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Afinal, criança pode fazer musculação? Veja o que dizem os especialistas

Ana Carla Vieira | 17/10/24 - 12h16
Foto: Freepik

A prática de exercícios físicos é fundamental para o desenvolvimento saudável das crianças, e a musculação tem ganhado destaque como uma opção, desde que realizada de maneira adequada. Em entrevista ao "Videocast Saúde em Foco", o professor de Educação Física e doutor em Ciências da Saúde, Victor Bastos, destacou a importância de adequar os treinos às necessidades e preferências dos pequenos.

Segundo Bastos, a musculação pode trazer benefícios significativos, especialmente em relação ao ganho de massa muscular. Contudo, ele enfatiza que não existe um "exercício ideal" que se aplique a todas as crianças. "O melhor treino é aquele que a pessoa vai fazer. Não adianta aprender treinos mirabolantes na internet. Se não se sente motivada, o treino se torna ineficaz", explica.

De acordo com o professor, crianças a partir dos 5 anos possam iniciar atividades de musculação, desde que compreendam as normas de segurança envolvidas nos aparelhos, por exemplo. No entanto, o professor alerta para a natureza monótona da musculação, que pode não ser atraente para os jovens. "Para crianças e adolescentes, atividades mais dinâmicas, como o cross training, têm se tornado populares, pois oferecem um ambiente mais divertido e engajador", diz.

A busca por uma atividade física prazerosa é essencial. "Se a criança não está interessada em musculação, é preferível que os pais busquem outras opções, como futebol ou natação, que possam ser mais atraentes. Após vivenciarem essas atividades, elas podem reconhecer a importância do treinamento de força e incorporá-lo em suas rotinas", recomenda Bastos.

O QUE DIZ A SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA

De acordo com o Manual de Atividades Físicas da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), crianças de zero a dois anos devem ser incentivadas a serem ativas, mesmo por curtos períodos, várias vezes ao dia. As que conseguem andar sozinhas devem ser estimuladas fisicamente durante pelo menos 180 minutos, em ações que podem ser fracionadas ao longo de cada período. Vale fazê-los ficar em pé movendo-se, rolando, brincando, saltando, pulando ou correndo.

Há também recomendações para outras faixas de idade: de três a cinco anos, a criança deve acumular pelos menos 180 minutos de atividades físicas de qualquer intensidade distribuídas ao longo do dia, incluindo atividades que desenvolvam a coordenação motora. Brincadeiras na água, andar de bicicleta e jogos de perseguição, com bola e bicicletas são adequadas ao grupo. Na avaliação dos especialistas, o tempo gasto em frente aos monitores precisam ser limitados a duas horas diárias para evitar o comportamento sedentário.

As crianças e adolescentes de seis a 19 anos de idade devem acumular pelo menos 60 minutos diários de atividades físicas e intensidade moderada a vigorosa (com respiração acelerada e batimento cardíaco mais rápido). Segundo o Manual da SBP, as atividades intensas que ajudam no fortalecimento e desenvolvimento de músculos e ossos devem ser feitas pelo menos três vezes por semana. O tempo de tela sugerido para esta faixa etária também são de duas horas, excluídas, entretanto, as horas gastas para a realização de tarefas escolares no computador.

O documento da SBP recomenda, entretanto, cautela dos pais para que não forcem os filhos a praticarem atividades físicas, a fim de evitar a frustração e aversão aos exercícios nas fases subseqüentes da vida. Os pediatras recomendam, ainda, que exercícios mais intensos como musculação sejam sempre realizados com o acompanhamento de um profissional, pois a prática regular de atividades de intensidade moderada a vigorosa pode contribuir para aumentar os níveis circulantes do hormônio do crescimento (GH) e o fator estimulante do hormônio do crescimento (IGF1). Sem esse suporte, avisam os especialistas, esses mesmos exercícios feitos de forma extenuantes podem reduzir o ganho de altura, pela inibição do eixo GH/IGF-1.

Crianças saudáveis, a princípio, não precisam de avaliação cardíaca para começar as atividades, mas alguns sintomas constatados tornam necessária a avaliação cardiológica pediátrica como: Dor torácica ao esforço físico; Dispneia ou fadiga excessiva ao esforço físico; Elevação da pressão arterial; Cardiopatia congênita prévia; Distúrbios do ritmo cardíaco; Incapacidade ou morte prematura de parentes de primeiro grau antes do s50 anos de idade devido a doença cardíaca.

Além de promover o desenvolvimento físico, a prática regular de exercícios físicos pode contribuir para a saúde mental das crianças, ajudando a melhorar a autoestima e a socialização. Portanto, ao considerar a introdução de musculação ou qualquer atividade física, é vital priorizar o prazer e o engajamento das crianças, sempre com supervisão adequada e foco na segurança.

Em resumo, a musculação pode ser uma aliada no crescimento e na saúde das crianças, desde que adaptada às suas necessidades e interesses. Ao promover um ambiente divertido e seguro, pais e educadores podem incentivar hábitos saudáveis que acompanharão as crianças ao longo de suas vidas.

O tema "Exercícios Físicos" esteve em pauta no Videocast “Saúde em Foco”, um projeto do Pajuçara Sistema de Comunicação (PSCOM)  em parceria com o Centro Universitário Cesmac e o Laboratório ProclínicoAssista aqui ao episódio sobre exercícios físicos.