Redação
Caminhar pelas ruas do histórico bairro de Fernão Velho é como fazer uma viagem ao tempo. Antiga vila operária, hoje o local apenas guarda lembranças da vida cultural e social agitada que um dia já viveu. Foi em busca de traços visuais dessa memória que estudantes do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) produziram imagens que compõem a exposição fotográfica “Fernão Velho, tons do tempo” aberta para visitação a partir do dia 1º, no hall da Biblioteca Central da Ufal. Com curadoria da professora Janayna Ávila, a mostra pode ser visitada até 20 de setembro
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As 16 fotografias que integram a mostra foram feitas, em sua maioria, por câmeras de dispositivos móveis e retratam a vida calma e tranquila do bairro margeado pela lagoa Mundaú e que tem a fábrica Carmen, uma das maiores indústrias têxteis do Nordeste, como a principal referência histórica. A exposição é resultado de um trabalho de campo realizado no ano passado, na disciplina Comunicação e Cultura Visual, ministrada pela professora Janayna Ávila.
Fotografia de Maurício Manoel
“As imagens da fábrica abandonada, as mais presentes nessa seleção, colam na retina, se lançam como uma passagem para tempos distantes. É assim também com a simplicidade sofisticada da casa rosa, em chão de terra batida e a porta verde entreaberta, ou no olhar distante de um antigo morador, fitando a rua em mais um dia tranquilo no bairro. Todos os instantes colhidos em Fernão Velho perpassam uma misteriosa dança da solidão”, diz o texto curatorial da exposição.
De uma simples janela azul à fachada da igreja matriz de São José Operário à sensibilidade e harmonia das cores, presentes nas fotografias, foram exploradas de diversas formas pelos 16 expositores da mostra. O estudante Mario Daniel, 42 anos, retratou um dos moradores do bairro. “Tive um pouco de dificuldade para fazer as minhas fotos porque percebi que os moradores estavam um pouco desconfortáveis ao me ver fotografá-los, mas para mim foi uma rica experiência pois me proporcionou levar à rua o que vimos em sala, além de me possibilitar exprimir o meu lado artístico”, conta.
Foi buscando explorar os encantos e os “detalhes arquitetônicos” presentes no bairro de Fernão Velho que o estudante Gildo Júnior, 22 anos, fez a sua fotografia que retrata, em um ângulo diferente, a antiga fábrica Carmen. “O lugar é maravilhoso, com construções que nos fazem viajar no tempo e despertam nossa curiosidade para aprender mais sobre a história da nossa cidade. Posso resumir dizendo que Fernão Velho é um pedacinho do interior de Alagoas, dentro de Maceió”, expressa.
FERNÃO VELHO
Situado entre a Mata Atlântica e a lagoa Mundaú, numa das regiões mais bonitas da cidade, o bairro de Fernão Velho nasceu de uma antiga vila operária da hoje extinta fábrica têxtil Carmen, a primeira de Alagoas. Fundada em 1857, produziu, durante cerca de 140 anos, tecidos que eram vendidos em todo o Brasil, fechando as portas no final dos anos 1990.
Da celebrada marca de 5 mil funcionários nos anos 1970, passando por uma atividade social e cultural agitada encerramento definitivo da produção, agravado por atritos com trabalhadores em luta por melhores condições salariais, o que ficou foi um bairro silencioso, pouco habitado, praticamente sem comércio – cenário raro na capital alagoana.
SERVIÇO
Exposição fotográfica: ‘Fernão Velho, tons do tempo’
Curadoria: Janayna Ávila
Período de visitação: 1 a 20 de setembro
Horário de visitação: 8h às 21h40 (segunda à sexta), e 8h às 14h (sábado)
Local: Hall da Biblioteca Central da Ufal
Aberto ao público
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