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A vida sexual após o câncer de próstata

Ana Carla Vieira | 02/12/23 - 08h00
Foto: Ana Carla Vieira/TNH1

O diagnóstico de câncer de próstata frequentemente traz à tona preocupações sobre a possibilidade de impotência sexual, um temor profundamente enraizado na psique masculina. Mas especialistas dizem que embora o medo da impotência seja compreensível, avanços notáveis nas técnicas cirúrgicas, especialmente na cirurgia robótica, têm reduzido significativamente esse impacto.

“Hoje com o avanço das técnicas minimamente invasivas, principalmente da cirurgia robótica, isso tem diminuído bastante. A gente tem conseguido fazer cirurgias mais precisas, sem lesões dos órgãos vizinhos e, em linhas gerais, os pacientes têm mantido a função sexual normal”, destacou o urologista Gustavo Mendonça.

A retirada da próstata, parte crucial do tratamento, inevitavelmente resulta na interrupção da ejaculação. O médico ressaltou que, embora irreversível, isso não impede a retomada de uma vida sexual ativa. “A cirurgia consiste na retirada da próstata e da vesícula seminal e é essa vesícula seminal que acumula o líquido, o espermatozoide, que o paciente vai ejacular depois. Então, quando faz a cirurgia ele deixa de ejacular. Isso não quer dizer que ele não possa ter ereção, penetração e orgasmo, que é a sensação de prazer. Mas ele deixa, sim, de ejacular. Isso não volta, é irreversível. Caso o paciente deseje ter filho no futuro, a gente pode fazer uma punção no testículo e coletar espermatozoide para que seja feita uma inseminação artificial”, esclareceu.

“Para a eventualidade do paciente ficar com algum grau de impotência sexual depois da cirurgia, há uma série de tratamentos. Os viagras, que são as drogas vasodilatadoras, e outras drogas, que não sejam só o viagra, são uma alternativa. Também existem injeções no pênis que são vasodilatadoras e podem ser usadas no tratamento e até mesmo uma prótese”, explicou o urologista.

A professora-doutora da Unima, Vaneska da Graça, especialista em fisioterapia pélvica ressalta também que a fisioterapia pode atuar tentando corrigir ou minimizar a disfunção erétil. “É possível esse tratamento tanto pós-prostatectomia, como quando o paciente apresenta esse tipo de disfunção e a causa não é a cirurgia ou uma lesão neurológica. Porque aí, dependendo da lesão neurológica fica mais difícil o trabalho da fisioterapia e, em algumas situações, infelizmente ele não é possível”, disse a fisioterapeuta.

“No caso de pacientes pós-prostatectomia, a gente vai avaliar o paciente e as condições que o levaram a ter também como consequência pós-operatória a disfunção erétil. Se durante a cirurgia houve algum tipo de comprometimento neurológico a gente vai tentar avaliar o grau desse comprometimento, se é algo irreversível e, portanto, vai deixar esse paciente realmente com essa sequela e aí a fisioterapia vai trabalhar através de outras vias, ajudando esse paciente de repente, se for o caso, a adotar uma órtese que vá ajudá-lo a ter uma ereção assistida, quando for o caso. Mas se não for essa a questão, se realmente for uma sequela do processo de pós-operatório, através de processos terapêuticos como a cinesioterapia perineal, ou eletroestimulação ou uso de biofeedback, a gente vai trabalhar com esse paciente para possibilitar que ele volte a ter uma função erétil eficiente”, explicou Vaneska da Graça.

“Em muitos casos, a gente consegue 100% de restabelecimento da função erétil, e em outros, a depender de cada paciente, a gente consegue fazer com que ele tenha uma ereção eficiente e que vá trazer para ele e para parceira ou parceiro também prazer sexual”, enfatizou.

A médica oncologista clínica, da Oncoclínica Alagoas, Drª Patrícia Amorim, reforça que o diagnóstico precoce é a melhor prevenção. “O câncer é uma doença que pode agir silenciosamente e só demonstrar sinais quando avança e compromete o funcionamento de algum órgão. Sendo assim, quando diagnosticado no início, esses órgãos são protegidos, são preservados, e nós conseguimos tratar com uma maior chance de cura e aumento de sobrevida, uma vez que a intervenção foi iniciada antes da sua progressão ou seja, em suas fases iniciais. E é justamente na fase inicial que o tratamento, na maioria dos casos, é mais efetivo”, diz a Drª Patrícia Amorim.

Serviço

O TNH1, reconhecendo a importância de campanhas de conscientização e para levar ainda mais informação, durante este mês, em parceria com a Oncoclinica e a Unima Afya, realiza a série "Cores da Prevenção: Novembro Azul”, uma série de reportagens sobre câncer de próstata e a saúde do homem.

Na Oncoclínica, pacientes em tratamento contra o câncer recebem tratamento humanizado, com equipe multiprofissional.

A Unima/ Afya disponibiliza orientação jurídica e atendimento gratuito para a comunidade em sua clínica de saúde.