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Mudanças e desafios: a importância do envelhecimento ativo

ANA CARLA VIEIRA | 21/08/24 - 09h14
O número de idosos no Brasil representa quase 15% do total da população do país | Foto: Freepik

A população brasileira está em franco envelhecimento. Isso é fato e está demonstrado por números como os do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostra que o crescimento da população idosa bateu recorde. Em 2022 foram contabilizados cerca de 31 milhões de brasileiros com mais de 60 anos de idade. O número representa quase 15% do total da população no país. 

Nas casas, nas nossas famílias, no mercado de trabalho… a população idosa aumentou e diferente dos “vovôs e vovós” de tempos passados, hoje, os que acumulam “mais experiência” têm levado cada vez mais uma vida mais ativa, contribuindo diretamente com a sociedade. 

A doutora em educação física, professora e presidente de gerontologia na Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia em Alagoas, Pietra Galvão, chama a atenção para a mudança na forma do envelhecimento e para a importância da consciência para que esse processo aconteça de forma saudável. 

“O que a gente vê hoje na sociedade é que a maioria dos idosos não se vê como uma pessoa idosa, porque consegue ter uma boa qualidade de vida. Hoje, uma pessoa de 70, 80 anos, às vezes não se vê necessariamente como uma pessoa idosa, porque a ideia de idoso que a gente tem é aquele de uma geração passada, onde o envelhecimento acometia mais biologicamente e as pessoas sentiam mais essas consequências”, enfatizou Pietra Galvão. 

“O envelhecimento é um fator de risco para várias coisas, mas quando a gente entende como ele acontece e quais são as estratégias que a gente pode lançar mão para minimizar esse processo, a qualidade de vida se instala. Existe tecnologia para tudo, para tratamentos, para promoção à saúde e para auxiliar no envelhecimento saudável”, defende a professora. 

“Só não envelhece quem morre cedo” - A frase da professora e gerontóloga pode até representar um choque para os que têm pânico de “ficar velho”, mas serve principalmente de alerta para que seja criada a consciência, o quanto antes, de que é preciso adotar hábitos de vida saudáveis para garantir que o processo de envelhecimento também ocorra de forma saudável. 

Em dezembro de 2020, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou a Década do Envelhecimento Saudável (entre os anos de 2021 a 2030) como a principal estratégia para construir uma sociedade que acolha e valorize todas as faixas etárias.

“Estamos vivendo a década do envelhecimento saudável, que foi proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS), preconizando que todos os países do mundo tragam o protagonismo da inclusão da pessoa idosa na sociedade e uma atenção integral ao idoso para que ele possa ter um envelhecimento ativo. Isso não não quer dizer “fisicamente ativo”, mas que o idoso tenha 3 pilares assegurados: a segurança (dos direitos e pessoal), a participação na sociedade e a saúde garantida”, explica a especialista.  

Dona Margarida - empreendendo na terceira idade

Margarida Crispim tem 75 anos de idade. Há anos, depois que se aposentou como bancária resolveu empreender e abriu o próprio negócio. Mãe, avó, idosa. Continua na ativa, cuidando das finanças da empresa, hoje administrada pelo filho. Dona Margarida diz que nem lembra que é idosa. “Eu só lembro quando alguém pergunta a minha idade. Mas eu me sinto como se tivesse 50, 60 anos, porque a minha vida não mudou em nada. Eu cuido da minha casa, dos meus afazeres, trabalho com meu filho… E depois que meu marido ficou com certas limitações e problemas de saúde passei a me dedicar mais a ele. Mas eu procuro me cuidar e desenvolver atividades que me ajudam muito na minha locomoção”, compartilha a empresária. 

A gerontóloga Pietra Galvão chama a atenção para a importância do envelhecimento ativo e ressalta que, em seu consultório, a maior queixa entre os idosos é a necessidade de conseguir exercer autonomia e independência. “A Dona Margarida é um exemplo de envelhecimento ativo, em que a pessoa está ativamente envolvida na sociedade e consegue realizar todas as suas funções. Porém, de fato, existem processos e processos de envelhecimento que dependem muito de como eram os hábitos de vida, do que você poupou como reserva física para esse processo e muitas vezes as pessoas chegam ao consultório com muitas dificuldades. A maior motivação dos idosos que atendo é ter a capacidade de poder decidir sobre a própria vida e executar aquelas decisões que tomou”, ressalta a especialista. 


Dona Margarida Crispim e a gerontóloga Pietra Galvão, em entrevista à apresentadora Beatriz Lacerda, no videocast Saúde em Foco

Para além do autocuidado e da consciência individual de cada um, a professora destaca que a discussão precisa ir além. É preciso que a sociedade acolha, respeite e proporcione espaços inclusivos para a população 60+. “Devemos lidar com os mais velhos com bastante respeito, entendendo que eles são os que nos precederam, são o exemplo que a gente precisa ter na vida. Em segundo lugar, temos que pensar que todos nós seremos pessoas idosas daqui a pouco. Então se a gente não tem respeito para com a pessoa idosa, não teremos respeito com a gente mesmo quando formos idosos. E terceiro é pensar como a gente quer ser uma pessoa idosa? Eu quero ser independente, ativa, fazer exercícios, viajar, poder realizar meus sonhos e seguir meu propósito de vida? Então eu preciso ter meu planejamento de como vou cuidar de mim hoje para que eu possa envelhecer bem e com qualidade de vida”, enfatizou Pietra Galvão. 

“O envelhecimento mudou, mas e nós, como estamos lidando com isso?” foi o tema escolhido para o primeiro videocast do projeto “Saúde em Foco”, uma iniciativa do Pajuçara Sistema de Comunicação (PSCOM)  em parceria com o Centro Universitário Cesmac e o Laboratório Proclínico.  

O videocast é comandado pela apresentadora Beatriz Lacerda e exibido no YouTube da TV Pajuçara. Assista aqui ao Episódio 01 - Envelhecimento