Folhapress
Bombardeios dos Estados Unidos na Síria e no Iraque da sexta-feira (2) provocaram quase 40 mortes, afirmaram representantes de ambos os países do Oriente Médio neste sábado (3).
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Segundo o porta-voz do governo de Bagdá Bassem al-Awadi, os ataques americanos deixaram ao menos 16 mortos no oeste iraquiano, incluindo civis. Já o Observatório Sírio de Direitos Humanos afirmou que ofensivas nos locais alvejados mataram 23 pessoas que estavam de guarda neles.
A chancelaria iraquiana convocou o encarregado de negócios (embaixador interino) dos EUA em Bagdá no sábado para entregar um memorando oficial em protesto pelos ataques.
Na véspera, os EUA haviam anunciado bombardeios a mais de 85 alvos ligados à Guarda Revolucionária do Irã (IRGC) e às milícias que ela apoia no Iraque e na Síria, retaliação a um ataque de drone à base militar americana Tower 22, na Jordânia, que deixou ao menos 3 mortos e mais de 40 feridos no último dia 27. Então, Teerã negou ter tido participação direta na operação.
Com as ofensivas desta sexta, "a segurança do Iraque e da região estão à beira do abismo" disse al-Awadi, o porta-voz iraquiano, em comunicado. Ele desmentiu o que chamou de "alegações falsas" sobre uma "coordenação prévia" com Washington acerca dos bombardeios -no dia anterior, o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, havia dito a repórteres que o governo iraquiano tinha sido informado sobre a ofensiva.
A ação mais recente dos EUA contribui para aumentar ainda mais as tensões no Oriente Médio em meio aos temores de uma regionalização da Guerra Israel-Hamas.
Além de responder às mortes dos militares americanos, as primeiras no Oriente Médio desde o início do conflito na Faixa de Gaza, o objetivo dos bombardeios desta sexta era enviar uma mensagem ao Irã e aos grupos apoiados por ele de que ataques contínuos às tropas americanas na região e a navios no mar Vermelho -esses, de autoria dos rebeldes houthis, do Iêmen-, provocariam uma reação.
O Hamas condenou os ataques americanos e disse que Washington estava jogando "gasolina no fogo".
Enquanto isso, o Reino Unido, que também vinha ajudando a coordenar ações no mar Vermelho, reiterou seu apoio aos EUA, que chamou de "aliados firmes", e defendeu o que descreveu como o direito de resposta deles aos ataques.
Também no sábado, o ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radek Sikorski, ao chegar para uma reunião da União Europeia (UE) em Bruxelas, disse que os ataques dos EUA foram o resultado de milícias ligadas ao Irã "brincando com fogo".
Autoridades do governo americano disseram que Biden teve pouca escolha a não ser retaliar depois que o ataque na Jordânia matou três militares americanos, especialmente porque suas mortes ocorreram em meio a uma série de outras ofensivas de grupos apoiados pelo Irã, tanto os houthis quanto o Kataib Hezbollah, no Iraque.
O Ministério das Relações Exteriores do Irã condenou no sábado os ataques no Iraque e na Síria, classificando-os de "violações da soberania e integridade territorial" dos dois países. O porta-voz da pasta Nasser
Kanaani disse em comunicado que eles representavam "outro erro aventureiro e estratégico dos EUA que resultará apenas em aumento da tensão e instabilidade na região".
Kanaani disse que a ação americana foi projetada "para encobrir os crimes do regime sionista [Israel] em Gaza". Ele não indicou se o Irã tomaria alguma medida em resposta, mas instou o Conselho de Segurança da ONU a impedir "ataques ilegais e unilaterais dos EUA na região".
A Rússia também condenou os ataques e disse que situação precisa ser analisada pelo Conselho de Segurança da ONU, segundo a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova. "É óbvio que os ataques aéreos são deliberados, pensados para acirrar ainda mais o conflito. Ao atacar, quase sem pausa, as instalações de grupos supostamente pró-iranianos no Iraque e na Síria, os Estados
Unidos estão tentando propositalmente levar os maiores países da região ao conflito", disse Zakharova em comunicado no sábado (3).
Também no sábado, fontes disseram à agência de notícias Reuters que a base americana de al-Harir, no Iraque, não foi atacada, apesar das alegações da Resistência Islâmica no Iraque de que tinham atingido o local .
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