Polícia

Caso Katharina: laudo pericial de reprodução simulada aponta que criança pode ter se enforcado sozinha

João Victor Souza | 16/10/24 - 07h01
Maria Katharina tinha 10 anos | Arquivo Pessoal

O laudo pericial da reprodução simulada do caso Maria Katharina Simões, menina de 10 anos encontrada morta em estábulo na zona rural de Palmeira dos Índios, teve o resultado divulgado pela Polícia Civil nessa terça-feira (15), cerca de três meses depois da morte. Com a conclusão da análise, o inquérito foi remetido à Justiça e foi entendido que a criança pode ter se suicidado.

Segundo o chefe de operações da delegacia de Palmeira dos Índios, Diogo Martins, os peritos concluíram ser possível a menina ter amarrado a corda e se enforcado sozinha, pois não foram identificados lesões de defesa, nem sinais de luta no corpo da criança. Também não houve indícios de participação de uma pessoa.

"O inquérito foi concluído e ninguém foi indiciado, visto que não há elementos que apontem alguma pessoa que tenha cometido algum crime. Agora trabalhamos com o segundo fato, os maus-tratos que foram apontados pela mãe, e esse inquérito corre paralelo ao do suicídio. Vamos trabalhar nele agora, levantar informações, concluí-lo e remetê-lo à Justiça", disse Martins.

A reprodução simulada do caso

No dia 3 de setembro deste ano, a reprodução simulada do caso foi realizada para trazer novos indícios sobre as versões apresentadas pelos pais da criança e determinar o que de fato aconteceu naquele dia. Maria Katharina Simões foi encontrada enforcada no estábulo do sítio da família, em julho deste ano. À época, no entendimento da Polícia Civil, havia probabilidade de ela ter cometido suicídio. 

Durante quase cinco horas de exame pericial, os cinco peritos criminais analisaram uma série de fatores, incluindo altura, distância, espaço, peso, tempo e percurso. A reprodução simulada utilizou uma pessoa com características físicas semelhantes às da vítima para recriar os últimos momentos de vida da menina. Clique aqui e confira mais detalhes da reprodução simulada.

Denúncia de maus-tratos

A mãe da menina, Maria Virgínia, de 48 anos, fez uma série de acusações ao pai da criança. “Não sei o que foi que aconteceu. Sei que encontrei minha filha morta. Isso me deixa muito atordoada. Estou fazendo perguntas sobre o porquê e não tenho resposta. Eu quero resposta e justiça. Isso não se faz nem com um animal, o que dirá com um ser humano, um anjo da minha vida. Tiraram a minha vida também junto com ela. Enterraram a minha vida junto com ela. Só quero justiça”, disse a mãe no dia da reprodução simulada. 

Maria Virgínia destacou ainda que o pai de Katharina tinha um comportamento agressivo. “Ele espancava ela, ele batia nela. No dia [da morte da menina], o filho estava com ele. O menino, no depoimento, falou que ele bateu nela. E ele mentindo, dizendo que não bateu [...] Até eu apanhava. O pequenininho também levava puxão de orelha, pendurado pela orelha. Ele batia muito nela. Batia nas mãos dela. Chamava coisa feia com ela. Quando ele batia nela, eu entrava no meio, aí apanhávamos nós três”, relatou. 

Após a menina ter sido encontrada morta, ela pediu a separação e uma medida protetiva contra o marido.

    O caso 

    As possíveis circunstâncias da morte precoce da menina Maria Katharina Simões da Costa intrigou a população de Palmeira dos Índios, onde a menina vivia com a família. Katharina havia sido deixada em casa, numa propriedade rural no Povoado Moreira, sozinha, enquanto os pais socorriam um irmão menor da menina à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade. Os irmãos estavam brincando horas antes no estábulo, quando o menino se feriu e os pais o levaram para o médico. Ao retornar, a família já encontrou a menina enforcada.

    Depois de ter sido encontrada enforcada, a menina também foi levada à UPA de Palmeira, mas já chegou na unidade hospitalar sem vida. O corpo de Katharina foi necropsiado no Instituto Médico Legal (IML) de Arapiraca, e a causa da morte informada pela Perícia Oficial foi o enforcamento.