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As mulheres são melhores do que os homens em se colocar no lugar dos outros e imaginar o que a outra pessoa está pensando ou sentindo. A conclusão é de um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). Feito com mais de 300.000 pessoas em 57 países, esse é o maior estudo da "teoria da mente" já realizado.
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"Nossos resultados fornecem algumas das primeiras evidências de que o conhecido fenômeno - que as mulheres estão em em média mais empática do que os homens - está presente em uma ampla variedade de países em todo o mundo. É somente usando conjuntos de dados muito grandes que podemos dizer isso com confiança.", disse David M. Greenberg, o principal pesquisador do estudo, do Zuckerman Scholar na Universidade Bar-Ilan e pesquisador associado honorário na Universidade de Cambridge.
Colocar-se no lugar de outras pessoas, imaginar seus pensamentos e sentimentos é uma parte fundamental da interação e comunicação social humana. Isso é conhecido como "teoria da mente" ou "empatia cognitiva". Durante décadas, pesquisadores estudaram o desenvolvimento dessa teoria, desde a infância até a velhice.
Um dos testes mais amplamente usados para isso é chamado "Reading the Mind in the Eye" ou "Lendo a mente nos olhos"(em tradução livre), que pede aos participantes para escolherem qual palavra melhor descreve o que a pessoa na foto está pensando ou sentindo, apenas visualizando imagens da região dos olhos.
Trabalhos anteriores já haviam mostrado que, em geral, as mulheres pontuam mais alto que os homens em testes de teoria da mente. No entanto, a maioria desses estudos limitou-se a amostras relativamente pequenas, sem muita diversidade geográfica, cultural e/ou etária.
No novo estudo, pesquisadores das universidades Bar-Ilan, Harvard, Washington, Haifa e IMT Lucca, liderados pela Universidade de Cambridge analisaram dados de 305.726 participantes em 57 países, provenientes de diferentes plataformas online.
Os resultados mostraram que em todos os países, as mulheres tiveram uma performance melhor do que os homens no teste. Em 36 países, elas obtiveram pontuações significativamente mais altas do que os homens e em 21, pontuações semelhantes. Os pesquisadores ressaltam que não houve nenhum país onde os homens obtiveram pontuações significativamente mais altas do que as mulheres. A diferença entre os sexos foi observada ao longo da vida, dos 16 aos 70 anos de idade, em três conjuntos de dados independentes e em versões não inglesas do teste, abrangendo oito idiomas.
Embora este estudo não consiga discernir a causa dessa diferença entre os sexos, os autores acreditam que isso pode ser resultado de fatores biológicos e sociais.
"Este estudo demonstra claramente uma diferença de sexo amplamente consistente entre países, idiomas e idades. Isso levanta novas questões para pesquisas futuras sobre os fatores sociais e biológicos que podem contribuir para a diferença média observada entre os sexos na empatia cognitiva”, diz Carrie Allison, diretora de Pesquisa Aplicada do Centro de Pesquisa em Autismo da Universidade de Cambridge.
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