Redação
Inelegível por decisão judicial, o ex-presidente Jair Bolsonaro repetiu domingo, 25, na Avenida Paulista, centro de São Paulo, o que fizera durante a campanha eleitoral de 2022: reuniu milhares de simpatizantes, em nova grande manifestação popular.
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Avalia-se, desde então, se declarações suas durante o ato agravam ou não sua condição de indiciado em inquérito instaurado por determinação do Supremo Tribunal Federal por sua suposta influência na depredação do Palácio do Planalto e dos prédios do STF e do Congresso, em 8 de janeiro de 2023.
Mas uma coisa é inegável: o Brasil continua politicamente dividido, como explica a jornalista Eliane Cantanhêde, em “O Estado de São Paulo”:
“… O Brasil estava e continua dividido, logo, nada muda com a nova demonstração de força popular de Bolsonaro, que repetiu as grandes aglomerações de carreatas, motociatas e passeatas na própria Paulista. Por maiores que tenham sido, não refletiam a maioria da população, tanto que ele perdeu em 2022 e se tornou o primeiro presidente derrotado na disputa pela reeleição.
De toda forma, a forte adesão é um recado para o governo Lula, o PT e os antibolsonaristas em geral, de esquerda, centro e direita. Bolsonaro pode ser o que é, pode ter feito tudo o que fez de mal, antes, durante e depois da pandemia, mas o bolsonarismo paira sobre o País, preparando-se para inverter o prato da balança e voltar ao poder.
Isso aumenta a responsabilidade de Lula, que precisa fortalecer suas ações e melhorar seus resultados em áreas em que Bolsonaro foi uma tragédia, como ambiente, defesa dos povos originários, saúde, educação, política externa. Não basta ter ministros e gestores incomparavelmente melhores, Lula tem de mostrar os efeitos em fatos, números e declarações certas, na hora certa.
Bolsonaro chegou até onde chegou com palanques e grandes multidões País afora, mas também apoiado por uma máquina de discursos, realidades paralelas, desqualificação de adversários. Se Lula apresentar resultados expressivos, isso fica mais difícil. Com resultados que deixam a desejar, por exemplo, no desmatamento e nas terras Yanomami, Bolsonaro nada de costas.
O principal efeito do ato na Paulista – sem os cartazes e faixas golpistas – foi jogar luzes num fato real: apesar de tudo o que todos sabemos e com Bolsonaro candidato ou não, o Brasil continua dividido ao meio e o bolsonarismo está vivo. O centro? O gato comeu.”
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