Redação
Neste seu terceiro mandato presidencial Lula (PT) tem buscado, bem ao seu modo, um protagonismo externo que tem levado o corpo diplomático a situações embaraçosas.
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As opiniões do presidente brasileiro sobre questões internacionais, desde o conflito Rússia-Ucrânia, passando por declarações polêmicas sobre o povo judeu e, mais recentemente, a respeito das Ilhas Malvinas, que até gerou anos atrás uma guerra entre a Argentina e a Inglaterra.
Nuno Vasconcellos, no portal IG, trata deste tema:
“… Embora a relação entre o Brasil e Israel, neste momento, esteja marcada pela tensão, é importante observar que as desavenças não nasceram de nenhum dos problemas que normalmente levam dois países a um conflito. Sim! Quem analisa os fatos — e percebe os interesses que estão em jogo para um e para o outro — não encontra uma única razão para que a tensão tenha chegado ao ponto a que chegou.
Os dois países não têm, por razões óbvias, qualquer pendência relacionada com questões territoriais, como a que justificou a guerra das Malvinas entre a Argentina e a Inglaterra em 1982. Não houve entre eles o rompimento de qualquer tratado que os pusesse de lados opostos em questões relacionadas a seus próprios interesses — como o que levou à entrada da Grã-Bretanha na Segunda Guerra Mundial, depois do ataque da Alemanha nazista à Polônia. E por aí vai.
Ou seja, naquilo que diz respeito a seus interesses específicos, jamais houve qualquer fato razoável que se mostrasse forte o bastante para justificar que Brasil e Israel ajam como se um fosse o Inimigo nº 1 do outro, como fizeram na semana passada. O que houve foram declarações inoportunas e provocações que, sinceramente, não fazem bem ao Brasil, que, neste momento, enfrenta problemas sérios demais para se envolver em um bate-boca como esse.
O fato é que as raízes da desavença recente entre eles são de natureza puramente ideológica. No que diz respeito ao Brasil, o Itamaraty tem seguido nos últimos anos um caminho que parece inverso àquele recomendado pelos manuais. As decisões mais importantes, por aqui, têm sido tomadas mais com base na ideologia predominante no governo do que nos interesses estratégicos e econômicos do país. Isso vale para as administrações petistas assim como, na direção contrária, valeu para o governo de Jair Bolsonaro.
Nesse cenário, não é segredo que, a despeito da neutralidade manifestada nos momentos iniciais do atual conflito no Oriente Médio, em outubro do ano passado, Brasília nunca procurou esconder sua simpatia pela causa palestina. E essa simpatia, como fica mais evidente a cada momento, se estende ao grupo Hamas. Nesse ponto, o país sequer admite aquilo que já está claro para o mundo inteiro — ou seja, que o grupo não passa de uma organização terrorista que rejeita a paz. Para o Hamas, a criação de um Estado Palestino é menos importante do que a destruição de Israel.
A pergunta é: o que o Brasil tem a ganhar com essa postura? A rigor, nada. A posição em relação a um conflito que deveria ser marcada por uma neutralidade real, e não apenas da boca para fora, se sustenta mais pelas afinidades puramente ideológicas do atual governo com um dos lados envolvidos no conflito e seus apoiadores — como é o caso da ditadura do Irã. Embora tenha anunciado desde o início a intenção de promover a paz, o Brasil nunca foi convincente em sua condenação aos atentados terroristas covardes que desencadearam o conflito.”
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