Genética feminina pode reduzir ação dos anticoncepcionais, alerta estudo

Publicado em 13/03/2019, às 22h31
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Algumas mulheres já ficaram grávidas mesmo quando utilizando algum método anticoncepcional. Para muitos médicos, esse resultado está associado a uma falha da mulher em usá-los adequadamente. No entanto, pesquisadores descobriram que a composição genética dessas mulheres pode diminuir a eficácia dos anticoncepcionais hormonais. Isso porque um gene específico pode interferir nos níveis dos hormônios protetores, reduzindo a sua concentração no organismo, o que facilitaria uma gravidez indesejada.

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De acordo com o estudo, publicado na revista Obstetrics and Gynecology, a presença desta variante genética pode promover uma queda hormonal de, em média, 23%. Especialistas indicam os níveis encontrados nas mulheres com esse gene estão abaixo do necessário para impedir o funcionamento normal do sistema reprodutor feminino. “Nós, como profissionais de saúde, sempre assumimos [que se] uma mulher diz ‘engravidei, mas estava usando anticoncepcional’, é porque ela deve ter feito algo errado. E esse talvez não seja o caso”, disse Aaron Lazorwitz, principal autor do estudo, ao The Guardian. 

Baixos níveis de hormônio
Os anticoncepcionais hormonais – pílulas implantes cutâneos ou dispositivos intrauterinos (DIU), por exemplo – funcionam através de um mecanismo de liberação de hormônios capazes de impedir que os óvulos sejam liberados dos ovários, além de  promover outras alterações no organismo capazes de impedir uma gravidez. No entanto, cientistas da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, descobriram que a presença do gene CYP3A7 * 1C – encontrado em 5% da população – pode interferir nesse processo. Pesquisa anterior mostrou que esse gene também está associado avanço de alguns tipos de leucemia e ao aumento da mortalidade por câncer de mama e por câncer de pulmão.

Para o novo estudo, a equipe recrutou 350 mulheres (a maioria entre 20 e 30 anos), que usavam implantes contraceptivos baseado em etonogestrel durante 25,7 meses, em média. Esse tipo de método é colocado sob a pele do braço da mulher, sendo uma opção de longo prazo que libera baixas doses de hormônio constantemente para inibir a liberação de óvulos.

Para medir os níveis hormonais, os pesquisadores recolheram amostrar de sangue para verificar a concentração de etonogestrel de cada participante, além de realizar testes no DNA para confirmar a presença de variantes genéticas específicas que poderiam afetar o metabolismo de hormônios. 

Os resultados mostraram que, entre as participantes, 5% carregavam a variante CYP3A7 * 1C; desta porcentagem, 28% apresentaram concentrações sanguíneas de etonogestrel abaixo de 90 picogramas por mililitro (pg/ml) – valor limite para uma concentração hormonal capaz de manter o bom funcionamento desse implante, que é considerado um dos mais eficientes métodos anticoncepcionais. “Essa variante produzir uma enzima que parece quebrar os hormônios esteroides”, comentou Lazorwitz à CNN.

Alertas
Embora haja uma relação genética, os especialistas ressaltaram que não há motivos para alarme nem há necessidade de realizar testes genéticos para verificar a presença desse gene. “Apesar do que descobrimos, ainda sabemos que implante subcutâneos e os sistemas intrauterinos de liberação de hormônios ainda são os melhores métodos de controle de natalidade”, salientou Lazorwitz ao The Guardian. Entretanto, eles mencionaram que os resultados merecem maior investigação, especialmente no caso de mulheres que utilizam a pílula já que as progestinas utilizadas têm níveis mais baixos do que os utilizados nos implantes. 

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