Hipertensão, diabetes e depressão influenciam disfunção erétil, diz estudo

Publicado em 14/08/2023, às 15h12
Foto: Reprodução -

FolhaPress

Um estudo brasileiro com dados de 44.395 exames de rotina masculinos apontou que a hipertensão é o fator mais fortemente associado à disfunção erétil (DE), seguida de diabetes, problemas urinários, depressão e idade.

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Foram analisados os testes laboratoriais e o perfil clínico e comportamental de 2.436 homens com 60 anos ou mais que participaram da triagem de saúde entre janeiro de 2008 e dezembro de 2018 no Hospital Israelita Albert Einstein.

A pesquisa demonstrou que brasileiros com a chamada impotência masculina são prevalentemente mais velhos, inativos fisicamente e com índice de massa corporal mais alto, já em sobrepeso. Os resultados foram publicados no segundo trimestre de 2023 na revista internacional DovePress e apontam a prevenção em saúde masculina como a principal ferramenta de controle do problema.

De acordo com um dos autores do estudo, Rafael Mathias Pitta, o estudo comprova que hábitos modificáveis são cada vez mais associados a reduções no risco de diversas doenças, podendo ser trabalhados como tratamentos não medicamentosos.

"Estamos acostumados com o modelo de tratamento de doenças, sendo que o mais efetivo, menos custoso e mais benéfico para a saúde seria a prevenção. Acreditamos que nossos dados podem colaborar para a mudança da mentalidade da população em geral [nesse sentido]", afirma.

Profissional de educação física e pesquisador do Albert Einstein na área de Ciências do Envelhecimento, Pitta diz que ficou surpreso com o fato da atividade física não ter aparecido como fator de menor risco para a disfunção erétil neste levantamento. Contudo, reforçou que estar em movimento é essencial para o contexto de qualidade de vida e redução de peso e comorbidades que levam ao problema.

"A atividade física interfere positivamente nas demais variáveis associadas ao desenvolvimento da disfunção erétil, tais como: diminuir sintomas depressivos, melhorar saúde cardiovascular, respostas glicêmicas e de sensibilidade à insulina e atenuar efeitos adversos urinários", diz o autor.

Segundo Pitta, essa movimentação também ajuda na ereção, pois melhora a alimentação de oxigênio no pênis, aumentando no sangue a disponibilidade de óxido nítrico, que é um vasodilatador.

"É importante destacar que a disfunção erétil é considerada a primeira manifestação clínica de desordem endotelial relacionada a problemas cardiovasculares. A atenuação e a prevenção dessas complicações podem ser feitas com mudanças do estilo de vida", pondera.

Iniciar uma atividade física leve (caminhadas curtas, trocar elevadores por escadas, entre outras), diminuir consumo de álcool e tabagismo, melhorar qualidade do sono e encontrar atividades que diminuam o estresse diário são alguns dos tópicos de mudança possíveis.

"No contexto de saúde pública, reforçamos a importância da democratização da atividade física. Enquanto ainda discutirmos atividade física no modelo elitista, somente dentro de academias e locais excludentes, essa ferramenta jamais poderá ser considerada algo útil para a população como um todo", diz o pesquisador.

Além de políticas públicas que incluam programas de estímulo à atividade física, o pesquisador orienta difundir mais a ideia de que o acúmulo diário de movimento na rotina de um indivíduo já traz benefícios e melhorias para a saúde.

"Estratégias simples, como subir 3 andares de escada, equivalem ao gasto energético de 10 minutos de uma caminhada. Fragmentar o movimento ao longo do dia pode ser útil para acumular 30 minutos de atividade física. E esse volume já se associa com redução no risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas, além de diminuir o risco de mortalidade por todas as causas", destaca.

Estudos de coortes internacionais têm demonstrado que a idade é um fator de risco no desenvolvimento de várias complicações na saúde da população e que as comorbidades agravam muito os quadros clínicos, sobretudo de homens, que tendem a cuidar menos da saúde.

Embora não esteja associada a risco de morte, a disfunção erétil, por fatores sociais e pessoais, pode afetar a saúde mental masculina e, em um ciclo, piorar ainda mais a saúde sexual do indivíduo.

Um levantamento feito por pesquisadores da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, e do Instituto de Pesquisa Urológica de Milão, na Itália, mostrou que "homens com várias comorbidades têm o mesmo risco de disfunção erétil que homens saudáveis 15 a 25 anos mais velhos."

O artigo, publicado em janeiro deste ano na revista European Urology Focus, destaca que a DE relatada por pacientes sem nenhuma comorbidade aumentou de 10% aos 40 anos de idade para 79%, aos 80 anos.

Foram avaliados dados de 17.250 pacientes com diagnóstico de câncer de próstata. O estudo apontou que a probabilidade de indivíduos saudáveis de 50 anos e de 75 anos terem DE foi de 20% e 68%, respectivamente. Contudo, em homens dessas mesmas idade com hipertensão, obesidade e diabetes, isso saltou para 41% e 85%.
 

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