e índias do Nordeste e também das relações sócio-políticas regionais. A dramaturgia é o ponto mais alto de sua obra ficcional, consagrada pelo sucesso de crítica e de público de peças teatrais célebres como Comeram Dom Pero Fernão Sardinha e A Farinhada. Também é autor de Memorial biográfico de Vicente de Paula, o capitão de todas as matas: guerrilha e sociedade alternativa na mata alagoana.
Manuel Diégues Júnior (1912-1991)
Em O banguê nas Alagoas, Manuel Diégues Júnior remonta as primeiras propriedades rurais para produção de açúcar no estado, analisando de que maneira essas organizações produtivas contribuíram para definir Alagoas na atualidade. O autor descreve as ocupações territoriais e o uso dos recursos naturais; a introdução da mão de obra escrava no estado; o Quilombo dos Palmares; a miscigenação e as tensões sociais; o vínculo entre economia canavieira e a arte; as manifestações folclóricas e as expressões linguísticas locais.
Manuel Diégues Júnior foi sociólogo, antropólogo, jurista e folclorista com reconhecimento nacional e internacional. Nascido em Maceió, formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Recife, em 1935, época em que participou dos cursos livres de sociologia oferecidos por Gilberto Freyre, responsável por sua iniciação nas ciências sociais. Ao longo de sua trajetória profissional, construiu uma carreira acadêmica consistente, lecionando na PUC-RJ e em universidades estrangeiras. Pertenceu à American Antropological Association e presidiu a Associação Latino-Americana de Sociologia. Também é autor de História e Folclore do Nordeste, Ciclos Temáticos na Literatura de Cordel e População e Açúcar no Nordeste do Brasil.
Moreno Brandão (1875-1938)
Escrito a pretexto da celebração dos 100 anos de independência político-econômica do Estado, O Centenário da Emancipação de Alagoas remonta aos principais fatos históricos alagoanos, desde o descobrimento do Brasil, passando pela ocupação holandesa, o Quilombo dos Palmares, a Revolução de 1817, a Cabanada e a Revolução Praieira, culminando no governo de Manoel Duarte, em 1909. Reflete sobre um século de evolução financeira do Estado e sua Constituição.
Nascido em Pão de Açúcar, Francisco Henrique Moreno Brandão foi médico, jornalista, poeta, romancista e um dos maiores expoentes da historiografia de Alagoas. Detentor de uma obra ampla, seu legado literário é formado por seis romances, quatro monografias que abordam o cotidiano das cidades em que viveu – Penedo, São Miguel dos Campos, Pão de Açúcar e Maceió – e alguns dos principais estudos históricos alagoanos, entre eles, História das Alagoas, O Baixo São Francisco – O Rio e o Vale e Vade Mecum do Turista em Alagoas.
SERVIÇO
Lançamento de livros da coleção Raízes das Alagoas
Local: Complexo do Teatro Deodoro.
Data: 20/12/22, a partir das 19h
Evento gratuito e aberto ao público
Mais informações: Patrycia Monteiro: 82 99351-5315 (Whatsapp)
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