Universa/UOL
"É duro você ser abandonada depois de estar do lado da pessoa em todas as horas", disse a atriz Carla Diaz, aos prantos após a formação do paredão do Big Brother Brasil na noite do último domingo (7). A atriz entrou na berlinda por indicação do líder da semana, o cantor sertanejo Rodolffo. A situação podia ter sido evitada: o instrutor de crossfit Arthur, com quem Carla mantêm um relacionamento na casa, era o anjo da semana, mas preferiu imunizar o amigo Projota. Rodolffo, inclusive, usou essa situação para questionar a índole de Carla: "se ela fosse leal ao cara que ela está ficando aqui dentro da casa, ele não pensaria duas vezes em dar esse cordão pra ela".
LEIA TAMBÉM
Hummm, será? As atitudes de Arthur, Carla e Rodolffo foram rapidamente questionadas pelos telespectadores nas redes sociais. Para muitos, o crossfiteiro dá sinais de ser um parceiro abusivo. A hipótese só aumentou depois de a atriz afirmar, na noite de segunda-feira (8) que Arthur era sua "maior decepção e maior saudade". Universa ouviu duas psicólogas para entender se há algo de tóxico na relação dos dois.
Para a feminista e psicanalista Manuela Xavier, Arthur faz pressão psicológica na companheira para que ela se sinta responsável por ele. "Ele acha que Carla é responsável por protegê-lo, por não frustrá-lo", comenta. Não foram poucos os momentos em que a sister saiu em defesa do companheiro na tentativa de limpar a imagem do atleta com o resto dos participantes da casa.
"Desde que ela se envolveu com ele, gasta muito tempo com o relacionamento. A gente vê ela trabalhar muito na tentativa de defendê-lo, de mostrar para as outras pessoas que ele é legal. 'Ele tem esse jeito marrento, mas ele é bacana', ela fica em um movimento de humanizá-lo para as pessoas. Um movimento que ele não faz questão de fazer", reforça a psicóloga.
Para Vanessa Tadeu de Paiva, advogada e terapeuta especialista em soluções de conflitos de Violência Doméstica e Direito da Mulher, o envolvimento do casal não é saudável para Carla Diaz, e a pressão que Arthur faz na companheira pode evoluir para coisas mais graves como gaslighting, uma forma de abuso psicológico em que a vítima passa a questionar a veracidade e sensatez das próprias ações.
Carla Diaz se sente responsável por Arthur
Com a cobrança e a pressão do brother sobre a companheira, que não defendeu a sister das críticas feitas por Rodolffo, Carla está sempre tentando limpar a imagem de Arthur e isso prejudica a performance e o desempenho dela no jogo.
"Ela parou de jogar, ela passa muito tempo sendo responsável por ele, tentando limpar a imagem dele. É muito desgastante. Arthur faz uma pressão em Carla Diaz, em que ela se sente hiper responsabilizada pelo que acontece com ele", comenta Manu Xavier, que descreve o comportamento de Arthur como abusivo.
Para Vanessa, o abuso não está só no que Arthur fala ou diz para Carla, como também no silêncio dele diante das críticas à sister. "Ele não a defendeu, ele não se posicionou quando a criticaram e o não posicionamento de um homem diante de alguém que está atacando uma pessoa com quem ele tem um relacionamento também é uma maneira de violência", definiu a advogada.
"A violência psicológica acontece de maneira sútil e simples. É uma violência perigosa, pois a maioria das vítimas não percebem", continua Vanessa.
Carla é a nova Marcela?
Para Manu Xavier, há semelhanças entre o comportamento de Carla Diaz com o que aconteceu na edição passada com a sister Marcela Gowan. "Parece o que a Marcela viveu no ano passado. A diferença é que a Marcela chegou com um protagonismo maior do que o da Carla. Ensinando feminismo, defendendo as pautas dela. Quando ela se envolveu com o Daniel, a gente viu que ela se apagou", comenta a psicanalista, que completa: "essa é a realidade de milhares de mulheres. Estamos sempre carregando os homens nas costas, porque estamos sempre lidando com as questões emocionais deles."
Manu relembra que essa sobrecarga emocional é naturalizada em nossa sociedade: "Não é normal você se sentir trabalhando o tempo inteiro, entendendo o outro, fazendo pelo outro, defendendo o outro. A mulher não se dá conta de quando está trabalhando demais, porque somos acostumadas a jornadas exaustivas de trabalho, romantizadas como amor."
Repetição da pressão psicológica caracteriza o gaslighting
De acordo com Vanessa, a pressão psicológica de Arthur contra Carla Diaz pode resultar em episódios de gaslighting. "Nas primeiras vezes que uma mulher passa por um abuso, ela ainda tem força de rebater. Mas, com o passar do tempo, ela vai sendo desgastada pela repetição e essa repetição pode vir a gerar uma dúvida: 'será que eu estou errada? Nossa, será que eu sou uma pessoa ruim, desleal?'."
Vanessa comenta que, com o tempo, essas mulheres começam a perder a força, vão perdendo o amor-próprio, até perder a identidade. "Algumas das minhas pacientes não sabem nem mais quem elas são. Estão totalmente destruídas, elas se submetem a qualquer pessoa, a serem maltratadas, ignoradas, terem seus direitos desrespeitados. E por que elas fazem isso? Para serem aceitas", resume.
Para Manu Xavier, conscientizar-se do abuso e conversar com terceiros sobre o relacionamento é o primeiro passo para sair dessa situação. "Se você sentir que, depois que você começou a sair com uma pessoa está tendo mais trabalho, corra. Esse cara está sugando a sua energia. Se você se sente o tempo todo culpada, responsável por ele, isso também é uma cilada. Para sair desse tipo de relacionamento, é preciso quebrar o silêncio", disse.
Vanessa também cita a terapia como método para se desvencilhar desse tipo de relacionamento. "A violência começa quando a mulher acha que o homem é superior a ela, como se ele soubesse mais. Ela fica muito vulnerável. Somente com tratamento para ela entender o que aconteceu", conclui.
Os fãs do programa aguardam uma reviravolta no reality porque Carla Diaz deve ser a escolhida para "o paredão falso" dessa semana. Com isso, ela passaria um tempo afastada da casa, assistindo ao programa 24 horas por dia - o que permitiria que ela entendesse o comportamento abusivo do parceiro. O que nos resta, agora, é esperar.
LEIA MAIS