Saúde

Tempo de festa, Natal pode fazer mal à saúde

Quem tem alta hospitalar nessa época tem mais chance de morrer; na noite de 24 de dezembro há pico de infartos

| 24/12/18 - 19h12
Ceia de Natal | Foto: Reprodução

Parece um milagre de Natal, só que ao contrário. A época do ano na qual são mais profusos os símbolos de solidariedade e amizade esconde alguns aspectos terríveis para a saúde, como engordar, ter um infarto e até mesmo morrer.

Um estudo sueco acompanhou 283.014 ataques cardíacos ao longo de 16 anos e descobriu que o dia do ano em que há maior risco é a véspera de Natal, quando as emoções estão à flor da pele, segundo os cientistas.

Pelas contas, o risco é 37% maior nesse dia em relação à média anual, com maior probabilidade de ocorrer perto das 22h (talvez na hora da revelação do amigo secreto, se é que isso existe na Suécia).

Claro que para a maioria da população o risco, mesmo aumentado, continua sendo irrisório, mas há quem corra mais perigo: idosos com mais de 75 anos e que sofrem com doenças crônicas como diabetes e problemas cardiovasculares. Concluem os autores que é preciso uma atenção maior a esse público especialmente no mês de dezembro.

Essas mortes sazonais são mais comuns no inverno e estão ligadas também à baixa temperatura, alerta Paulo Lotufo, professor de medicina da USP. No Brasil, o maior risco se dá, portanto, no período entre junho e setembro. Em cidades grandes como São Paulo, a poluição pode agravar o quadro.

A pesquisa saiu neste mês na revista British Medical Journal, que também trouxe ao menos outras duas más notícias sobre o Natal.

A primeira é que quem tem alta hospitalar nessa época do ano tem mais chance de morrer. Um estudo, realizado no Canadá, monitorou 217.305 altas entre 2002 e 2016 em hospitais de Ontario nos dias próximos ao feriado e comparou com outras 453 mil dispensadas no final de novembro e em janeiro.

Quem recebe alta nesses tempos tem um risco maior de morrer nos 30 dias seguintes, com um pico de 16% na primeira semana.

Trocando em miúdos, para cada 100 mil pacientes, há 26 mortes e 188 re-hospitalizações que podem ser atribuídas simplesmente à época do ano. Mas isso não quer dizer que valha a pena ficar no hospital e estourar a champanha por lá. Os cuidados recebidos nos feriados e fins de semana geralmente também não são dos melhores, outros estudos já mostraram, por falta de pessoal ou de agenda para exames, por exemplo.

Os autores do estudo, no entanto não descartam que outros fatores possam explicar o fenômeno, mas dizem que as comemorações, incluindo os excessos gastronômicos e etílicos, além da falta de sono, podem se juntar às fortes emoções e acabar com a festa. "Essas circunstâncias alteradas podem desestabilizar condições médicas agudas", escrevem os pesquisadores.

Falando em comida, um dos riscos mais conhecidos do Natal é o de ganhar uns quilinhos e já começar o ano brigando com a balança.