Redação
Texto de Carlos Graieb:
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“Não sei qual o seu caso, mas a resposta de vários políticos de esquerda aos ataques do Hamas em Israel é uma causa de assombro para mim.
Os fatos brutos não estão sujeitos a interpretação. Homens armados assassinaram centenas de civis indefesos de todas as idades – bebês, crianças, jovens, adultos, idosos. Entre os mortos há muitos que nem sequer eram israelenses, embora fossem judeus. Bruna Valeanu e Ranani Glazer, ambos brasileiros, são exemplos disso.
Todos essas execuções exigem um repúdio incondicional. Em vez disso, políticos de esquerda se enredam em discursos sobre “contexto” e “história” que jamais deveriam ser usados para justificar o terrorismo.
Contexto e história podem ser invocados em discussões políticas. O terrorismo é o avesso da política. O Hamas jamais esteve interessado em negociar com Israel: sua meta sempre foi varrer do mapa o Estado judeu (aquilo que o Partido da Causa Operária, de maneira inaceitável, chamou de “estado fictício de Israel” aqui no Brasil). O ódio dos fundamentalistas não advém de qualquer coisa que os israelenses façam, tenham feito ou venham a fazer, mas de algo muito mais elementar: sua existência.
Quem procura relativizar o terrorismo do Hamas abre mão de reagir de maneira simples e intuitiva ao massacre que o grupo promoveu. Essas pessoas alegam compreender a situação de maneira mais profunda, mas é o contrário disso. Elas padecem de cegueira moral e também daquilo que o filósofo inglês Quassim Cassam chama de “vícios intelectuais”: atitudes, traços de caráter e maneiras de pensar que obstruem sistematicamente a capacidade de entender a realidade. São vícios porque, com algum esforço, poderiam ser sanados.
Alguns vícios intelectuais denotam um viés cognitivo inconsciente, como são todos os tipos de preconceito; outros resultam em raciocínios confusos e enganosos, como aqueles que confundem o terrorismo com métodos legítimos de ação política.
No livro Vices of the Mind (Vícios da Mente), Cassam afirma que os vícios intelectuais representam um desafio para a democracia e homenageia a filósofa inglesa Susan Stebbing, que em 1939, no início da II Guerra Mundial, deixou de lado a linguagem acadêmica para escrever uma obra sobre os perigos políticos do “pensamento retorcido”.
“Estou convencida da necessidade urgente de cidadãos democráticos pensarem com clareza, sem as distorções causadas por vieses inconscientes ou pela ignorância”, escreveu Stebbing. E Cassam emenda: “Seu livro foi uma tentativa de encorajar os leitores a melhorar seu pensamento, alertando sobre algumas das variedades de raciocínios falhos a que somos inclinados.”
Não faltam vícios intelectuais e pensamentos retorcidos no debate público brasileiro.”
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