Redação
O desastre ambiental causado pela Braskem em cinco bairros de Maceió parece não ter afetado o interesse pela empresa, que tem em Alagoas uma das suas principais plantas industriais.
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Agora mesmo, a Adnoc, uma petrolífera de Abu Dabhi, manifesta intenção em adquirir 38% do capital da Braskem, que já está repassando a informação ao seus empregados.
É o que revela
, no jornal “O Estado de São Paulo”:“A Braskem está avisando seus funcionários que a Adnoc, a petrolífera, desembarca no Brasil a partir de janeiro para dar andamento às diligências que são parte do processo de aquisição que está sendo negociado com a Novonor (ex-Odebrecht) e a Petrobras, donas das maiores participações na petroquímica. A mensagem transmitida a funcionários é de que os negócios continuam acontecendo, apesar de uma nova crise em Alagoas, após o rompimento de uma das 35 minas de exploração de sal-gema desativadas desde 2019 na unidade de Maceió.
A informação levada foi a de que representantes da Adnoc estão marcando encontros com o alto escalão da Braskem para conduzir novas diligências. Em comunicado interno, a empresa avisa que haverá visitas técnicas de equipes da Adnoc junto com assessores globais em unidades da Braskem.
A petroquímica de Abu Dabhi já fez as diligências financeiras, que resultaram em uma proposta de R$ 10,5 bilhões por uma fatia de 38% no capital total da Braskem. Agora, faltam as diligências mais amplas, pelas quais a empresa terá acesso a documentos e informações comercialmente confidenciais, com o objetivo de mitigar riscos no negócio, como o de Alagoas. Posteriormente, a Adnoc pode apresentar uma proposta firme de preço, também chamada de vinculante.
Alagoas é onde reside o maior problema da Braskem. Em 2019, levou a holandesa LyondellBasell a desistir do negócio já confirmado pela petroquímica brasileira. A Braskem tem provisões de R$ 14,4 bilhões pelo acidente geológico causado pela exploração de sal-gema em Maceió, dos quais já desembolsou R$ 9,2 bilhões. Existem ainda outros cerca de R$ 3 bilhões em ações na Justiça movidos pelo governo do Estado de Alagoas e Ministério Público, que estão em discussão.
Mas o rompimento no dia 09 da mina 18, uma das 35 desativadas em 2019 na lagoa Mundaú, trouxe novamente o problema aos holofotes, levando o Ministério Público Federal (MPF) a solicitar o bloqueio de R$ 1 bilhão da empresa. O pedido foi negado pela Justiça. As agências de classificação de risco Moody’s e Fitch rebaixaram a nota de crédito da Braskem na semana passada.
A gigante estatal árabe é dona da única proposta hoje na mesa, de R$ 10,5 bilhões, por uma fatia de 38% no capital total da petroquímica. Ao mesmo tempo, tem mantido negociações com o governo brasileiro desde o início do ano. A Braskem é controlada pela Novonor e a Petrobras é sua maior sócia. A Petrobras, que tem direito de preferência na aquisição da Braskem, concluiu recentemente sua “due diligence” na empresa.
A ideia da Adnoc é marcar presença nas Américas com esta aquisição, criando uma plataforma de investimentos a partir da Braskem, que pode ter seu capital fechado. O eventual fechamento do negócio envolveria a aceitação da proposta por um grupo de cinco grandes bancos – Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) –, que têm ações da Braskem dadas em garantia por empréstimo pela então Odebrecht.
Procuradas, a Adnoc e a Braskem não comentaram.”
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