FITO: Homem e máquina "dançam" às margens da Lagoa Mundaú; veja vídeo

A cena causou espanto e chamou a atenção de moradores, e de quem passava pelo Dique Estrada, na orla lagunar do Vergel do Lago. Uma retroescavadeira e um homem, ao som suave de uma música clássica. A interação homem e máquina adquiriu outro significado na tarde desta terça-feira, 22.

O espetáculo Transporte Excepcional, da Companhia Beau Geste, interpretado pelo bailarino francês Philippe Priasso, foi realizado no Campo do Bangu, em meio aos barracos da comunidade Sururu de Capote.

Essa foi uma prévia do que será o Festival Internacional de Teatro de Objetos (FITO), em Maceió. De acordo com Lina Rosa, diretora do festival, essa foi uma forma de interagir com a comunidade e divulgar o festival.

"A intervenção veio para a comunidade para provar que, até um objeto que já trouxe tristeza para essa comunidade, pode se transformar em arte e trazer felicidade", disse Lina Rosa se referindo à reação dos moradores da região ao verem a máquina chegando. “Eles ficaram assustados, pois pensaram que ira haver alguma demolição”.

Para o bailarino Philippe Priasso, cada apresentação da coreografia é um momento especial. “A coreografia não muda, mas em cada lugar em que executamos o espetáculo traz uma nova possibilidade de interpretação e as pessoas conseguem compreender”, disse.

O público

Foi uma tarde diferente para aqueles que estão acostumados com a violência, o abandono e o trabalho com o sururu. Para muitos que moram na comunidade, essa foi a primeira experiência com o ballet.

Carina Silva, 21 anos, parou com trato do sururu e assistiu ao espetáculo com curiosidade e espanto. Para ela que nunca foi a um teatro, a experiência foi emocionante. “Gostei muito, nunca tinha visto uma ‘coisa’ tão bonita como essa”- disse.

Após o espetáculo houve uma batucada, com o projeto Batuque Mundaú e o projeto Consultório, na Rua e Borboletas Mundaú, que reúnem as crianças da comunidade.

*Estagiário sob supervisão da editoria