Redação TNH1
Enquanto tenta se reorganizar em campo após o início ruim na Copa do Nordeste e Campeonato Alagoano, o CSA vive novos capítulos de mais uma turbulência política no clube. A notícia de que o novo Centro de Treinamento, que ainda segue em obras e não foi entregue, foi penhorado, repercutiu intensamente nessa terça-feira, 22.
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A informação da penhora publicada pelo comentarista Marlon Araújo, do Pajuçara Futebol Clube. Pelas redes sociais, o CSA emitiu uma nota oficial para "detalhar questões envolvendo a ação de execução por quantia certa com base em título extrajudicial, ajuizada pela Sicredi, em virtude de empréstimo contraído em 08.11.2022, durante o mandato do ex-presidente do clube, Omar Coelho de Mello, no valor de R$ 1.614.281,09".
A nota divulgada pelo clube, que tem no atual comando executivo o presidente Rafael Tenório, pondera alguns tópicos sobre o empréstimo feito no final do ano passado. Leia abaixo:
"Na época, o ex-presidente do CSA, Omar Coelho, exarou o Ofício 0008, na data de 23.11.2022, confirmando a celebração do Empréstimo junto à SICREDI, no valor de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais), para pagamentos de compromissos do Clube, sob a alegação de que não comprometeria o patrimônio da Instituição.
Em 02.12.2022, menos de um mês após a celebração do contrato, toda a Diretoria renunciou. Todas essas informações terminam por conduzir às seguintes conclusões:
Ainda assim, resta demonstrada a boa-fé do CSA, por meio do Conselho Deliberativo do Clube, ao solicitar informações (14.11.2022) e convocar reunião extraordinária (realizada em 23.11.2022), diante dos rumores do contrato de empréstimo, embora, infelizmente, não tenha havido tempo hábil para impedir a celebração do negócio jurídico. Vale reforçar que todas as questões que envolverem o Centro Sportivo Alagoano serão tratadas com muita responsabilidade, diligência e respeito, judicial ou extrajudicialmente, com o escopo de zelar, de recuperar e de lhe devolver a dignidade, a honra e a glória sobretudo do seu futebol, atividade-fim e razão de existir desse Clube centenário, que compõe o patrimônio esportivo e cultural do Estado de Alagoas", diz a nota do CSA.
Cristiano Beltrão, Rafael Tenório e Miriam Monte (Foto: Morgana Oliveira / CSA) |
Logo após a publicação da nota azulina, o ex-presidente Omar Coêlho também foi às redes sociais para se defender. O que deu início à troca de publicações entre ele e Rafael Tenório no Instagram. Um torcedor pediu que ambos parassem com a discussão virtual.
"Senhores! Desculpa me intrometer, mas venho aqui pedir encarecidamente que não exponham o clube dessa forma, que resolvam suas diferenças, cada um apresentando seus docs (sic) e argumentos no local adequado e de uma maneira que não exponha o clube de forma negativa. Grato!", postou um torcedor azulino.
O outro lado - Omar já havia informado que tinha dado como garantia de pagamento, à época em que solicitou o empréstimo à frente do clube, uma quantia que seria arrecadada pelo CSA em um patrocínio fechado com uma casa de apostas. Segundo Omar, o valor do patrocínio, inclusive, era maior que o do empréstimo.
O ex-presidente azulino também criticou o que chamou de "técnica de terror financeiro". Para rebater suposta crise financeira em outros períodos, Omar apresentou dados que, segundo ele, mostram que o CSA teria recebido cerca de R$ 154 milhões em faturamento entre os anos de 2018 e 2021, período em que o clube era dirigido por Tenório e o próprio Omar era vice-presidente. Teriam sido arrecadados pelo clube, segundo Omar, R$ 19,6 milhões em 2018, ano do acesso à Série A; R$ 64,3 milhões em 2019, ano que jogou a Série A; R$ 46 milhões em 2020, quando disputou novamente a Série B; e R$ 24,2 milhões em 2021, terceira temporada na Série B.
Vale ressaltar que os números divulgados nas redes sociais do ex-presidente marujo não detalham as origens das receitas e também não são apontados como lucro, já que eventuais despesas não foram reveladas no balanço citado.
Omar Coêlho (Foto: Morgana Oliveira / CSA)
"Quero agradecer ao @csaoficial a oportunidade de poder me defender, aliás, defender minha gestão, depois de um ano de ataques, que começaram ainda quando cuidávamos da Base, em 2019, até seu fechamento pelo presidente, e durante todo o ano de 2022, levando o nosso clube de coração à Série C. O patrimônio do CSA não estaria penhorado se eles (atual gestão) tivessem pago ou conversado com a direção da SICREDI, que fez de tudo para evitar, mas a sanha de perseguir, sequer os receberam. Os gestores e diretores não têm isenção de julgar ninguém da nossa gestão, por suspeição", publicou.
Omar enviou à imprensa, ainda nesta quarta-feira, 22, um comunicado anunciando que renunciou ao cargo de conselheiro do CSA. Leia na íntegra:
"Diante da nota oficial, publicada ontem, 21/03/2023, no Instagram do Clube e necessitando defender-se judicialmente, bem como a proposição de ações para preservação dos atos da nossa gestão, em respeito ao Estatuto da OAB e a legislação processual, venho renunciar ao cargo de Conselheiro, mas também solicito, na condição de ex-presidente, que nos seja marcado um dia para uma reunião do Conselho para a apresentação do relatório de toda gestão 2022, baseada em farta documentação, pondo fim a essas suposições criminosas que vêm sendo levadas ao conhecimento da imprensa e do povo em geral, maculando a imagem de homens de bem. São princípios basilares do direito brasileiro o direito à defesa e ao contraditório, que foram nos negado até agora, pelos dirigentes que são suspeitos para comandarem qualquer apuração contra a gestão passada, como é fato público e notório, pelas manifestações nas redes sociais e na imprensa local. Nestes termos, espera provimento, quanto ao segundo pedido, haja vista que o primeiro é ato unilateral de vontade".
Cota da Copa do Brasil - Após vencer o Brusque por 1 a 0 no dia 16 de março e avançar à Terceira Fase da Copa do Brasil, o CSA garantiu mais R$ 2 milhões e 100 mil pela cota de classificação junto à Confederação Brasileira de Futebol. Mas um dia depois, a pedido da instituição financeira, a Justiça determinou que parte do valor fosse depositado em juízo pela CBF.
Segundo informações do processo, um ofício de urgência foi expedido à Confederação para que o valor de R$ 230.262,37, referente à premiação, fosse depositado em conta judicial remunerada à disposição da 1ª Vara Cível da Comarca de Maceió.
O processo tramita na 1ª Vara Cível da Capital, sob ação do juiz Pedro Ivens Simões de França, no Tribunal de Justiça de Alagoas.
A reportagem procurou a assessoria de comunicação do CSA para saber se o clube vai se posicionar sobre os seguintes pontos: 1) O CSA confirma se parte da cota da Copa do Brasil ficou retida? 2) O clube vai se manifestar sobre os valores referentes ao período de 2018 a 2021, citados pelo ex-presidente? 3) O que está sendo feito ou será feito sobre a penhora do novo CT neste processo?
A assessoria azulina ficou de se manifestar sobre os questionamentos. A reportagem será atualizada assim que houver a resposta do clube.
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