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Descubra como pequenas mudanças no seu estilo de vida podem afetar sua fertilidade

Ana Carla Vieira | 12/09/24 - 18h20
Foto: Freepik

A infertilidade é um problema que afeta homens e mulheres em todo o mundo. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, em 2023, 17,5% da população adulta sofria com algum tipo de dificuldade para conceber.

Muitos casais não sabem como lidar com a situação e, ao se depararem com o problema, já imaginam tratamentos caros e complexos. No entanto, antes de recorrer a esses tratamentos, mudanças no estilo de vida podem ser fundamentais para reverter o quadro.

De acordo com o médico ginecologista, especialista em ginecologia endócrina, fertilidade para casais, cirurgião e professor universitário, Dr. Alberto Sandes, o fator “idade” já foi a maior causa de infertilidade. “Hoje, o maior fator chama-se estilo de vida. No caso das mulheres, o mercado de trabalho está cada vez mais exigente, e a mulher busca ser uma profissional mais especializada. Ela não se dá ao luxo de dizer: ‘primeiro vou ter um filho’. Na maioria das vezes, a maternidade fica para depois. Quando chega aos 35, 37 anos, ela começa a pensar em filhos, e isso era um dos maiores fatores de infertilidade. No entanto, foram desenvolvidas tecnologias e tratamentos para isso. Se essa mulher mantivesse um estilo de vida saudável e equilíbrio corporal – ou seja, soubesse a hora de dormir e acordar, se alimentasse de forma correta, e evitasse o estresse crônico, que afeta o hipotálamo e o sistema límbico, responsável pelas emoções – ela teria mais chances”, explica o médico.

Contudo, há casos clínicos, crônicos e genéticos de doenças como endometriose, síndrome dos ovários policísticos, disfunções na tireoide (no caso das mulheres), varicocele (no caso dos homens), além de ansiedade, depressão e estresse (em ambos), que podem ser causas de infertilidade.

Segundo o médico, levando-se em conta apenas o estilo de vida, considerando que não há doenças como as citadas acima, os principais fatores que interferem no sucesso ou insucesso da capacidade reprodutiva são:

  • Alimentação  
  • Exercício físico  
  • Qualidade do sono  

O ginecologista cita a dieta mediterrânea – conhecida por ser baseada na rotina alimentar dos países que formam a região do Mediterrâneo, como Itália, Espanha, Grécia e Marrocos – como a que mais se adapta ao processo de fertilidade. “Quando se fala em nutrição, é necessária uma dieta mais alcalina. Mas, para o processo de fertilidade, a que mais se adapta é a mediterrânea, composta por peixes, sementes, oleaginosas, fibras, evitando altos índices glicêmicos e consumindo carne animal em menor quantidade”, explica.

“A carne vermelha, por exemplo, é altamente ácida para o nosso organismo e provoca oxidação. Estudos americanos comprovam que homens que consomem carne bovina mais de três vezes por semana reduzem o espermograma em 30%”, exemplifica o médico.

“Bumbum na nuca”

Músculo é a fonte da juventude, especialmente para as mulheres, pois os principais receptores de insulina estão nos músculos das pernas e do glúteo, como explica o médico. “Ao hipertrofiar os músculos dos glúteos e das coxas, aumenta-se a capacidade metabólica, o que diminui o nível de açúcar no corpo, reduzindo o risco de doenças como demência e distúrbios metabólicos. Isso torna a mulher mais fértil. Para os homens, o mesmo se aplica. O problema é que leva tempo para atingir esse resultado, e muitas pessoas acabam optando por anabolizantes, que entregam o resultado em três meses. Não é raro receber no consultório homens jovens, de 30 a 35 anos, com zero espermatozoides devido ao uso de anabolizantes, em situações irreversíveis”, alerta o médico.

Melatonina: o hormônio que ganhou fama nas importações

“Existe um hormônio que se tornou muito conhecido e agora é vendido em qualquer farmácia, importado dos EUA, que é a melatonina. Todo mundo acha que é só para dormir, mas não é. A melatonina é um hormônio reparador. Ela organiza o nosso corpo”, ressalta Sandes.

A melatonina é produzida durante o sono e leva cerca de quatro horas para atingir o pico máximo de produção e iniciar sua ação reparadora. “Ela repara mais de 5 mil células cancerígenas no nosso corpo todos os dias. E há dois picos. Por isso é tão importante dormir bem. Na mulher, os locais de maior produção de melatonina são os pulmões e os ovários. E por que nos ovários? Porque a melatonina é um dos maiores antioxidantes existentes e, nos ovários, ela protege a reserva ovariana”, explica.

“Se você não dorme e não reduz o seu estresse, está matando sua reserva ovariana”, enfatiza.

Revertendo os telômeros

De maneira prática, Dr. Alberto Sandes explica que o telômero é a ponta dos cromossomos do DNA, responsável por determinar a nossa idade biológica. Telômeros mais longos indicam pessoas biologicamente mais jovens, e a natureza entende isso como um organismo mais apto à reprodução. Já telômeros curtos dificultam a reprodução. “Estudos mostram que é possível reverter e fazer com que os telômeros cresçam novamente com uma alimentação saudável, ajustes no sono, redução do estresse e prática de atividade física. Isso vale para homens e mulheres”, destaca Sandes.

“Quando você vai prestar vestibular, você estuda. Quando vai jogar futebol, você treina. Para um concurso, você se prepara. Mas, para ter um filho, você vai na sorte? Está certo isso? Amar é entregar o seu melhor para a pessoa mais importante da sua vida, que é o seu filho. Então, prepare-se mais, cuide-se mais, porque o filho nada mais é do que uma cópia fiel do seu DNA”, finaliza o médico.

O tema "Infertilidade Feminina e Masculina” esteve em pauta no quarto episódio do Videocast “Saúde em Foco”, um projeto do Pajuçara Sistema de Comunicação (PSCOM)  em parceria com o Centro Universitário Cesmac e o Laboratório ProclínicoAssista aqui ao Episódio 04.