Olhar Digital
Cientistas americanos conseguiram atingir algo inédito: medir a idade biológica correta, de acordo com o envelhecimento celular, de animais. O chamado “relógio epigenético” consegue prever a verdadeira idade biológica de mamíferos através da análise de seu DNA. Trata-se de um relógio computacional que, segundo seu criador Steve Horvath, pode até mesmo nos ajudar a entender “a verdadeira causa raiz do envelhecimento”.
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Tudo começou em 2017, quando Steve Horvath, que até recentemente era um pesquisador de antienvelhecimento na UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles), enviou inúmeros e-mails para zoológicos, museus, aquários e laboratórios solicitando amostras de DNA das mais diversas espécies de animais.
Ele também participou de palestras sobre morcegos e demônios da Tasmânia para conhecer melhor seus objetos de estudo. Então, Horvath usou todos os recursos disponíveis em sua mão para solicitar para todos os cantos do mundo por amostras de DNA de raposas-voadoras, macacos-vervet, miniporcos e baleias-da-groenlândia.
Há um ano, o pesquisador foi atrás do DNA de um pangolim, um antigo tamanduá escamoso, para adicioná-lo a sua amostra que já contava com cerca de 200 mamíferos. Com essa vasta coleção, ele construiu relógios computacionais que podem calcular a idade de criaturas tão diversas quanto musaranhos, coalas, zebras, porcos e “todas as baleias que você puder nomear”, disse ele ao Wired, apenas observando seu DNA.
Relógio epigenético pode ajudar a descobrir a causa do envelhecimento
Mas esses foram apenas passos para a conclusão do ambicioso projeto final de Horvath: um relógio universal que pudesse medir a idade biológica de qualquer mamífero. No entanto, isso pode ser muito mais difícil do que parece. Não se pode medir a real idade de animais usando o sistema humano de contagem de tempo, como relógios e calendários. Cada organismo tem um envelhecimento biológico diferente, e quantificar isso não é nada simples.
Durante décadas, os cientistas procuraram uma forma objetiva e versátil de medir o envelhecimento biológico e as mudanças na saúde ao longo do tempo. “Queremos ter um biomarcador que meça com precisão as idades em muitos tecidos e tipos de células diferentes”, disse Horvath, que deixou a UCLA este ano para se tornar um investigador principal da Altos Labs, uma startup de biotecnologia que trabalha para o rejuvenescimento das células.
Horvath e seus colegas completaram uma versão do relógio pan-mamífero no início deste ano. Agora, ele e outros pesquisadores esperam identificar os processos moleculares comuns a diversas criaturas que tornam esse relógio possível. Entender por que relógios como este funcionam, segundo Horvath, pode ajudar a nos levar ao que ele chama de “a verdadeira causa raiz do envelhecimento”.
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