Produção da Fábrica de Polpas Mundaú, no interior de Alagoas, é resultado da agricultura familiar e conta com energia limpa, tornando o negócio duplamente sustentável

De volta ao campo: família migra para a zona rural e empreende com agricultura familiar e energia limpa

Eberth Lins | 28/06/24 - 12h05

O cenário rural brasileiro quase sempre foi marcado pelo êxodo rural, movimento de saída do campo para a cidade. Mas em Alagoas, a busca por um sonho fez uma família fazer exatamente o contrário: deixar a capital Maceió, uma cidade com quase 1 milhão de habitantes, cheia de oportunidades, e voltar para a pequena Santana do Mundaú, Zona da Mata do mesmo estado, cidade com pouco mais de 11 mil moradores. É nesse município modesto e distante que Jedersson Monteiro e sua família estão construindo coisas grandiosas com a beneficiadora Polpa Mundaú. O projeto chama a atenção por reunir duas frentes sustentáveis: a agricultura familiar e o uso de energia limpa. O resultado fez a equipe do TNH1 viajar cerca de 150 km até o Povoado Chã de Areia, enfrentar estradas em condições difíceis, para conhecer uma das primeiras fábricas de polpa de frutas 100% natural do Nordeste.

A história de empreendedorismo que será contada nesta reportagem começa em 2014. Naquele mesmo ano, enquanto o Brasil sofria uma derrota na Copa do Mundo pela goleada de 7 a 1 da Alemanha, em Alagoas, mais precisamente em Santana do Mundaú, florescia as primeiras mudas de maracujá que anos mais tarde impulsionaria a criação da fábrica da família Monteiro.

É uma história sobre como o empreendedorismo mudou a vida do ex-servente de pedreiro, Jerdesson Monteiro de Oliveira, que deixou Maceió, onde vivia numa comunidade conhecida pelo baixo desenvolvimento humano e uma rotina de violência, e retomou o sonho de morar no campo, recuperando as raízes da família, que no passado viveu da agricultura familiar, em uma área remota de Santana do Mundaú. O sucesso da família Monteiro mostra como a disposição em realizar, aliada à inovação e à oportunidade mudou para melhor a vida de uma família e tem aberto portas também para outras dezenas de agricultores, gerando emprego e renda, contribuindo para a manutenção da identidade rural produtiva da Zona da Mata alagoana.

O empreendedor e agricultor familiar, como ele se orgulha de ser chamado, cresceu na Grota da Alegria, no Benedito Bentes, periferia de Maceió. Filho de mãe e pai analfabetos, estudou somente até o 5º ano do Ensino Fundamental, até que abandonou os estudos e, ainda menor de idade, seguiu o mesmo rumo do pai, passando a trabalhar como ajudante de pedreiro. Mas ao completar 16 anos, Jedersson decide mudar de vida e fazer um caminho incomum aos jovens, deixando Maceió para tentar a vida em um pedaço de terra que pertencia a família. O desejo de mudança foi abraçado pelos pais, levando outros três filhos também menores.

O retorno ao interior, no entanto, não foi dos mais fáceis. A família tinha como desafio conseguir sobreviver de uma terra esquecida por anos, improdutiva. Foram cinco anos testando cultivos, da tradicional plantação de laranja lima, em Santana do Mundaú, passando por banana e tubérculos.

O trabalho começa a dar frutos - Mas as coisas começaram a melhorar com o início de uma plantação de maracujá, que deu espaço para outras frutas como acerola e goiabas, e o beneficiamento das frutas para produção de polpas, nascendo a Polpa Mundaú, uma das primeiras fábricas de polpas de frutas 100 % naturais do Nordeste.

Essa é uma história sobre como a disposição em realizar, aliada à inovação e à oportunidade mudou para melhor a vida de uma família e tem aberto portas também para outras dezenas de agricultores, gerando emprego e renda, contribuindo para a manutenção da identidade rural produtiva da Zona da Mata alagoana.

► " ME CHAMAVAM DE LOUCO QUANDO COMECEI"

Em uma propriedade de sete hectares, isto é, 70 mil metros quadrados, Jederson Monteiro de Oliveira encabeça todo o trabalho. Do plantio, cultivo à colheita, até chegar ao beneficiamento quando as polpas das frutas são embaladas para a venda. O empreendedor e agricultor, hoje com 31 anos, tem autoridade no assunto, mas nem sempre foi assim.

"Logo que chegamos, no ano de 2009, plantamos laranja lima e depois banana comprida, mas não foi como esperado e voltei para Maceió, onde fiquei mais uns anos, mas não estava feliz. Não era o que queria para minha vida. Lá em Maceió voltei a trabalhar como servente de pedreiro e, claro, continuava infeliz, até que resolvi tentar mais uma vez e voltei para Mundaú novamente. Eu comprei três maracujás em uma barraquinha, tirei as sementes e fiz umas mudas. Eu lembro de ter arrancado 500 pés de bananas compridas para plantar as mudas que fiz do maracujá, todo mundo que viu ou soube ficava me criticando, me chamavam de louco", relembra aos risos.

Além do desejo de uma vida melhor, o empreendedor diz ter sido motivado por uma memória afetiva da infância. "Eu queria recuperar a história e o lugar da minha família. Quando eu era criança e morava em Maceió, vinha visitar meu avô nas férias e sempre gostei da atividade da agricultura, gostava demais de colher frutas no pé. Não tinha luxo, mas não nos faltava nada nesse período, todo mundo era feliz", recorda.

Ainda sem consciência plena do feito, Jedersson dava início ao processo que meses mais tarde ia se desdobrar na criação de uma fábrica de polpas. “Eu não entendia nada de maracujá, o povo me chamava de doido, dizia que era melhor plantar laranja como todo mundo, mas sempre tive isso de fazer o diferente, não gosto de seguir pela cabeça dos outros. Depois de uns meses de plantio, tivemos uma produção boa de maracujá, mas não tínhamos para quem vender a fruta. A gente distribuía para os vizinhos e até estragava sacos, não tinha para quem vender".

Foi na dificuldade em dar vazão à produção que nasceu a ideia do beneficiamento da fruta. "Eu sabia que o caminho para a gente não continuar perdendo era embalando e congelando, mas não tinha estrutura alguma para fazer isso. Certo dia, na Copa do Mundo de 2014, conheci um rapaz que tinha uma máquina pequena de polpa de fruta para vender, mas não tinha um real para comprar. Ele pediu R$ 1.500 na máquina e R$ 1.200 no freezer, mas eu não tinha um real. Ele me deu uma semana para pagar uma entrada de 300 reais e comprei, na palavra e coragem. Arrumei um carro, levei as máquinas para o sítio e liguei para o meu pai dizendo: 'a gente tem um débito de quase R$ 3 mil para pagar'. Ele endoidou, disse que eu tinha feito besteira, mas mandou o dinheiro da entrada. Com uma máquina e um freezer pequenos, em menos de um mês, já com a venda da polpa, eu paguei o que estava devendo, foi quando entendi que o que estava fazendo aqui tinha futuro e nasceu a fábrica", relembra.

Com o nascimento da fábrica, a demanda aumentou e foi preciso diversificar. "Passei a plantar outras frutas como acerola, goiaba e graviola. Compramos mais freezes e trabalhamos dia e noite para conseguir dá conta, graças a Deus, quem pedia voltava a comprar e ainda indicava nosso produto", diz ele orgulhoso.

► FAMÍLIA CONSTRUIU A FÁBRICA COM AS PRÓPRIAS MÃOS

No início, o processo de fabricação era feito em uma estrutura que lembra uma dispensa, uma área de quatro por cinco metros quadrados, que não demorou a ficar pequena diante da demanda somada à vontade de crescimento.

"Eu queria crescer, fazer uma fábrica, até que um dia chamei meu pai que é mestre de obras e falei que precisávamos construir uma área maior.  A gente mesmo fez o projeto, pesquisando como deve ser uma fábrica e depois colocamos a mão na massa para construir, todo mundo de casa ajudou de alguma forma, o apoio deles sempre foi e ainda é muito importante. Vez ou outra me pego aqui fazendo planos para o futuro e agradecendo a Deus, me vem a imagem de todo mundo trabalhando, carregando tijolo, mexendo e carregando cimento", rememora.

Alícia Kalyne Monteiro é irmã caçula de Jedersson e fala das mudanças que a família vivencia com o crescimento da fábrica de polpa. "A melhor parte é que estamos trabalhando juntos, tem irmãos, mãe, filho, cunhados, todo mundo unido. Hoje a gente não precisa ir embora buscar serviço fora, viajar para Maceió e até para fora de Alagoas, como já aconteceu. Tiramos o sustento das nossas casas aqui mesmo do pedaço de terra da nossa família, todos juntos, apoiando e zelando pelo crescimento um do outro", diz a jovem, responsável pelo processamento das frutas e mantém a casa e a filha de três anos com o trabalho.

► PIONEIRISMO NO USO DA ENERGIA SOLAR: SUSTENTABILIDADE EM DOBRO

O custo da manutenção dos freezers para armazenamento das polpas virou uma bola de neve para o agricultor, que tinha a maior parte da receita direcionada para pagamento da conta de energia, até então, convencional, foi quando técnicos do Banco do Nordeste enxergaram o potencial da recém-criada fábrica e iniciaram as tratativas para concessão de um crédito que meses depois se tornaria uma mini usina de energia solar. Com as placas fotovoltaicas, o empreendedor conseguiu o suficiente para abonar todo o custo elétrico da produção e ainda tem margem para vender ou armazenar energia para quando expandir a demanda na unidade de processamento.

Embora a família Monteiro tenha conseguido financiar e instalar as placas fotovoltaicas, o custo inicial para adesão da energia limpa ainda representa um gargalo para a maioria dos pequenos produtores. Para democratizar o acesso, o banco disponibiliza a linha de crédito Agroamigo Sol, conheça aqui.

Implantação da energia solar permitiu expansão da fábrica de polpas. Foto: Itawi Albuquerque / TNH1

"Eu sempre pesquisava por energia solar, mas era algo muito distante, até que surgiu uma oportunidade quando o pessoal [ do Banco do Nordeste ] entrou em contato comigo, perguntando se eu tinha interesse. A gente conversou, eles me orientaram explicando tudo de forma didática e transparente e eu fui o primeiro [ pequeno agricultor] de Alagoas a trabalhar com a energia solar", ostenta.

A adesão ao crédito para implantação da energia solar, segundo o empreendedor, permitiu uma melhora significativa nas contas, o que ele chamou de fôlego, para que pudesse seguir trabalhando pela ampliação do empreendimento. "Para você ter ideia, na época eu pagava R$ 1.500 na conta e hoje pago só a taxa. Deu uma vida, deixei a preocupação da fatura alta e comecei a destinar o que consegui diminuir nas contas, para alavancar o nosso negócio, pude realmente investir e ver o negócio andar", pontua. 

Para o empreendedor, a adoção da energia limpa, além de mais economia, comunga com os princípios da empresa que ele conduz com a família. "A gente produz uma polpa 100% natural, fazemos o cultivo das frutas sem agrotóxicos e o processamento é feito com energia limpa. Não tenho dúvidas que além de fazer a nossa parte para melhoria do ambiente em que vivemos, estou agarrando uma oportunidade de agregar valor também ao produto final que é a nossa polpa", acrescenta.

► PRODUÇÃO CHEGA A 2.500 KG/MÊS

Consolidando a marca no mercado, a Polpas Mundaú  produz hoje uma média de 2.500 kg de polpas de frutas. "A receita atual é de aproximadamente R$ 15 mil por mês", diz Jederson. 

Comercializada em mercados de diversos municípios no estado, a produção da Polpa Mundaú já é comprada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), órgão do Governo Federal, dentro do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), e também pela Prefeitura de Santana do Mundaú, onde a polpa foi inserida na merenda escolar, eliminando, de uma vez por todas, o uso de sucos com aditivos na alimentação que é disponibilizada pelo poder público municipal aos estudantes.

Com a demanda, outros agricultores da região estão sendo beneficiados com a venda do que produz para a fábrica. "Já chegamos a trabalhar com 30 famílias. Eu incentivo que eles plantem e eles já sabem que terão para quem vender e de forma justa. Para quem, assim como nós, vive do que planta, ter a certeza da venda justa é um dos principais incentivos. Estou aprendendo, sei que falta muito, mas o que aprendi ao longo dos anos, fico feliz em compartilhar com o pessoal da região", frisa.

Uma dessas pessoas beneficiados com os negócios da Polpa Mundaú é Osvaldo de Jesus, 48 anos. Homem do campo que sempre viveu da agricultura, ele conta que foi estimulado a cultivar frutas, como o maracujá, e que agora colhe os resultados.

"Moro aqui desde criança e posso dizer que hoje as coisas estão melhores, estou ficando com mais e depois que comecei a plantar maracujá faço um serviço 'mais maneiro'. Vendo há dois para a fábrica de polpa, é um serviço melhor, planto e colho o maracujá, e vendo aqui de inverno a verão, o dinheirinho para cuidar da minha família já é certo", comemora o agricultor.

Agricultor Osvaldo de Jesus passou a plantar frutas e vender para a fábrica de polpas. Foto: Itawi Albuquerque / TNH1
► A BUSCA POR CRÉDITO - FINANCIAMENTO DO SONHO

A fábrica Polpas Mundaú conta com incentivo do Banco do Nordeste, por meio do Programa Agroamigo, mas a relação da família com o banco começou anos antes, quando a instituição financeira acreditou no projeto e financiou o plantio de maracujá, acerola e goiaba, para a construção da fábrica, e também para a instalação e expansão do sistema de energia solar, esse último o grande transformador da realidade do empreendimento.

"Nós do Banco do Nordeste trabalhamos para permitir que agricultor familiar tenha dignidade, acesso a bancarização e principalmente possa realizar sonhos, que muitas vezes em outros bancos eles têm dificuldades de orientação e crédito. Nós atendemos na própria comunidade, na casa dos clientes, verificando com eles quais as necessidades e projeto de vida", resume Alexandra Calheiros, coordenadora de Microcrédito do Banco do Nordeste em União dos Palmares e municípios da região. 

► "DESAFIO É CHEGAR ONDE NÃO SE IMAGINA QUE UM BANCO POSSA ESTAR"

A reportagem chegou ao município de Santana do Mundaú numa manhã chuvosa, chuva que se estendeu por boa parte daquela sexta-feira, 31 de maio último. Até chegar à propriedade, ladeiras sinuosas, estradas sem pavimentação e muita lama foram obstáculos para a equipe. Os "contratempos" vivenciados pela reportagem, no entanto, são parte da rotina dos profissionais do banco, que percorrem quilômetros dessas vias, em motocicletas, para prestar assistência personalizada de crédito aos agricultores da região.

"Nosso público é totalmente rural, o trabalho é voltado para agricultura familiar e nossos clientes estão em localidades muitas vezes sem acesso à estradas. Nosso maior desafio é chegar em lugares que não se imagina que um banco possa estar, tem clientes que a primeira conta da vida é no Agroamigo, é no Banco do Nordeste", diz a coordenadora de Microcrédito.

► " A GENTE SABE QUEM SÃO NOSSOS CLIENTES E ONDE ESTÃO"

A gestora de crédito, que comemorou 15 anos de trabalho no banco em 1º de junho de 2024, faz o acompanhamento do empreendimento de Jerdesson e incentivou a instalação da estrutura de energia solar. "Encontrei ele beneficiando as frutas da propriedade e naquele momento verificamos que ele tinha grande potencial, porém não tinha infraestrutura básica, sendo que umas das partes de maior curto era a energia mensal. Trouxemos as possibilidade através do Agroamigo, quando surgiu a ideia de financiar o kit de energia solar, baratear esse custo para que ele ganhasse perspectiva de crescimento. Recentemente, fizemos uma nova visita e percebemos a necessidade de uma nova ampliação do kit de energia solar, ele contratou um novo crédito. Nós acompanhamos todo o processo, do início à conclusão, passando por visitas frequentes, para fidelizar esses clientes. A gente sabe quem são cada um dos nossos clientes e onde estão, para prestar esse acompanhamento personalizado", explica.

Sobre a marca de 15 anos atuando na assistência e no intermédio dos créditos, a coordenadora diz:  "Meu trabalho me permite muito mais que ganhos financeiros. Sou feliz em falar que trabalho transformando vidas, em uma instituição que permite que pessoas, antes desassistidas, possam encontrar portas abertas e assistência para que famílias possam se desenvolver economicamente, realizar sonhos. Isso é o que me move e faz com que todos os dias eu viaje de Maceió até União dos Palmares para executar minhas atividades da melhor forma possível", complementa.

► CLIENTE DE SUCESSO 

O agente de microcrédito Ivanildo Alves é técnico em Agropecuária e responsável pelo acompanhamento direto na propriedade onde funciona a fábrica de polpas. Para ele, o feito alcançado nas sete tarefas de terra do Povoado Chã de Areia faz com que o agricultor seja considerado um cliente de sucesso.

"A intenção é fazer com que os clientes se desenvolvam no meio social e economicamente, fazendo com que eles mudem de vida para melhor. É fazer com que as propriedades sejam produtivas, de modo que as pessoas não precisem sair para buscar meios de sobrevivência. O Jerdesson é o que consideramos de cliente de sucesso, é um cliente antigo e que tem alcançado os sonhos dele. Aqui nós fizemos um primeiro financiamento no passado e durante o acompanhamento verificamos novas possibilidades e ele tem pago os financiamentos e renovado créditos para fazer cada vez mais investimentos. Aqui não é só o Jerdesson, mas o município é beneficiado de forma geral, com a geração de emprego e renda a partir da fábrica", explicou.

Em Alagoas, há mais de 60 mil clientes beneficiados pelo programa Agroamigo. Foto: Itawi Albuquerque/ TNH1
► PROGRAMA AGROAMIGO

Conforme o Banco do Nordeste, o Agroamigo é um programa de microfinança rural projetado, exclusivamente, para elevar o perfil social e econômico das famílias que habitam áreas rurais. Nesta modalidade, técnicos do BNB miram agricultores enquadrados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

"Dentro do Agroamigo nós trabalhamos com o que chamamos de Agroamigo Melhor, que é com foco na sustentabilidade, manutenção hídrica das propriedades, todo esse processo que melhora a qualidade de vida e minimiza os desgastes ambientais. Nada mais é do que estimular atividades que não agridem ou agridam cada vez menos o meio-ambiente, a exemplo do trabalho da fábrica de polpas que tem como  resultado um produto que vem de uma atividade sustentável e orgânica, possibilitando ganhos. O que antes impedia ele de ser competitivo, hoje permite que ele possa competir com grandes empresas", descreve Alexandra Calheiros.

Claudeslandia é agricultora de Ibateguara e mantém vínculo com o banco há 15 anos. Foto: Itawi Albuquerque / TNH1

A reportagem esteve na agência do Banco do Nordeste de União dos Palmares - unidade que atende o personagem central desta matéria -  e instituição financeira que abrange os municípios de Marechal Deodoro, Pilar, Santa Luzia do Norte, Coqueiro Seco, Satuba, Maceió, Rio Largo, Messias, Murici, Branquinha, São José da Laje, Ibateguara, Colônia Leopoldina, Novo Lino, Campestre, Joaquim Gomes e Flexeiras. A equipe acompanhou o atendimento à agricultora de Ibateguara Claudeslandia Pereira Custódia, de 44 anos, cujo vínculo e suporte do banco já ultrapassam 15 anos.

"Criei e eduquei meus três filhos com o trabalho no campo e o apoio do banco foi muito importante durante todos esses anos. Trabalho no campo desde que nasci, minha vida é com agricultura e pecuária, é o que sei e o que gosto de fazer. Agora eu vim pegar empréstimo para fazer uma plantação de limão e comprar uma bomba d'água, mas já fiz outras antes. Com o banco, consegui criar gado e plantar frutas”, diz a trabalhadora.

Agricultor conta que apoio do banco foi decisivo para fortalecimento da atividade e permanência da família no interior. Foto: Itawi Albuquerque / TNH1
► CRÉDITO ORIENTADO EVITA ÊXODO RURAL 

Num país onde a população rural diminuiu 33,8% nas últimas duas décadas, quase o dobro do que a média mundial de 19,2 %, e os desafios impostos à sustentabilidade são cada vez maiores, o fomento à permanência dessa população demanda atenção especial do poder público. Criado há 19 anos, o Agroamigo inicialmente veio para priorizar agricultores que recebiam até 40 mil reais por ano e muitas vezes viviam abaixo da linha da pobreza. O programa tem metodologia própria, de modo que os agentes de crédito vão até até os clientes no intuito de otimizar as atividades nas propriedades rurais. O agroamigo também foi otimizado ao longo dos anos, abraçando nossas categorias de clientes, mas desde a sua essência tem construído com com a disponibilização de crédito, educação financeira e, algumas vezes, de orientação na própria atividade, para frear o êxodo rural do Brasil. 

Russana Melo, gerente do Agroamigo em Alagoas. Foto: Cortesia / Ascom Banco do Nordeste

"Com essa prestação de crédito e de recursos orientado, acompanhado, de forma que o agricultor utilize exatamente, única e exclusivamente na sua produtividade, nós evitamos que esse produtor que nasceu, que está inserido neste contexto e nesta região, saia para outras regiões, se aventurando a prover o sustento da sua família.  O nosso grande propósito é proporcionar ao miniprodutor, agricultor familiar - a gente fala em produtor rural de uma forma genérica, porque o programa atende não só a agricultura como pecuária, como também qualquer atividade que o microprodutor desenvolva na comunidade rural - a ajuda para desenvolver nas atividades evitarmos o êxodo rural", detalha a gerente do Agroamigo em Alagoas, Russana Melo, acrescentando que há 61 mil clientes ativos no estado, o que representa a circulação de R$ 512 milhões.

"Nós evitamos que esse produtor que nasceu, que está inserido neste contexto e nesta região, saia para outras regiões, se aventurando a prover o sustento da sua família"

"Nós temos hoje aqui em Alagoas, cerca de 61 mil beneficiados com esse programa, são clientes que já foram beneficiados com o crédito ao longo desses anos, que possuem operações ainda por reembolsar ao programa. Atualmente isso significa 512 milhões aplicados, esse valor ainda está circulando na economia do Estado. E para esse ano [2024], nós temos um orçamento de aplicação de crédito só no seio do Agroamigo de 405 milhões. Nós estamos terminando um Plano Safra agora, em 30 de junho, e vai entrar um novo Plano Safra. Para este primeiro semestre já foram aplicados aqui no estado de Alagoas quase 200 milhões. E para o próximo semestre nós temos em torno de 270 milhões, 260 milhões mais ou menos, sendo que esse é o nosso valor extrapolado, já com o teto, como a gente chama. O nosso objetivo é atender um número cada vez maior de clientes", explicou Russana.

(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)
(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)
(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)
(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)
(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)
(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)
(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)
(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)
(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)
(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)
(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)
(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)
(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)
(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)
(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)
(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)
(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)
(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)
(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)
(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)
(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)
(Foto: Itawi Albuquerque / TNH1)

O Agroamigo financia atividades e serviços rurais agropecuários e não agropecuários desenvolvidos em estabelecimentos rurais. Mais detalhes do programa podem ser acessados aqui.

► EXPEDIENTE

Reportagem e texto ♦ Eberth Lins 

Imagens ♦  Itawi Albuquerque

Edição de vídeo ♦  Wando Cajueiro

Edição de texto ♦ Gilson Monteiro