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Recuperando o controle: a fisioterapia como peça-chave no tratamento da incontinência

Ana Carla Vieira | 29/11/23 - 09h09
Freepik

A incontinência urinária é uma batalha comum enfrentada por pacientes que passaram pela cirurgia de remoção da próstata como parte do tratamento contra o câncer. Para entender melhor como a fisioterapia se torna a peça-chave nessa jornada de recuperação, entrevistamos a fisioterapeuta, professora-doutora, Vaneska da Graça, especialista em fisioterapia pélvica.

“Antes de mais nada, é importante entender que cada paciente é único. A incontinência urinária afeta cada indivíduo de maneira diferente após a prostatectomia, seja ela parcial ou total,” explica a especialista. “Após uma avaliação cuidadosa, identificamos as particularidades que contribuem para a incontinência em cada paciente e, a partir daí, trabalhamos para corrigir essas deficiências”.

De acordo com Vaneska da Graça, um dos principais tratamentos é a cinesioterapia perineal, que é a ação de exercícios para reativar a musculatura, fazendo com que o paciente restabeleça a consciência corporal e a consciência de contração do assoalho pélvico. “Eu poderia até dizer que é o nosso padrão ouro trabalhar a cinesioterapia perineal com o paciente que se submete à cirurgia de retirada da próstata. Através dos exercícios que a gente pode empregar com esse paciente a gente visa restabelecer a força dessa musculatura, bem como a consciência do acionamento isolado da musculatura. Através do treinamento e da aquisição dessa consciência, o paciente vai conseguir desenvolver essa habilidade de fazer essa contração cada vez mais consciente, isolada do seu assoalho pélvico, fortalecendo a musculatura de forma direcionada”, explica Vaneska.

“Além da cinesioterapia, a gente pode, e às vezes é até o que a gente faz primeiro, usar eletroestimulação. A eletroestimulação pode acontecer de formas de aplicação bem diversas e inclui fazer a eletroestimulação intracavitária, no caso dos pacientes do sexo masculino, até por via anal.

Com a eletroestimulação a gente pode desde mostrar ao paciente onde fica essa musculatura, até iniciar um trabalho de ganho de força, até o momento em que o paciente, ele mesmo consiga fazer o acionamento dessa musculatura”, enfatiza a especialista.

Ainda segundo a fisioterapeuta, depois da eletroestimulação, um dos recursos mais utilizados é o biofeedback, que funciona usando uma pequena sonda anal, ou eletrodos de superfície. Essa sonda vai medir a tensão muscular e transmitir esses dados para um ecrã de computador, em forma de gráficos. “O biofeedback vai ajudar bastante ao paciente, dando a ele uma resposta ou visual ou auditiva que vai fazer com que ele direcione melhor, durante o treinamento de reforço perineal com a cinesioterapia perineal, e consiga realmente identificar qual musculatura que ele precisa acionar, também visando melhorar essa consciência corporal e restabelecer a força muscular”, detalha a fisioterapeuta.

A indicação é que o paciente comece a fisioterapia pélvica em ambulatório, ou no consultório do fisioterapeuta, para então depois continuar os exercícios na rotina diária. “Isso para que o paciente possa ser supervisionado e efetivamente ensinado sobre a forma correta e sobre a forma que ele precisa, já que cada caso é um caso, para acionar e fortalecer a musculatura. Mas existe, sim, a possibilidade do paciente ser ensinado a fazer a contração e o reforço muscular em domicílio, inclusive é uma coisa que a gente programa dentro do tratamento, mas não é algo que seja feito de imediato porque existe uma dificuldade muito grande, por parte do paciente, em conseguir acionar corretamente a musculatura, que dirá executar o programa de exercício sozinho com eficiência. Isso fica mais na fase média a longo prazo no programa de tratamento”, esclarece Vaneska.

Conforme explica a fisioterapeuta, a ideia é que o paciente ganhe independência e consiga executar e manter. “Porque é um músculo como qualquer outro. Se ele deixar de treinar, a longo prazo vai perder força muscular de novo”.

A fisioterapia não apenas trata a incontinência urinária, mas capacita os pacientes a recuperarem o controle sobre sua saúde e qualidade de vida. É uma jornada de parceria entre profissional e paciente, evidenciando a importância crucial da fisioterapia como aliada na superação dos desafios pós-cirúrgicos de câncer de próstata.

Serviço

O TNH1, reconhecendo a importância de campanhas de conscientização e para levar ainda mais informação, durante este mês, em parceria com a Oncoclinica e a Unima Afya, realiza a série "Cores da Prevenção: Novembro Azul”, uma série de reportagens sobre câncer de próstata e a saúde do homem.

Na Oncoclínica, pacientes em tratamento contra o câncer recebem tratamento humanizado, com equipe multiprofissional.

A Unima/ Afya disponibiliza orientação jurídica e atendimento gratuito para a comunidade em sua clínica de saúde.