Correio Braziliense
A Autoridade de Fertilização e Embriologia Humana do Reino Unido (HFEA, na sigla em inglês) anunciou, nesta quarta-feira (10/5), o nascimento do primeiro bebê com DNA de três pessoas do país, após a realização de um procedimento inovador de fertilização in vitro. Apesar de não ser inédita, a técnica é vista com entusiasmo, pois visa impedir que as crianças herdem doenças incuráveis. As informações são do jornal inglês The Guardian.
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O procedimento é conhecido com tratamento de doação mitocondrial (MDT) e consiste no uso de tecido de óvulos de doadoras saudáveis, a fim de criar embriões de fertilização in vitro livres de mutações nocivas. Esses embriões combinam o esperma e o óvulo dos pais biológicos com as mitocôndrias do óvulo doador. Então, além do material genético do pai e da mãe, o bebê carrega uma pequena quantidade do doador.
Embora a expressão popularizada seja "bebês de três pais", a criança carrega cerca de 99,8% do DNA dos pais biológicos. Segundo o órgão regulador do país, o procedimento foi realizado outras vezes e o número de nascimentos no país foi "inferior a cinco" no final de abril.
A técnica inovadora de fertilização in vitro foi legalizada no Reino Unido em 2015. No país, apenas uma clínica é licenciada para realizar o procedimento, a Newcastle Fertility Centre.
"O processo de Newcastle tem várias etapas. Primeiro, o esperma do pai é usado para fertilizar os óvulos da mãe afetada e de uma doadora saudável. O material genético nuclear do óvulo do doador é então removido e substituído pelo do óvulo fertilizado do casal. O ovo resultante tem um conjunto completo de cromossomos de ambos os pais, mas carrega as mitocôndrias saudáveis do doador em vez das mitocôndrias defeituosas da mãe. Este é então implantado no útero", detalhou o jornal.
Apesar de inovadora, os cientistas defendem a continuidade de estudos para poder mensurar melhor os riscos e limitações da técnica, pois o número de casos relatados é muito pequeno para tirar conclusões definitivas sobre segurança ou eficácia.
O primeiro caso do mundo de bebê com DNA de três pessoas foi registrado em 2016, no México. A criança é fruto de um trabalho desenvolvido por pesquisadores norte-americanos. Durante o procedimento, os pesquisadores pegaram dois óvulos: o da mãe e o de uma doadora. Então, eles retiraram o núcleo do primeiro e inseriram no segundo - que já estava sem núcleo. Na sequência, fertilizaram esse óvulo com o esperma do pai. Assim, a maior parte do código genético da criança foi herdada dos pais. Ao todo, foram fertilizados cinco embriões. Porém, apenas um se desenvolveu.
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