Redação
A morte de Cleriston Pereira da Cunha, um dos presos dos acontecimentos de 8 de janeiro em Brasília, ocorrida nesta segunda-feira (20), dentro do presídio da Papuda, continua a gerar polêmica.
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Cleriston tinha problemas de saúde, comprovados por vários exames médicos, mas não recebeu do Supremo Tribunal Federal – que determinou sua prisão e o tinha sob custódia – o mesmo tratamento dispensado a figuras carimbadas da política, como questiona o jornalista Felipe Moura Brasil:
“Por alegados motivos de saúde, políticos condenados por crimes de colarinho branco, como Paulo Maluf e Jorge Picciani, e assessor denunciado, como Fabrício Queiroz, tiveram pedidos de prisão domiciliar aceitos por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), enquanto um pedido feito em 27 de fevereiro em favor de Cleriston Pereira da Cunha não chegou a ser analisado por Alexandre de Moraes (foto) antes da morte do réu do 08/01 no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, na segunda-feira, 20 de novembro.
A solicitação feita pelo advogado Bruno Azevedo de Sousa – ainda reforçada em maio com alerta sobre ‘sentença de morte’ – ficou engavetada por quase nove meses, período muito superior ao tempo transcorrido desde as solicitações…
– de Antônio Carlos de Almeida, o Kakay, e Ricardo Tosto, advogados de Maluf; – de Nélio Machado, advogado de Picciani; – e de Paulo Emílio Catta Preta, advogado de Queiroz…
…até as decisões de Dias Toffoli nos dois primeiros casos e de Gilmar Mendes, no terceiro: em todos os três, diga-se, apesar da posição contrária de outros juízes.
A diferença de tratamento do STF a advogados de políticos acusados de corrupção e lavagem de dinheiro e de invasores dos prédios dos Três Poderes também salta aos olhos: Kakay é o defensor de dezenas de alvos da Lava Jato que, em 2019, apareceu em foto nos corredores do Supremo vestindo bermuda. Já os defensores dos réus do 8/1 foram proibidos de fazer até manifestação oral no STF, após um deles, Sebastião Coelho, ter dito que os ministros da Corte são as pessoas mais odiadas do país.
Fica, portanto, a seguinte pergunta:
Após pedido de prisão domiciliar por motivos de saúde, o STF teria deixado preso por quase nove meses um político defendido por advogado alinhado à ala ‘garantista’ da Corte, ou um ex-assessor de um filho de um presidente da República, tal como deixou o réu Cleriston Pereira da Cunha até o dia da sua morte?”
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