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No início da década de 1990, Luiz Antonio Cury Galebe anunciava na TV as melhores promoções da Lojas Americanas, que passa por recuperação judicial. As publicidades traziam o tom descontraído da antiga Shop Tour, um programa de vendas televisivo idealizado pelo próprio Galebe.
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Como era a propaganda?
Geralmente, ela durava cerca de um minuto
Galebe passeava pelas prateleiras das lojas mostrando as ofertas e conversando com os vendedores.
Às vezes, recebia participações especiais, como o grupo Mamonas Assassinas, que lançava o álbum homônimo em 1995, ou a apresentadora Eliana, que promovia a boneca Debby Eliana, no Natal de 1996.
A trajetória do garoto-propaganda
A história de Galebe com a varejista começou pouco tempo depois dele lançar o Shop Tour, no final da década de 1980. Galebe disse que foi inspirado pela própria televisão dos Estados Unidos, mas que, para trazer o formato ao Brasil, precisava buscar "uma ginga diferente".
"Quando eu consegui fazer o que eu queria, eu levei para duas ou três produtoras e elas deram risada da minha cara. Falaram: 'você acha mesmo que alguém vai ficar olhando isso aí por uma hora?'. Aí eu falei: 'lógico que eu acho! Olha que transado que é a loja apresentada por mim, com o lojista, a gente fazendo tudo à vontade?"
A atração, então, ganhou espaço na Rede Record, ganhando um espaço de uma hora na madrugada da emissora. No entanto, a expansão começou anos depois, atingindo canais como Rede Manchete, Rede Bandeirantes e o Canal 21. "Eu vendi de tênis à anestesia", relatou Galebe.
Após o sucesso do formato, foi a vez da Lojas Americanas procurar pelo apresentador e tentar inovar nas vendas. "Quando me convidaram para fazer Lojas Americanas eu falei: 'Não vou fazer'. E eu era cabeçudo pra caramba. Acabei indo lá conversar e eles falaram: 'A gente não quer copiar você, a gente quer fazer exatamente o que você faz, com você. Então fiz seis anos de Lojas Americanas. Foi uma delícia. Fiz a empresa vender pra caramba."
O pós-Americanas
No início dos anos 2000, por sua vez, a parceria se encerrou e uma polêmica envolvendo o nome de Galebe veio à tona.
A ex-mulher, Maria Cristina Rodrigues dos Santos, sócia minoritária do Shop Tour, entrou na Justiça para reclamar os direitos pela participação na empresa. Segundo ela, não houve pagamento de nenhum valor pelo fim do vínculo societário. A briga entre os dois teve uma série de troca de acusações e movimentações no Tribunal, que impulsionou, mais tarde, na decisão dele de vender a própria empresa.
As negociações ocorreram em 2011, um ano após Galebe ser diagnosticado com leucemia. "A empresa já estava para baixo, cheia de briga judicial. Eu tive uma ex-sócia [Maria Cristina] terrível e atrapalhou a minha vida pra caramba", disse ele ao podcast.
A compradora da Shop Tour foi a Rede Novo Tempo, grupo de comunicação da Igreja Adventista do Sétimo Dia. "Até fiquei chateado no início, mas eu fiquei feliz com o que fizeram." Após selar o contrato, Galebe decidiu mudar-se com a família para os Estados Unidos.
No novo país, o apresentador começou um novo negócio, o Laser King, um empreendimento especializado em remoção de ferrugem e sujeira pesada a laser. "Quando pedi para Deus me curar, pedi para curar tudo. Os melhores anos da minha vida foram nos Estados Unidos. Via os meus filhos todos os dias, convivi, cresci com eles. Mas amo o Brasil, tenho funcionários no Brasil que adoro, os antigos funcionários do Shop Tour são amigos até hoje."
Fã do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, quem ele classifica como o "melhor presidente do Brasil", e crítico às leis trabalhistas, Galebe afirmou que a política tem influência sobre os planos dele de retorno ao país. "Se o Bolsonaro não for reeleito, eu já estou aqui, não volto", disse ele durante a entrevista, realizada antes das eleições presidenciais.
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