Oscar Pistorius, de 37 anos, foi libertado nesta sexta-feira (5/1) da prisão depois de cumprir metade da pena pelo assassinato da namorada, Reeva Steenkamp, em 2016. Ele ainda alega inocência.
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O jornalista e escritor John Carlin, que conheceu Pistorius, disse ao "Sun" que o assassino condenado ergueu um santuário para Reeva na mansão onde vive agora, no rico subúrbio de Waterkloof, em Pretória (África do Sul), que á patrulhada por guardas armados. A Justiça teme que o ex-atleta seja alvo de assassinos de aluguel, integrantes de quadrilhas ou mesmo pessoas sem passado criminoso solidários à família de Reeva.
"Ainda há muita raiva por aí e sem dúvida há quem adoraria tero couro cabeludo de Oscar Pistorius", disse o jornalista Mark Williams-Thomas ao "Times".
Carlin, que acompanhou de perto o julgamento do atleta, conheceu Pistorius na mansão de R$ 12 milhões do seu tio Arnold. Pistorius regressou lá hoje em silêncio, esquivando-se de dezenas de jornalistas do lado de fora da sua prisão enquanto era escoltado para fora através de uma saída privada.
O autor, que certa vez visitou a casa de campo onde Pistorius agora mora, nas terras da vasta propriedade do tio, descreveu Arnold como um "homem muito rico".
"Entramos pela porta e a primeira coisa que vi, para minha surpresa, na parede voltada para a lareira, foi uma foto de Reeva. Uma fotografia bastante conhecida dela, parecendo muito encantadora. E embaixo da fotografia emoldurada da parede sobre a lareira, uma vela acesa."
Pistorius não ofereceu nenhuma explicação para o estranho santuário da namorada morta.
Depois desse momento, Carlin disse que o ex-atleta o levou a um restaurante italiano próximo para almoçar naquele dia, onde ele se lembrou de ter comido lá com Reeva.
"Ele me contou alguns pratos que Reeva gostava, o linguine ou algo assim", disse o escritor.
Depois, continuou Carlin, Pistorius tentou mostrar a ele fotos do casal, em um movimento classificado pelo escritor como "manipulador".
Relembre o caso - Pistorius era o maior astro do esporte paralímpico mundial. Ele era conhecido como "Blade Runner", devido às próteses de carbono que usava nas pernas amputadas. Na noite de 13 de fevereiro de 2013, entretanto, sua imagem de herói foi abalada quando se descobriu que ele havia matado a tiros a sua namorada, que tinha de 29 anos, na casa em que morava num condomínio de Pretória.
O atleta disparou quatro tiros pela porta do banheiro, onde a jovem estava no momento dos fatos, às 3h, alegando tê-la confundido com uma invasora.
Num processo inicialmente transmitido ao vivo pela televisão, foram examinadas as fraquezas do ídolo caído. Pistorius parecia constantemente irritado, às vezes beirando a paranoia. Segundo a outra imagem projetada pela mídia, Pistorius, aparentemente, era um homem agressivo, apaixonado por velocidade, mulherengo e, acima de tudo, muito apaixonado por armas de fogo.
O sistema judicial investigou vários incidentes, como quando ele disparou por engano enquanto manuseava uma arma num restaurante ou quando, noutra ocasião, disparou contra um carro num acesso de raiva. O processo durou de março a outubro de 2014. Muito emocionado, o ex-atleta caiu no choro e vomitou diversas vezes. Ele parecia teimoso e repetiu que nunca teve a intenção de matar Reeva. Para Carlin, que escreveu um livro sobre o caso, Pistorius teria que ser um "ator fantástico" para interpretar cenas tão "angustiantes".
Destruído, Pistorius pediu desculpas aos pais da vítima. Condenado em primeira instância a cinco anos de prisão, no julgamento de recurso realizado em junho de 2016, um psicólogo de defesa descreveu-o como “um homem alquebrado”, que sofre de síndrome de depressão grave.
Abandonado pelos seus patrocinadores, sem rendimentos, Pistorius viu-se falido e teve de vender a sua casa para pagar os seus advogados. E a sentença em recurso aumentou a sua pena para 13 anos e 5 meses de prisão.
Ele só teve o apoio de sua família. Pistorius nasceu sem ossos da fíbula em 22 de novembro de 1986 em Joanesburgo e foi submetido a uma cirurgia para amputá-la abaixo dos joelhos aos 11 meses. Aprendeu a andar com prótese e desde criança quis competir com atletas sem deficiência, experimentando pólo aquático, críquete e boxe.
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