Medo de abraçar e beijar; pandemia mudou para sempre as relações humanas

Publicado em 11/03/2023, às 11h50
Foto: Reprodução/FreePik -

O Tempo

Em 11 de março de 2020, a OMS anunciava emergência de saúde pública em todo o mundo por causa da Covid-19. A data marcou o início da pandemia e também uma série de mudanças na sociedade desde então. E não foram poucas! O mundo, três anos depois, vive um diferente momento nas relações sociais, na tecnologia, na medicina, no trabalho e até nas relações de consumo. O isolamento social, principal alternativa para evitar o contágio do vírus, levou o ser humano a buscar novas formas de continuar executando as mais variadas tarefas.

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Mas as mudanças mais marcantes, sem dúvida, foram nas relações humanas. Com o risco de contágio, o contato entre pessoas se tornou um medo recorrente. Os beijos e abraços foram substituídos por um novo cumprimento: o soquinho com as mãos. No início, pensado como a melhor estratégia para evitar o aperto de mãos, que poderia ser potencial meio de transmissão da doença. 

Três anos depois, mesmo com flexibilizações e retorno de festas e aglomerações, esse cumprimento ainda é recorrente. Mas muito além de cumprimentar, o simples encontro com outras pessoas também mudou. Há relatos, inclusive, de quem admite “não saber mais” como se relacionar com outras pessoas pessoalmente. A sensação é de estar “enferrujado” e ter se tornado um pouco “antissocial”.

Nas redes sociais, relatos como esses são comuns:

@MSeraffi: Meu deus a Pandemia me deixou antissocial, encontrei um amigo da escola e não sabia manter uma conversa

@wladmirQuirino: Ontem perdi uma farra das boas com grandes amigos. Mas... Não deu. Passei o sábado mazelado. Na verdade, a pandemia me deixou mais antissocial. 
Muito receio com bares, restaurantes ou cervejarias, como foi a farra de ontem.

@MaisaSouzaa: A pandemia me deixou tão antissocial que eu fico desconfortável em lugares com muita gente

Medo de beijar - Segundo especialistas, o tato é um dos primeiros sentidos que o ser humano desenvolve no nascimento e ele sente muito a necessidade de tocar, abraçar e beijar. Com a pandemia, porém, o medo do contágio criou, no entanto, uma espécie de barreira para algumas pessoas.

Em 2021, o aplicativo de encontros Gleeden fez uma pesquisa entre seus usuários e mostrou que 63% dos entrevistados afirmaram ter ficado sem beijar desde o início da pandemia, e um dos motivos era justamente o medo da contaminação.

Relações de trabalho - Uma das primeiras atitudes após fechamento de bares, restaurantes e comércios de rua, foi a adoção do home office nos diversos setores que poderiam usar essa modalidade como opção. Há relatos de empresas que nunca mais voltaram ao trabalho presencial, por entenderem que não fazia mais sentido.

Consequência do home office, as reuniões on-line ganharam força e se tornaram a opção mais viável durante a pandemia. Quem nunca havia aberto qualquer plataforma de reunião online precisou aprender em poucos dias para se adaptar à nova realidade.

Para se ter uma ideia, nos primeiros meses, o Google Meet registrou um crescimento de 60% no uso diário. Em abril de 2020, dois meses do início da pandemia, a utilização do Meet estava 25 vezes maior que em janeiro.

Inclusive, as plataformas de reunião saíram do ambiente corporativo e se tornaram também objeto para qualquer outro tipo de encontro, como entrevistas em canais de TV, audiências na Justiça e até mesmo festas. Durante a pandemia, muitas pessoas fizeram o chamado happy hour virtual, comemoraram aniversários, rezaram missas e fizeram casamentos, tudo online.

Além disso, bares e restaurantes também se adaptaram ao “home office”, inclusive aqueles que nunca haviam trabalhado com delivery, e passaram a oferecer alternativas de entrega para continuar atendendo aos clientes. Segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), em 2021, as vendas por delivery no setor de alimentos movimentaram aproximadamente R$ 35 bilhões.

Delivery - Aliás, a sociedade nunca utilizou o delivery como na pandemia. O que era utilizado apenas para lanches, se tornou ferramenta para compra de itens essenciais. Uma publicação do Sebrae, em abril de 2020, aponta crescimento de 16% nas vendas on-line em supermercados e  27% em sites de saúde (como alimentos naturais, vitaminas e higiene). Além disso, a mesma publicação aponta que a visita a páginas de utensílios domésticos teve um aumento de 33%.

As plataformas de marketplace também tiveram crescimento exponencial durante a pandemia. Em 2021, a Shopee, plataforma de comércio eletrônico que conecta vendedores, marcas e consumidores, registrou um aumento de 600% no número de vendedores locais brasileiros registrados no marketplace.

Saúde - Por fim, a saúde também não escapou do mundo virtual. Uma pesquisa do Comitê Gestor da internet (CGI.Br), divulgada em 2022, mostrou que a busca por serviços de saúde e as transações financeiras foram as duas práticas mais populares entre os internautas no Brasil.
 
O estudo “Painel TIC Covid-19 - 4ª edição” mostrou que 77% dos entrevistados relataram ter buscado informações sobre consultas, procedimentos e outros serviços de saúde. Conforme o levantamento, 53% dos consultados afirmaram ter feito algum tipo de procedimento pela internet em serviços de saúde pública, como marcação de consultas e outros serviços do Sistema Único de Saúde.

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