Pedro Acioli*
As Paralímpiadas de Paris tiveram início na última quarta-feira (28) e o Brasil começou dando um show conquistando ouro já no primeiro dia de competição. Aproveitando esse clima de competição, a reportagem do TNH1, entrou em contato com o paratleta alagoano de natação Júnior Alexandre, que explicou a importância da competição e como é acompanhar, mesmo que de fora, os companheiros de trabalho.
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De acordo com o nadador, o evento mobiliza não só quem está lá, mas motiva também as pessoas que estão acompanhando. “Toda pessoa com deficiência se motiva, até as que não praticam esporte. Inclusive, as pessoas sem deficiência. Eles vão ver que os atletas com todas as questões estão ali fazendo natação, atletismo, vôlei sentado, e vão acreditar que também podem”, relatou Júnior Alexandre.
"O esporte traz a vida à pessoa com deficiência para a sociedade. Hoje eu conheço o Brasil e o mundo representando meu esporte natação”, complementou o atleta.
Orgulho dos atletas
A primeira medalha de Ouro do Brasil em Paris veio com Gabrielzinho, de 22 anos, na natação, na prova de 100m nado costas, categoria C2. O alagoano Júnior já chegou a competir com Gabrielzinho, que classificou como uma pessoa humilde. Júnior disse estar orgulhoso com a conquista do medalhista. Além do ouro, o alagoano também citou a conquista de Prata de Phelipe Rodrigues no 50m livre S10.
É ouro! O atleta Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, conquistou a 1ª medalha do Brasil nas Paralimpíadas Paris 2024. Foto: Alexandre Schneider/CPB |
“É muito bom ver esses atletas que competem com a gente durante o campeonato brasileiro, estar nadando nas Olímpiadas e representando não só eles, mas toda a população brasileira”, enfatizou Júnior.
História de vida - Júnior contou que nasceu sem deficiência física, mas um tumor começou a nascer na perna dele e, quando ainda tinha 13 anos de idade foi submetido a uma intervenção cirúrgica para a amputação da cabeça do fêmur. Com isso, ele tem uma perna 8cm mais curta que a outra. Dois anos depois, aos 15 anos, ele já começou a treinar para se tornar o atleta que é hoje.
Evolução no esporte - Júnior relatou que o cenário, principalmente em Alagoas, vem evoluindo muito na área do esporte, musculação e até fisioterapia. “Quando eu iniciei, 20 anos atrás, não tinha tanta tecnologia quanto hoje. Os profissionais não eram capacitados para trabalhar com pessoas com deficiência”.
O nadador se mostrou otimista com o futuro do esporte paralímpico no estado. “Agora é capacitar os atletas para que eles possam estar competindo, representando nosso estado, trazendo medalhas. Não só nas Paralímpiadas, mas quem traz medalha no brasileiro e no regional já é muito vitorioso”.
O paratleta alagoano Júnior Alexandre com medalhas conquistadas em competições de natação |
Rotina de treinos e incentivo - O paratleta contou que já participou de seletivas para Paralimpíadas, mas que ainda não chegou a participar de uma. Descrevendo sua rotina de treino, ele expôs que tem que dividir os horários com o trabalho de servidor público e com a faculdade de direito. Em comparação a outros atletas, ele cita que alguns conseguem se dedicar exclusivamente ao esporte, e assim, ter mais tempo de treino e descanso.
Assim como a evolução no esporte, o incentivo financeiro também vem aumentando. Hoje, Júnior conta que tem incentivo do governo estadual, através do Bolsa Atleta. Além disso, o incentivo da associação também é maior e há um patrocínio de musculação, de natação e entre outros.
Conquistas - Júnior Alexandre já foi campeão Panamericano e durante a seletiva no Chile, ano passado conquistou cinco medalhas, sendo três de ouro e duas medalhas de prata. Ao todo, ele soma 17 medalhas internacionais.
Para o segundo semestre de 2024, ele mira quatro competições, entre elas: três campeonatos brasileiros e os jogos aquáticos, no Ceará, em dezembro.
Confira outras conquistas dele:
*Estagiário sob supervisão
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