UFPE
Nos procedimentos cirúrgicos em que é necessária a extração da unha, é indispensável recobrir o leito ungueal exposto, por ter uma pele muito fina, sensível e vulnerável. No entanto, em muitos casos, os altos custos do material até então indicado para a intervenção torna a opção inviável. Foi pensando em alternativas de curativo após a avulsão da unha que Marcia Helena de Oliveira pesquisou e apresentou, neste ano, ao Programa de Pós-Graduação em Cirurgia da UFPE, a tese “Curativo de celulose bacteriana aplicado sobre leito ungueal após exérese parcial ou total da lâmina ungueal”.
Na pesquisa, orientada pelo professor José Lamartine de Andrade Aguiar e coorientada pela professora Flávia Cristina Morone Pinto, do Departamento de Cirurgia da Universidade, a autora avaliou o uso da Celulose Bacteriana (CB) como curativo capaz de produzir uma cobertura ao leito parcial ou totalmente exposto. “O biopolímero é uma celulose sintetizada a partir da fermentação bacteriana no melaço de cana-de-açúcar. Portanto, como curativos biológicos produzidos à base de polímeros, tem a capacidade de envolver naturalmente o tecido lesado, promovendo a cicatrização e o controle de infecção”, afirma a pesquisadora.
Para a pesquisa, 26 pacientes foram atendidos e acompanhados no ambulatório de unha da Clínica Dermatológica do Hospital das Clínicas da UFPE, durante 180 dias. Os candidatos à avulsão ungueal foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos: um grupo controle, com 11 pessoas usando gaze vaselinada; e o segundo foi o grupo experimental, em que foi empregado o curativo de CB em 15 pacientes. De acordo com a tese, o grupo que usou o curativo da celulose bacteriana foi o que apresentou os melhores resultados, como menor intensidade de dor, resolução temporal mais precoce e a melhor aparência do leito ungueal em reepitelização.
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Com base nos resultados apresentados, a pesquisadora concluiu que o curativo de celulose bacteriana é uma alternativa promissora para cicatrização do leito ungueal. “O CB foi utilizado em forma de película multiperfurada, tendo como vantagem a autoadesividade e a possibilidade de várias lavagens diárias sem a necessidade de troca da bandagem”, pontua. Com o experimento aprovado, o resultado concreto da pesquisa foi o desenvolvimento de uma unha cirúrgica de biopolímero de cana-de-açúcar, com o propósito de produzir uma cobertura para o leito ungueal exposto após exérese da unha. A unha cirúrgica de biopolímero foi desenvolvida pela Polisa Biopolímeros para Saúde, startup incubada na UFRPE, e testada no Hospital das Clínicas da UFPE.
Ainda segundo o estudo, além de apresentar baixa toxidade, baixo custo de produção, alto poder de integração com os diferentes tecidos e biocompatibilidade, o curativo de celulose bacteriana por ser produzido a partir de matéria-prima de fonte renovável e biodegradável, produz menor impacto ambiental, sem agredir o meio ambiente, garantindo o desenvolvimento sustentável, possibilitando a manutenção dos recursos naturais e, consequentemente, beneficiando as futuras gerações.
HISTÓRICO | Durante a evolução humana, a unidade ungueal, mais comumente conhecida como a unha, sofreu modificações para se adaptar às condições ambientais, tornando-se fundamental para o desempenho das mãos e dos pés, deixando de ser uma estrutura do tipo garra e adquirindo uma estrutura mais refinada. Surgiram importantes novas funções como proteção da ponta do dedo contra impactos, auxílio ao segurar pequenos objetos, colaboração com a sensibilidade fina de toque e vibração, tendo atualmente importante papel na saúde e estética das mãos e pés.
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