'Máquinas Mortais' tem pior roteiro pós-apocalíptico já escrito

Publicado em 10/01/2019, às 11h20
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Iva Finotti / Folhapress

"Máquinas Mortais" parte de uma ideia divertida e original: num futuro pós-apocalíptico (ok, nada de criativo aqui), as pessoas moram em monstruosas metrópoles móveis, sobre rodas, como se fossem monstruosos tanques que singram a paisagem devastada em busca de cidades menores para devorá-las.

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O butim, de metal e mantimentos, permite que as maiores cidades se mantenham, à custa das pequenas, numa espécie de darwinismo municipal.

A ideia é do autor e ilustrador infantil inglês Philip Reeve, que se aventurou na ficção científica entre 2001 e 2006 e lançou quatro livros com o conceito das "cidades-tração".

A tetralogia foi publicada no Brasil pela editora Novo Século há alguns anos e, agora, a Harper Collins relança o primeiro volume (320 págs. R$ 44,90). A editora publicará o segundo título neste semestre.

Os efeitos especiais da equipe do produtor Peter Jackson ("O Senhor dos Anéis" e "King Kong") são legais, com muita maquinaria, roldanas, engrenagens e ferrugem. As megacidades de metal, como Londres, enchem a tela com suas entranhas de fornalha.

E aqui, infelizmente, acabam os elogios para "Máquinas Mortais".

Todo o resto do filme é muito ruim, mas o roteiro é um lixo indescritível. Acumula clichês, copiando sacadas de "Guerra nas Estrelas", "Mad Max" e videogames como "Fallout".

Não há nada que salve a história contada em "Máquinas Mortais". Garota órfã é criada por pária e ressurge para vingar a mãe assassinada. No meio do caminho, se apaixona pelo jovem altruísta e bem-intencionado. Ambos se unem na luta contra o mal que assola a humanidade.

O que será que vai acontecer? Conseguirá o casal interromper milênios de injustiça social? O final é tão patético que dá vontade de vomitar.

É porque esperava-se um mínimo de inteligência. Mas não: as únicas pessoas que podem aproveitar algo desta obra são crianças e adolescentes que nunca viram um filme desse tipo.

A culpa é de Peter Jackson de novo -ele assina o roteiro com outros dois. Dando uma olhada na bilheterias americanas, comprova-se o fracasso: com custo de US$ 110 milhões (R$ 370 milhões), faturou US$ 16 milhões por lá em três semanas.

A direção de Christian Rivers é insossa. Segue a linha blockbuster básico, sem acrescentar ou envergonhar mais o gênero. Os atores também não pesam. O casal protagonista, Hera Hilmer e Robert Sheeran, poderia estar em qualquer seriado de segunda, mas outros jovens do elenco, como Ronan Raftery, causam constrangimento de tão péssimos. Hugo Weaving salva o vilão.

Resumindo, o filme tinha o mais difícil: uma boa ideia. Mas a história que se segue é tão mal feita e construída que arruína qualquer possibilidade de divertimento.

MÁQUINAS MORTAIS (MORTAL ENGINES)

Avaliação ruim

Classificação 14 anos

Elenco Hera Hilmer, Robert Sheeran, Hugo Weaving

Produção Nova Zelândia, Estados Unidos, 2018

Direção Christian Rivers

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