Redação
A troca de favores entre o Congresso Nacional e o governo federal atingiu neste início de ano seu ponto máximo.
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A forma mais costumeira é, historicamente, a liberação de emendas parlamentares para, em contrapartida, o Executivo ter o respaldo do Legislativo.
Isso acarreta consequências lesivas ao interesse público, como explica o empresário Nuno Vasconcellos:
“… O que a operação ‘me engana que eu gosto’ levada adiante pelos funcionários do IBAMA tem a ver com a inabilidade que elevou as picuinhas regionais do INCRA de Alagoas à condição de problema nacional? O que o apetite desmedido dos parlamentares da chamada ‘base aliada’ por emendas constitucionais tem a ver com tudo isso?
No fundo, no fundo, todo esse debate diz respeito à falta de articulação política e da definição clara do rumo que o governo pretende seguir.
Ao distribuir as vagas no ministério entre políticos que têm agendas próprias e não necessariamente convergentes, o governo acabou estimulando a criação de um ambiente onde cada um parece agir por sua própria conta. Cada um fala sua própria língua, se guia por seu próprio interesse e, em meio a tudo isso, ninguém parece se entender.
No final das contas, o receio que se tem é o de que aquela que poderia ser a principal marca do terceiro mandato de Lula —ou seja, a recuperação da economia, a retomada do desenvolvimento e a volta do pleno emprego — pode ficar pelo meio do caminho.
Ela corre o risco de não acontecer devido a uma sucessão de erros que o próprio governo vem cometendo justamente naquele que parecia ser seu ponto mais forte: a grande habilidade e capacidade de articulação política do presidente.
Se esse quadro não mudar e todos não passarem a andar na mesma direção, problemas como esse se tornarão ainda mais frequentes.
E as promessas de um novo país feitas por Lula desde a campanha não terão passado, como dizia Chico Buarque de Hollanda, de uma ‘ilusão passageira, que a brisa primeira levou’.
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