Veja a fortuna do rei Charles III e da família real britânica

Publicado em 04/05/2023, às 17h57
Foto: Reprodução/Redes Sociais -

Valor Econômico

A família real britânica exerce um fascínio em todo o mundo por sua pompa e — vez ou outra — seus escândalos. Fato é que, mesmo estando nas primeiras páginas dos jornais e dos sites de fofoca, pouco se fala sobre a fortuna da monarquia. O silêncio em torno do patrimônio seria uma forma de proteger os integrantes da realeza — e, quem sabe, manter o apoio dos súditos.

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Apesar das parcas informações sobre os bens da Casa de Windsor, um levantamento inédito feito pelo "The Guardian" aponta que a fortuna do rei Charles soma 1,8 bilhão de libras, o equivalente a cerca de R$ 11,3 bilhões.

Boa parte desse total foi herdado pelo monarca após a morte da mãe, a rainha Elizabeth II. Aqui é importante destacar que o soberano não paga imposto sobre herança, diferentemente do que acontece entre os súditos.

Em comunicado enviado ao "The Guardian", o porta-voz do Palácio de Buckingham disse: “Embora não comentemos sobre finanças privadas, seus números são uma mistura altamente criativa de especulação, suposição e imprecisão”. No entanto, se recusou a divulgar os valores que considera corretos.

É nesse contexto de privacidade que o testamento de Elizabeth II deve ficar selado por pelo menos 90 anos, para que a distribuição exata de seus bens não seja conhecida por várias gerações. Mas espera-se que o rei herde parte dos ativos pessoais da rainha, que a Forbes estima em US$ 500 milhões.

Entre suas novas atribuições, Charles III é agora o responsável por supervisionar o portfólio de propriedades, investimentos, joias, obras de arte, cavalos de corrida e selos raros, que, segundo cálculos inéditos da Forbes, alcança US$ 46 bilhões.

O ativo mais valioso, de acordo com a publicação, é o Crown Estate, um amplo portfólio imobiliário com US$ 20,7 bilhões em ativos líquidos. Essas propriedades incluem a Regent Street, o principal destino de compras de Londres, bem como o Hipódromo de Ascot e praticamente todo o fundo do mar do Reino Unido.

O lucro líquido do Crown Estate — que, no ano fiscal de 2022, foi de US$ 361 milhões — vai para o Tesouro britânico que, por sua vez, repassa uma “mesada” conhecida como Subsídio Soberano para a família real. O valor equivale a 25% do lucro líquido do exercício financeiro de dois anos antes. Para se ter ideia, em 2022, o Subsídio Soberano totalizou US$ 108,4 milhões.

Esse dinheiro não vai todo para o bolso do monarca, porém. Cerca de 10% é reservado para a manutenção do Palácio de Buckingham e um adicional de 15% é usado para financiar as viagens anuais da família real, eventos formais, limpeza e folha de pagamento.

Como rei, ele também ganha o controle do Ducado de Lancaster, uma propriedade privada com US$ 820 milhões em patrimônio líquido (veja mais abaixo). As receitas líquidas do ducado vão diretamente para o rei como um subsídio que cobre quaisquer outras despesas oficiais. Somente em 2022, o valor chegou a US$ 30 milhões, antes dos impostos.

Há também pelo menos 11 palácios, castelos e residências de propriedade do rei como soberano ou “por direito da coroa”. De acordo com estimativas fornecidas por Lenka Dušková Munter, especialista em vendas de propriedades históricas da agência imobiliária Luxent, e Colby Short, cofundador e CEO do site de agentes imobiliários GetAgent.co.uk, a Forbes estima o valor combinado dessas propriedades seja de US$ 10,1 bilhões.

Charles III também detém o Crown Estate Scotland, um portfólio com cerca de US$ 760 milhões em ativos líquidos, incluindo o fundo do mar escocês, propriedades rurais e os direitos de pescar salmão selvagem e extrair ouro natural e prata na Escócia.

Na seara de obras de arte, um relatório de 2017 da Brand Finance, uma empresa de avaliação de marcas com sede no Reino Unido, estima que o valor global da Royal Collection — que inclui quadros de Rembrandt, Vermeer, Caravaggio e Leonardo Da Vinci, além das joias da coroa – é de US$ 12,7 bilhões.

Veja abaixo os bens que agora fazem parte da fortuna pessoal de Charles III, segundo o The Guardian:

Carros - O Guardian identificou 23 Rolls-Royces, Bentleys e Jaguars no Palácio de Buckingham e Sandringham, a propriedade privada do rei em Norfolk. Só que nem todos são da Casa de Windsor: há carros emprestados pelos fabricantes e outros que são mantidos pelo soberano “por direito da coroa”. Ou seja, não são propriedade privada, mas estão sob sua responsabilidade em nome da nação.

Para confundir ainda mais as coisas, os veículos designados como “carros de Estado” às vezes são usados de forma particular. Isso aconteceu, por exemplo, no casamento da princesa Eugenie, que nunca trabalhou na realeza. Ela chegou à cerimônia em um Rolls-Royce Phantom VI de “Estado”, modelo de 1977, que custava 1,3 milhão de libras.

Excluindo essas várias exceções, especialistas consultados pelo jornal estimam que os carros que efetivamente pertencem ao rei valem 6,3 milhões de libras.

Propriedades privadas - Da mesma forma que acontece com os carros, o rei Charles III não é dono de todos os palácios, castelos e residências da Casa de Windsor. O Palácio de Buckingham e o Palácio de Kensington, por exemplo, são tecnicamente bens do soberano de direito da coroa.

Mas Charles herdou de sua mãe duas propriedades rurais que estão entre seus ativos mais valiosos. O primeiro é Balmoral, comprado como um esconderijo nas Terras Altas da Escócia pelo marido da rainha Vitória, Albert, em 1852. Especialistas avaliam o local de 21,7 mil hectares em cerca de 80 milhões de libras.

Balmoral serviu de morada para a família após a morte repentina de Diana, Princesa de Gales, em 1997, e para a rainha Elizabeth II nos últimos meses de vida.

Ainda mais valiosa, a propriedade de Sandringham, em Norfolk, foi comprada em 1862 por Victoria para seu filho. Por décadas, o local deu prejuízo, mas isso mudou quando o pai do rei, o príncipe Philip, passou a monetizá-lo. Hoje, ele vale cerca de 250 milhões de libras.

Além da própria mansão, que os turistas podem visitar por 23 libras, Sandringham tem centenas de propriedades para aluguel, 6,4 mil hectares de terras agrícolas e locações comerciais.

Cavalos - A rainha Elizabeth II investiu tempo e dinheiro na criação de cavalos de corrida, deixando de herança 70 puros-sangues, alguns mantidos no Royal Stud, em Sandringham. Eles têm valor estimado de 27 milhões de libras.

Desde a morte da mãe, em setembro do ano passado, Charles III começou a vender os animais e já embolsou 2,3 milhões de libras.

Selos raros - A coleção filatélica real é considerada a melhor do mundo e contém centenas de milhares de selos, alguns dos quais foram obtidos pelo bisavô de Charles III, George V, vindos dos correios britânicos e das antigas colônias.

Segundo o Guardian, o acesso extremamente limitado do público ao acervo aumenta a complexidade na tentativa de avaliá-lo. Mas o consenso é que vale pelo menos 100 milhões de libras.

Obras de arte - Tanto o príncipe Philip quanto a avó do rei, a rainha-mãe, eram ávidos colecionadores de arte e compraram muitas peças a preços baixos. É o caso de um Monet adquirido pela rainha-mãe em Paris, logo após a Segunda Guerra Mundial, por cerca de 2 mil libras. Hoje, o quadro pode valer 20 milhões de libras.

Levantamento do Guardian aponta que as 60 obras mais significativas de uma lista de quase 400 peças têm valor de mercado de cerca de 24 milhões de libras.

Joias - A rainha Mary, avó de Elizabeth II, era fascinada por joias e adquiriu a maior parte do que hoje constitui a coleção particular da família real. Vários dos itens mais conhecidos foram avaliados em 1989 pelo especialista Laurence Krashes para um livro do jornalista Andrew Morton.

De acordo com o Guardian, uma conta conservadora aponta que, de lá para cá, os preços de mercado teriam multiplicado por 10. Isso dá às 54 joias privadas um valor de 533 milhões de libras.

Investimentos - Em 1993, jornalistas do Times descobriram que a monarquia detinha cerca de 43 milhões de libras em ações do índice FTSE 100. Atualmente, os mesmos investimentos valeriam 118 milhões de libras.

Além disso, o monarca e o herdeiro do trono recebem dezenas de milhões de libras em “renda privada” anualmente (veja mais abaixo). Se a rainha Elizabeth II e agora rei Charles III tiverem poupado na mesma proporção que a média das famílias britânicas e investido o dinheiro em empresas do FTSE 100, eles teriam acumulado 58 milhões de libras extras.

Deduzindo 17 milhões de libras pelo pagamento do divórcio de Charles e Diana em 1996, o Guardian estima que a riqueza total da família seja de 142 milhões de libras.

Renda privada - O rei tem uma fonte de renda “privada” suplementar vinda do Ducado de Lancaster, uma propriedade de terras administrada como um negócio lucrativo. Com ativos declarados de 653 milhões de libras, ela fornece a quem estiver no trono pagamentos anuais de cerca de 20 milhões de libras.

O palácio chama o ducado de “uma propriedade privada mantida sob custódia do soberano”, embora seja uma entidade como nenhuma outra.

Para todos os efeitos, o ducado funciona como um bem privado e, nos cinco anos anteriores à sua morte, pagou à falecida rainha 109 milhões de libras.

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