Tragédia dos Andes: veja detalhes da história que não foram contados no filme

Publicado em 16/02/2024, às 11h30
Netflix -

CNN Brasil

O filme, lançado nos cinemas em 15 de dezembro, e na Netflix, em 4 de janeiro, recria a partir da ficção vários acontecimentos antes e depois do acidente.

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Mas, além de retratar a tragédia, Carlos Páez, um dos sobreviventes, disse à CNN Rádio Argentina que “não é um filme sobre a história dos Andes, é um filme sobre o ser humano”.

Isto porque “o filme coloca você na fuselagem, na avalanche, no acidente, no que você sofreu, no frio, na desesperança de não saber o que está acontecendo”, comentou Fernando Parrado, outro dos sobreviventes da tragédia, em entrevista ao programa de rádio uruguaio ‘En Perspectiva’.

E, dentro do fator humano, está o fato da sobrevivência. Como 16 pessoas conseguiram o que parece impossível? Como conseguiram sobreviver a um acidente de avião, a uma cordilheira nevada, a condições climáticas extremas, a viver sem comida, a todos os contratempos psicológicos durante 72 dias?

A verdadeira sociedade da neve - Um dos detalhes que mais chama a atenção na sobrevivência das 16 pessoas é o da dieta à base de carne humana, iniciada dois dias depois da tragédia nos Andes.

“Surgiu a ideia de que íamos oferecer um ao outro como comida (…). E o que poderia ser melhor do que servir de alimento para um amigo e não ficar preso na montanha, sendo comido por condores”, afirmou Eduardo Strauch, um dos sobreviventes, no documentário da CNN “Jornada sem Destino”.

“Assim começou a fase de viver daquela forma, que era impensável dois dias antes”, complementou.

No entanto, o canibalismo foi apenas um dos vários pontos que ajudaram na sobrevivência. Na realidade, o que possibilitou o milagre nos Andes foi a organização das pessoas.

Diante de condições completamente adversas, os sobreviventes se organizaram e criaram a chamada “sociedade da neve”, com regras impensáveis.

“Viemos da civilização, e de um dia para o outro nos encontramos no nada e começamos a nos transformar em outra sociedade, com outros códigos. Estávamos liderando a sociedade da neve com a colaboração de todos, no cargo que havia sido atribuído a cada um”, explicou Strauch.

O sobrevivente Roberto Canessa disse à CNN que criaram na cordilheira uma “sociedade diferente, uma sociedade que, quando alguém morria, você não sentia pena do morto, mas de si mesmo, porque estava na lista de espera”.

Nessa sociedade, cada pessoa tinha atividades específicas para poder progredir da melhor forma possível.

“Pensei que havíamos retornado a uma civilização primitiva, mas percebi que não. Construímos uma civilização avançada, porque todo o conhecimento que tínhamos do passado era inútil, e criamos coisas novas”, ressaltou o sobrevivente Gustavo Zerbino ao canal de televisão uruguaio Teledoce.

“As regras apareciam por si mesmas. Era proibido reclamar; os bens eram da comunidade; e o amor, o carinho e ajudar alguém que estava na sua frente, era permanente”, adicionou.

Organização e tarefas da sociedade da neve - Segundo o Snow Society, site especializado na tragédia, nos primeiros dias após o acidente, o sobrevivente Marcelo Pérez del Castillo, capitão do time de rugby que estava no aviã,o foi quem assumiu o papel de líder organizou equipes de trabalho:

No dia 23 de outubro, 10 dias após a queda do avião, os sobreviventes do grupo ouviram por um rádio que conseguiram fazer funcionar que as buscas haviam sido suspensas.

Depois disso, Pérez del Castillo entrou em colapso e deixou o cargo de líder, ainda segundo o site Snow Society.

Então, Fito Strauch, Eduardo Strauch e Daniel Fernández assumiram o papel de organizar as tarefas.

Comida, água e suprimentos para sobrevivência
Como mencionado acima, comer carne de pessoas já falecidas era essencial para a sobrevivência após o acidente.

“Estávamos acostumados a conviver com a morte, a nos alimentar de nossos amigos que estavam vivos há dois dias. Isso foi muito difícil, mas a capacidade do homem é ilimitada, como poder esticar o limiar da dor. Acabou sendo algo natural”, ponderou Zerbino ao Teledoce.

No entanto, os sobreviventes garantiram ao Teledoce que “o sofrimento da sede era muito pior que o frio. A sede era muito pior que a fome”.

Para amenizar a necessidade pela água, o site Snow Society indica que Adolfo Strauch utilizou placas de alumínio dos assentos do avião para derreter a neve e transformá-la em água.

As placas tinham um buraco no meio, e foram dobradas para criar uma espécie de funil.

Ao meio-dia, o Sol batia forte nos Andes. Então as placas foram colocadas sob a luz solar, com uma camada de neve em cima delas. A água derretida passava pelo buraco e era recolhida com uma garrafa.

Mas esse aparelho não fornecia a quantidade necessária de água. Por isso, Zerbino destacou que seu companheiro Antonio Vizintín saiu da fuselagem onde moravam e se dirigiu para outra parte destruída do avião.

De lá, ele carregou uma lata de lixo de metal que estava na aeronave. Com ela, eles poderiam colocar muita neve e pegar toda a água que precisassem.

“[Vizintín] trouxe a máquina infernal de fazer água, como a gente diz, que era uma coisa [grande] de alumínio que descia até o fundo”, explicou o sobrevivente.

Outros elementos que o grupo usou para sobreviver, de acordo com o site Snow Society, foram:


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